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Mujica diz que prisão de Lula afeta a América Latina

“Se o Brasil anda mal, nós também andamos mal”, diz Mujica após visita a Lula

21 jun 2018 - 19h28
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O ex-presidente do Uruguai José “Pepe” Mujica disse nessa quinta-feira (21) que está preocupado com a situação política e econômica da América Latina. Ele falou rapidamente com a imprensa na saída da Superintendência da Polícia Federal (PF) em Curitiba, após visitar o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que segue preso desde 7 de abril. “O Uruguai é um país pequeno, no meio dos gigantes Brasil e Argentina. Então, quando algum vizinho nosso se resfria, o Uruguai se gripa”, afirmou.

 O ex presidente do Uruguai, José Mujica em entrevista coletiva após visitar o ex presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está preso na sede da Polícia Federal em Curitiba (PR), nesta quinta-feira (21). A presidente do PT, Gleisi Hoffmann esteve presente.
O ex presidente do Uruguai, José Mujica em entrevista coletiva após visitar o ex presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está preso na sede da Polícia Federal em Curitiba (PR), nesta quinta-feira (21). A presidente do PT, Gleisi Hoffmann esteve presente.
Foto: CASSIANO ROSÁRIO/FUTURA PRESS / Estadão

Mujica chegou à sede da PF volta das 15h30. Primeiro, se dirigiu à militância, concentrada a poucos metros do prédio, na chamada “Vigília Lula Livre”. "Adiante, companheiros. Lula somos todos; todos os que têm problema na imensidão da América Latina. Não se esqueçam”, discursou. O uruguaio estava acompanhado da senadora e presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann. Na sequência, ele entrou na Superintendência, na condição de amigo pessoal do petista, e permaneceu no local por aproximadamente uma hora. As visitas de familiares e mais dois amigos a Lula acontecem sempre às quintas. Os nomes são informados previamente à corporação.  

De acordo com Mujica, a conversa com Lula foi muito cordial. “Fazia tempo que eu não o via. Eu o encontrei com bom ânimo, bom temperamento, com alguns quilos a menos, lendo muitos livros e preocupado, como não podia ser de outra maneira, com o futuro do Brasil e da América latina”, contou. “De que podemos conversar? Sobre tanta coisa... A preocupação com o que se passa na América... E futebol também”, prosseguiu. Ambos tinham se visto pela última vez em março, na fronteira entre a cidade uruguaia de Rivera e Santana do Livramento, no Rio Grande do Sul, um dos pontos de passagem da caravana “Lula pelo Brasil”.

Ainda segundo o ex-mandatário uruguaio, durante todo o tempo em que ficou no Palácio do Planalto, de 2003 a 2011, o petista teve muita consideração pelas nações vizinhas. “O Brasil se comportou como uma espécie de irmão mais velho. Tenho que reconhecer e reconheceremos sempre”, destacou. Mujica também falou que seu desejo de que o Brasil supere seus problemas não é gratuito, “porque se o Brasil anda bem, nós andamos bem. Mas se o Brasil anda mal, nós também andamos mal. Não há como desvincular as economias. Por isso que minha pátria se chama América Latina”. 

Questionado se pensa que enfrentamos uma crise na democracia, Pepe respondeu que não pensa, e sim vê o que está acontecendo. “O que mais me preocupa é como o povo brasileiro pode calçar seu futuro para superar as contradições, não perder sua alegria e não cair em uma confrontação (…) Tenho mais de 80 anos. Não vou ver, mas o mundo que vai vir necessita que nós, latino-americanos, tenhamos atitude e grandeza de nos darmos conta de que temos de ter um forte vínculo, porque senão, nós não existiremos”.

Fonte: Especial para Terra
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