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Em discurso a líderes, Macron diz que nacionalismo leva a guerras

12 nov 2019 - 19h11
(atualizado em 13/11/2019 às 05h17)
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Na abertura do Fórum da Paz, presidente francês afirma que sistema político global está à beira de uma "crise sem precedentes" e defende "cooperação equilibrada" entre nações para solucionar problemas atuais.O presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou nesta terça-feira (12/11) que o sistema político global está à beira de uma "crise sem precedentes" e pediu novas alianças para solucionar os problemas no mundo. O apelo foi feito em seu discurso na abertura da segunda edição do Fórum da Paz, em Paris.

Macron discursou na abertura do Fórum da Paz, em Paris
Macron discursou na abertura do Fórum da Paz, em Paris
Foto: DW / Deutsche Welle

Ao discursar para cerca de 30 chefes de Estado e de governo, Macron defendeu o multilateralismo e "uma cooperação equilibrada" entre as nações. Em uma aparente referência à política externa dos Estados Unidos, que não enviou representantes ao fórum, o presidente francês disse que a "tentação do unilateralismo" é "muito arriscada".

"Tentamos essa opção no passado. Ela leva à guerra. Nacionalismo é guerra", ressaltou Macron, acrescentando que "a não cooperação destrói tudo o que foi erguido nos últimos anos".

O tom do discurso do presidente francês foi marcado pela defesa e pela necessidade de reforçar os vínculos entre países. Ele lembrou ainda que os sistemas político e econômico globais construídos após o fim da Segunda Guerra Mundial trouxeram paz a algumas regiões e ajudaram a diminuir a pobreza.

Na sua intervenção, Macron frisou que a Europa, e os respectivos progressos, são um exemplo da importância e do peso da cooperação internacional, lembrando igualmente que, no passado, este mesmo continente também refletiu "o preço a pagar por uma não cooperação". Ele afirmou que desigualdades que surgiram entres povos e países levaram ao renascimento do nacionalismo e unilateralismo.

O presidente argumentou que o mundo precisa de mais cooperação para enfrentar os desafios atuais, como pobreza, guerra, crescimento da população e o declínio dos recursos naturais.

Macron, que na semana passada disse numa entrevista que a Otan se encontra num estado de "morte cerebral", afirmou que o Fórum da Paz pode ser uma plataforma para desenvolver "novas iniciativas" que complementem o trabalho já realizado por organizações internacionais no âmbito da cooperação.

O fórum foi uma iniciativa lançada pelo presidente francês no âmbito das celebrações do centenário do fim da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), e teve a sua primeira edição em novembro de 2018.

A sessão de abertura do evento também contou com a presença da presidente eleita da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que em seu discurso defendeu igualmente o multilateralismo e prometeu iniciar uma "verdadeira Comissão geopolítica" para "uma Europa mais voltada para o exterior".

"Sozinha, nenhuma pessoa consegue enfrentar [os desafios]. Apenas juntos podemos trabalhar pela paz e pela prosperidade", ressaltou Von der Leyen, acrescentando que o multilateralismo criou uma Europa "pacífica e unida" no pós-guerra.

O vice-presidente chinês, Qishan Wang, também se uniu ao apelo por uma cooperação global maior. "A disseminação do unilateralismo, protecionismo e populismo, além da tendência de substituir pensamento e ações racionais pelo derramamento de emoções, não ajudam a resolver os problemas", destacou.

Até quarta-feira, o Fórum da Paz, que foi lançado com o intuito de reforçar o multilateralismo no mundo, será palco de debates com a presença de várias personalidades, como o secretário-geral da ONU, António Guterres. As mudanças climáticas, as desigualdades sociais, a desinformação e a cibercriminalidade são alguns dos temas do evento este ano.

CN/lusa/afp/efe/ap

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