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Veja 5 desafios a serem enfrentados pela presidente reeleita

26 out 2014 - 20h33
(atualizado às 20h34)
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Nos próximos quatro anos, a presidente reeleita Dilma Rousseff mais uma vez terá que lidar com uma infinidade de problemas e desafios que o Brasil enfrenta, fazendo o possível para minimizá-los e resolvê-los. Ao longo da campanha eleitoral e, principalmente, no segundo turno, ela e o candidato pelo PSDB Aécio Neves debateram a respeito de diversos assuntos. O Terra, com a ajuda de cientistas políticos, elencou os cinco maiores desafios que o eleito terá que encarar. Assuntos das mais variadas áreas como inflação e crescimento econômico, corrupção, governabilidade, saúde e gestão de programas sociais tiveram um destaque especial durante toda caminhada eleitoral, e são eles os desafios do novo presidente.

<p>Inflação exigirá controle rígido pelo presidente da República eleito</p>
Inflação exigirá controle rígido pelo presidente da República eleito
Foto: Ueslei Marcelino / Reuters
Inflação e crescimento econômico

O baixo crescimento econômico e a alta da inflação foi, talvez, o principal assunto debatido nas eleições. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial de inflação do País, atingiu em setembro, no acumulado em 12 meses, 6,75%, maior nível desde outubro de 2011, e tem se mantido acima do teto da meta do Banco Central, de 6,5%, desde agosto. No primeiro semestre deste ano, a economia entrou em recessão técnica, com o Produto Interno Bruto (PIB) contraindo 0,6% no segundo trimestre, após encolher 0,2% nos três primeiros meses do ano.

“A retomada do crescimento é um assunto mais sério do que a questão inflação. Ela está acima da meta, mas não é uma inflação descontrolada. Mas o mais grave é realmente a taxa de crescimento que é muito baixa, que produz a impossibilidade de você aprofundar as políticas sociais, manter o nível de emprego. Porém entendo que a inflação é uma questão sim. O governo vai ter que encontrar uma fórmula para conseguir baixar essa inflação sem comprometer ainda mais o crescimento. Vai ter que encontrar meio de incentivar o empresário a investir mais”, diz Claudio Couto, professor do Departamento de Gestão Pública da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Para o professor Milton Lahuerta, da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), o futuro não será nada fácil na questão do crescimento econômico, já que o presidente terá que lidar com a crise energética. “Isso tudo se torna mais grave, porque vai ter um forte impacto no governo que é a necessidade de realinhar os preços da energia, como petróleo, álcool, diesel, principalmente da energia elétrica. Os preços estão administrados e estão defasados. As distribuidoras estão gastando muito mais do que recebendo. O governo não só dá dinheiro para essas empresas mas media um conjunto de empréstimos. Vai ter que ter reajuste e vai ter impacto na inflação”, afirma.

<p>Corrupção foi tema de praticamente todos os debates entre os presidenciáveis</p>
Corrupção foi tema de praticamente todos os debates entre os presidenciáveis
Foto: Marcos Fernandes/Coligação Muda Brasil / Divulgação
Corrupção

Em 2014, a corrupção não saiu da pauta eleitoral. Acusações por parte dos dois candidatos tomaram conta dos jornais e revistas, principalmente com os desvios de dinheiro envolvendo a estatal Petrobras e o PT e o esquema do Cartel do Metrô e trens em São Paulo, referente a membros do PSDB. Apesar das acusações, as investigações de ambos os casos ainda estão em curso e ninguém foi condenado.

De acordo com o cientista político Milton Lahuerta, da Universidade estadual Paulista (Unesp), o tema é um dos mais complexos. Para ele, os desafios envolvem mudanças institucionais, na cultura política.“De imediato, o que seria razoável para reduzir o tema é que os governantes tivessem maior zelo pelas instituições. (...) É um desafio que atormenta o imaginário da sociedade brasileira e por isso pode ser o maior, mas não o mais importante. Estamos vivendo uma espécie de moralidade elástica, mas, se tivermos a certeza de que não fomos descobertos, subornamos e aceitamos os pequenos subornos”, diz Lahuerta.

Governabilidade

Negociações com o Congresso Nacional são um grande desafio para os próximos anos. Há tempos uma eleição presidencial não foi tão disputada voto a voto. Apesar da polarização PT/PSDB, milhões de pessoas se mobilizaram e foram às ruas defender seu partido, evidenciando ainda mais o momento de “Brasil dividido”.

<p>União do Congresso Nacional será grande desafio para o novo presidente</p>
União do Congresso Nacional será grande desafio para o novo presidente
Foto: Reprodução

“Não vejo drama no que se refere a relação Congresso/presidente, mas penso que a campanha atual ganhou um contorno de ‘guerra santa’, instituindo uma ‘guerra civil’. Mas é totalmente artificial, deseducativo e que lamentavelmente há excesso dos dois lados. (...) Se o Aécio ganha vai haver vai haver proliferação de manifestações de rua e com atos que podem ser violentos. Se a Dilma ganha não vejo isso, mas se reproduzirá a lógica que agora é guerra e pau”, afirma Lahuerta, da Unesp.

O professor da FGV Claudio Couto não pensa da mesma maneira e acredita que haverá problemas nas relações com o Congresso. “Eu acho que o problema mais sério será o fato de o Congresso estar mais fragmentado, então será necessário negociar mais do que hoje. Tende a ficar mais difícil. O número de partidos aumentou e você vai ter que ter espaço para abrigar todo mundo no governo. Há também um âmbito de conflagração que foi construído no Brasil nos últimos anos e que é muito grande. A política é muito polarizada, de propagação de discurso de ódio por alguns setores da sociedade e de ilegitimação do adversário. Eu não vejo isso como uma preocupação de longo prazo, mas é um acirramento que pode se avolumar”, diz.

<p>Saúde nunca deixou de aparecer nas discussões em campanhas eleitorais</p>
Saúde nunca deixou de aparecer nas discussões em campanhas eleitorais
Foto: Ale Silva / Futura Press
Saúde

Tema que gera bastante revolta e reclamação por parte da população, a saúde não deixou de estar nos debates e discussões entre os candidatos à presidência.

“É a área mais mal avaliada por parte da população. Claro que esse problema passa pelo volume de recursos, não é só o sistema. É preciso pensar em formas mais eficazes de gestão para que os recursos se tornem mais efetivos e a população possa ter acesso a um sistema de saúde que atende às suas necessidades e às suas expectativas. Mas sem uma reforma de gestão, acho muito difícil que isso ocorra”, diz Claudio Couto, da FGV.

Já para Lahuerta, o problema parte da qualidade do ensino nas faculdades de medicina. “Precisa sistemicamente trabalhar o tema, com a própria formação dos médicos. Como formar médicos com compromisso mais sólidos com a sociedade? Temos que formar melhores médicos. A medicina é necessária. Na formação tem que ter uma formação maior na dimensão social, investir em determinadas áreas do País, formar médicos com compromisso. É preciso um redesenho da área de saúde. O SUS tem que estar à altura das necessidades e expectativas da população”.

Gestão de programas sociais

A discussão sobre manutenção e mudança de programas sociais como Bolsa Família e Minha Casa Minha Vida, criados pelo PT, também foi pauta das eleições. Tucanos afirmaram ser os grandes idealizadores dos programas sociais, fato rebatido pelos petistas. A presidente Dilma, porém, reconhece que precisa aprimorar os programas, já que mais de 500 mil famílias extremamente pobres ainda precisam ser identificadas e inseridas no programa.

<p>Bolsa Família e Minha Casa Minha Vida terão que ser aprimorados</p>
Bolsa Família e Minha Casa Minha Vida terão que ser aprimorados
Foto: Governo de Alagoas / Divulgação

“O Bolsa Família avançou muito e tem um papel importante, mas é preciso que se transforme em política de Estado e não de governo, que tenha uma legislação definitiva, construção de uma renda mínima. Penso que esse seria o grande passo a ser dado. Em relação ao Minha Casa Minha Vida, foi um mecanismo de atacar de frente e estimular a própria indústria da construção civil. Economicamente, eles são importantes, geram emprego, dinamismo. Esses programas precisam ser aprimorados”, analisa Lahuerta, da Unesp.

Dilma Rousseff em busca de mais quatro anos no poder:

Fonte: Terra
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