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Quem é João Doria? Conheça a história do empresário que será o próximo governador de SP

Ex-prefeito da capital paulista vence corrida estadual e assegura hegemonia do PSDB no Palácio dos Bandeirantes

28 out 2018 - 19h44
(atualizado às 21h20)
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João Doria Júnior, 61 anos, foi o candidato eleito pelos paulistas para assumir o governo do Estado a partir de 1º de janeiro, com 51,75% dos votos com 100% das urnas apuradas. Com uma carreira construída principalmente no mercado empresarial e na TV, Doria entrou na política em 2016, quando foi eleito prefeito de São Paulo, no primeiro turno.

Apesar das críticas de quase todos os adversários pelo fato de ter deixado a Prefeitura de São Paulo para disputar as eleições 2018, Doria liderou a corrida ao Palácio dos Bandeirantes praticamente de ponta à ponta. Os únicos momentos de alternância na liderança das pesquisas de intenção de voto aconteceram ainda no primeiro turno, mas sempre com o tucano tecnicamente empatado com Paulo Skaf (MDB).

Com a derrota do emedebista do páreo no final do primeiro turno, Doria enfrentou o atual governador Márcio França (PSB) na segunda fase da disputa estadual. Em sua bem sucedida estratégia, o tucano declarou apoio ao presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) e procurou associar a imagem de seu adversário a movimentos de esquerda.

O momento mais crítico para Doria aconteceu já na reta final da campanha eleitoral, com a divulgação de um vídeo com cenas de sexo nas redes sociais, no qual um dos personagens foi associado ao governador eleito. Ao lado da esposa, o tucano negou ser o homem nas gravações e afirmou que o material se tratava de uma montagem "grotesca".

João Doria ao lado da mulher, Bia, em vídeo divulgado nas redes sociais do tucano
João Doria ao lado da mulher, Bia, em vídeo divulgado nas redes sociais do tucano
Foto: Reprodução/Twitter / Estadão

A vitória deste domingo, 28, assegura a hegemonia do PSDB no Estado de S. Paulo. O partido acumula vitórias nas disputas pelo governo paulista há 24 anos.

Carreira política

Nos últimos dois anos, o governador eleito deixou a prefeitura, foi acusado de tentar substituir seu padrinho político Geraldo Alckmin na vaga de candidato à presidência nessas eleições 2018 e recebeu críticas de líderes tucanos, dividindo o partido em São Paulo.

Filiado ao PSDB desde 2001, as polêmicas no caminho político do tucano começaram ainda nas prévias do partido para a definição do candidato a prefeitura de São Paulo, em 2016. Doria era apoiado por Alckmin. Já seus concorrentes, Andrea Matarazzo e Ricardo Trípoli, tinham a benção de Fernando Henrique Cardoso, José Serra e Aloysio Nunes.

Durante a escolha do candidato, a equipe de Doria foi acusada de fraudar urnas nas convenções do partido. O fortalecimento da candidatura do tucano fez com o vereador Andrea Matarazzo, filiado ao partido por 25 anos, mudasse de sigla, e desistisse de concorrer ao segundo turno das prévias.

Pela primeira vez, em 2016, a prefeitura de São Paulo foi definida no primeiro turno. Na época, Doria tinha o apoio, inclusive, do atual governador Márcio França (PSB), na época vice.

Com o palanque dividido entre França e Doria, Alckmin apoiou oficialmente o companheiro de partido no primeiro turno nas eleições 2018.

Desde o início da campanha, a polarização mais forte acontecia entre os dois candidatos, apesar do fraco desempenho do atual governador nas pesquisas. A estratégia de Doria foi associar o Márcio França ao PT e a políticas públicas de esquerda.

França acusou Doria de "fazer Geraldo Alckmin chorar", após o tucano não ter feito um apoio enfático ao candidato tucano nas eleições presidenciais. Em uma reunião do PSDB em Brasília, após o resultado do primeiro turno, Alckmin insinuou que Dória teria cometido uma traição.

Prefeito de São Paulo

O curto período de Doria a frente da Prefeitura foi marcado, principalmente, por três projetos do então prefeito: Cidade Linda, Corujão da Saúde e Alimento para Todos. Vestido de gari, Dória lançou o primeiro programa no começo de 2017 com o objetivo de revitalizar áreas degradadas de São Paulo.

As polêmicas começaram quando grafites começaram a ser pintados de cinza nos muros da cidade. O prefeito prometeu endurecer o combate às pichações. Apesar de ressaltar que tinha políticas diferentes para o grafite e para a pichação, Doria teve sua imagem desgastada, principalmente entre os artistas de rua.

O programa Corujão da Saúde foi uma das bandeiras do então prefeito. A ideia era utilizar a rede privada em horários com pouca procura para conseguir a diminuição da fila de exames na rede pública. No começo, o programa ajudou a alavancar a popularidade de Dória, mas uma auditoria do Tribunal de Contas do Município apontou que as filas não diminuíram de tempo depois que o projeto foi encerrado.

No fim de 2017, quando já existiam especulações sobre uma possível candidatura de Doria ao governo ou à presidência, a Prefeitura lançou o programa Alimento para Todos, que utilizaria farinatas - composto processado a partir de produtos próximos da data de vencimento - nas merendas das escolas municipais. Após questionamentos de especialistas e do Ministério Público, o projeto foi descartado.

O prefeito João Doria durante lançamento do programa Alimento para Todos
O prefeito João Doria durante lançamento do programa Alimento para Todos
Foto: Reprodução/Facebook / Estadão

Entre a eleição e a saída da prefeitura, a aprovação de Dória caiu de 44 para 18%, segundo pesquisas do Datafolha.

Biografia

João Dória nasceu na capital paulista em 1957, filho do publicitário e político João Agripino da Costa Doria. Quando era criança, morou por dois anos em Paris com a família, depois de seu pai ser obrigado a se exilar pela ditadura militar. Doria voltou ao Brasil com a mãe e o irmão.

O governador eleito começou a trabalhar com 13 anos na fábrica da família. Como sua família tinha boas relações, conseguiu um estágio em uma agência de propaganda e começou a estudar comunicação social na Faap, formando-se aos 21 anos.

Depois de formado, assumiu cargos de chefia nas extintas TV TUPI e Bandeirantes, além da agência de propaganda MPM, na época a maior do Brasil. Em 1983, assume a primeira função pública, como secretário municipal de turismo na gestão de Mário Covas.

Durante o governo de José Sarney, foi presidente da Embratur e do Conselho Nacional de Turismo. Nos anos 1990, montou a produtora Videomax e começou a produzir o programa Sucesso, da Bandeirantes, dando início a sua carreira na televisão. Além do Sucesso, Doria apresentou o programa Business, que passou pela Manchete, pela RedeTV, onde teve o nome alterado para Show Business.

Doria também fundou um grupo composto por seis empresas: Doria Administração de Bens, DoriaInternacional, Doria Editora, Doria Eventos, Doria Marketing & Imagem e Lide — Grupo de Líderes Empresariais, que reúne mais de 1.600 empresas, representando cerca de metade do PIB privado do país. Ao TSE, Doria declarou um patrimônio de R$ 180 milhões.

Em 2010 e 2011, o futuro governador apresentou os programas Aprendiz Universitário e Aprendiz Empreendedor. Em 2015, comandou o programa de entrevistas "Face a Face", na Band, mas saiu do talk show para ficar à frente da campanha para prefeito de São Paulo.

Principais propostas durante a campanha

Educação

O plano de governo do ex-prefeito de São Paulo não enumera um plano de ações para a educação do Estado, mas traz quatro metas principais. São elas: educação integral, uma nova escola, políticas governamentais que deem continuidade aos estudos e alfabetização de crianças até sete anos de idade. Essa última medida já uma prioridade dentre os objetivos da Secretaria de Educação estadual. No restante do país, a idade máxima é 8 anos.

Saúde

O tucano afirma que saúde é uma das prioridades de seu governo. Mas, assim como acontece na área de educação, o plano também não traz muitos detalhes sobre formas de implementação. As propostas são resumidas em dois pontos: apoio às ações de assistência e a manutenção dos serviços do Estado.

O caminho para isso, segundo o programa, é fortalecer a rede de hospitais de São Paulo e apoiar os municípios, principalmente nos atendimentos mais complexos. Adotar recursos mais atualizados de tecnologia da informação e comunicação é visto como um meio necessário para melhora da saúde.

Segurança

A primeira das cinco propostas principais de Doria para a área da segurança frisa repetir o sucesso no combate ao crime organizado e aumentar a integração operacional, com a adoção de banco de dados e sistema compartilhados.

Os demais pontos falam de valorizar e redistribuir os policiais, enfrentar crimes contra a mulher, e apoiar a aproximação com as Guardas Municipais. A última proposta trata do aumento de vagas nas penitenciárias, também com as parcerias público-privadas (PPDs), para que o detento trabalhe para permitir a sua reinserção na sociedade e diminuir a reincidência.

Na campanha, Doria também prometeu a criação de novos Batalhões de Ação Especial (Baeps).

Economia

No programa de governo, Doria trata da dificuldade em manter o orçamento do Estado equilibrado. Aponta que há resistência em aumentar as receitas e rigidez das despesas públicas.

Para não onerar o cidadão e os cofres públicos, o candidato propõe medidas como incentivar o desenvolvimento da atividade econômica, gerar empregos, simplificar a abertura de empresas, estimular o empreendedorismo, intensificar o uso de parcerias com o setor privado, atração de capital estrangeiro e racionalização de recursos públicos.

Emprego

Em seu plano de governo, a criação de mais empregos e oportunidades em todas as regiões do Estado é classificado como o principal compromisso do governo tucano.

Para gerar trabalho, são propostos apoio ao empreendedorismo, atração de capitais para economia de São Paulo, estímulo especialmente para micro e pequenas empresas e amplo programa de desestatização.

Relembre os resultados das pesquisas eleitorais para a disputa ao governo do Estado de São Paulo nas eleições de 2018.

Estadão
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