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Empresário faz doação de R$ 6,3 milhões a 50 candidatos

Fundador da Cosan, Rubens Ometto afirma que financiamento a campanhas de 13 partidos tem 'caráter pessoal'

22 set 2018 - 05h11
(atualizado às 09h52)
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Na primeira eleição para cargos majoritários e proporcionais nos Estados e na União após a proibição das doações de pessoas jurídicas, o empresário Rubens Ometto, fundador da multinacional Cosan, se destacou, até o momento, como o maior financiador de campanhas nas eleições 2018.

Conforme dados da Justiça Eleitoral, Ometto havia doado até esta sexta-feira, 21, R$ 6,33 milhões para 50 candidatos, a maioria a deputado federal. O empresário também fez repasses para cinco diretórios partidários. As doações abrangem 13 partidos e 13 Estados.

Empresário Rubens Ometto, em 2015
Empresário Rubens Ometto, em 2015
Foto: Felipe Rau / Estadão

Os R$ 6,3 milhões doados por Ometto representam 21% do que a Cosan Lubrificantes doou em 2014 (R$ 30 milhões), última eleição nacional antes de o Supremo Tribunal Federal (STF) proibir as doações empresariais. O valor deste ano ainda pode aumentar até o fim do primeiro turno.

O segundo doador que mais injetou dinheiro em campanhas foi o empresário Nevaldo Rocha, dono da Riachuelo. Ele distribuiu entre cinco candidatos R$ 2,57 milhões.

Ometto disse, por meio de sua assessoria, que os repasses para postulantes de diversas colorações partidárias, têm "caráter pessoal". O empresário preside o Conselho de Administração do Grupo Cosan, com negócios nas áreas de energia, logística, infraestrutura e agrícola.

"As doações eleitorais foram feitas em caráter pessoal e seguem as regras estabelecidas pelo Tribunal Superior Eleitoral e demais normas aplicáveis", afirmou a assessoria.

Do total doado de R$ 6,3 milhões, R$ 1,1 milhão foi destinado a dez candidatos que são alvo de investigação na Lava Jato. Esses políticos, de oito partidos e cinco Estados, receberam entre R$ 50 mil e R$ 250 mil.

Distribuição 

Um dos candidatos que receberam doações de Ometto é o ex-líder do PT na Câmara Cândido Vaccarezza (Avante-SP), preso no ano passado na Lava Jato e solto sob fiança. Ele tenta voltar à Câmara, enquanto responde a ação penal na 13.ª Vara Federal de Curitiba. O empresário foi o único doador da campanha. Fez um repasse de R$ 50 mil. Procurado, Vaccarezza não comentou.

Alguns dos candidatos que receberam recursos do empresário atuam em setores de interesse do grupo Cosan. A Raízen, controlada pelo grupo, é uma gigante do setor energético, principal fabricante de etanol no País.

O deputado federal e ex-secretário da Agricultura de São Paulo Arnaldo Jardim (PPS-SP), recebedor da maior doação direta do empresário, de R$ 250 mil, tem em comum com Ometto a formação em Engenharia na Politécnica da USP e a atuação nos setores energético e agrícola. Jardim é alvo de inquérito no STF por suspeita de ter recebido caixa 2 de R$ 50 mil da Odebrecht em 2010.

Relação 

Arnaldo Jardim disse que tem relação bastante antiga com Ometto. "Sou coordenador da frente parlamentar em apoio ao setor sucroenergético. Tenho relação pessoal e identidade do ponto de vista de setores em que ele atua", afirmou. Quanto à investigação em andamento, ele disse que já prestou esclarecimentos e destacou que não é réu.

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Estadão
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