Influenciadores recorrem a marcas próprias para fugir da instabilidade das redes
Estratégia pode não ser nova, mas ganhou um novo fôlego com os criadores
Alguns anos atrás, não era incomum que uma celebridade colocasse no mercado um perfume com o seu nome. O Rei do Rock e dos produtos licenciados, Elvis Presley, lançou o Teddy Bear Eau de Parfum em 1957. Agora, corta para 2023! Está cada vez mais comum uma influenciadora lançar uma linha de maquiagem, produtos para bebês ou até velas. As estratégias são parecidas, mas a internet levou isso para um novo patamar.
"Não é algo novo, é reaproveitado com o novo viés digital", explica o professor de marketing da ESPM e consultor de marketing digital João Finamor. Segundo ele, as possibilidades são inúmeras, desde collabs, quando um influenciador colabora com uma marca consolidada para lançar um novo produto, até uma marca construída do zero. Opções de renda mais planejada do que a feita através das redes sociais.
No primeiro grupo, temos o exemplo da youtuber Mari Saad, que desenvolveu diversos itens de maquiagem com a marca Océane. Para Finamor, essa estratégia é uma via de mão dupla. O influenciador ganha por emprestar a sua credibilidade, e marca também aumenta as expectativas de lucro ao acessar novos clientes.
Já no segundo grupo, podemos citar o influenciador Isaías Silva, conhecido por produzir vídeos humorísticos curtos, que lançou uma grife de festa. Uma das intenções desse lançamento é justamente buscar uma alternativa contra a flutuabilidade das redes sociai.
"Existe um sacrifício muito grande para se manter relevante nas redes. Toda hora elas mudam, e a demanda por novos vídeos só cresce. Para atender a essa demanda, a gente perde em qualidade. A marca vem para te dar uma estabilidade financeira", explicou Isaías Silva ao Terra durante o lançamento da nova festa, Malokera.
"Hoje sabemos que os criadores estão reféns da instabilidade de algorítimos, e até da instabilidade dos donos das redes, como o Elon Musk a frente do ex-Twitter, agora X. Isso acaba deixando influenciadores em um mercado muito incerto", afirma o professor de marketing da ESPM.
Ainda segundo o especialista, essa estratégia já está consolidada, citando o caso da youtuber Niina Secrets, que praticamente saiu do YouTube para se dedicar a sua linha de beleza com a Eudora.
Franciny Elke é outra blogueira que se aventurou nesse ramo e tem lucrado com a própria marca de beleza. E assim como os outros exemplos, o investimento também é uma maneira de fugir do julgo das redes. "Não pretendo ficar refém de fazer conteúdo sempre. Quero ficar cada vez menos refém das redes sociais, e consolidar meu nome. Quem sabe abrir outras marcas em outros seguimentos", afirmou ela em entrevista exclusiva ao Terra.
Seja a partir de uma colaboração ou da criação de uma marca exclusiva, atrelar o nome de um influenciador a um produto não é certeza de vendas. A estrategista de marketing Louise Cardeal alerta para outro ponto importante na hora de construir uma marca: o propósito.
"Claro que já existem sinais de cansaço nesse mercado. Mas quando o consumidor entende que uma tem um propósito, o produto deixa de ser apenas um produto. É preciso ter cuidado na hora de pensar a sua marca", defende a especialista.
Finamor endossa o coro e dá outra dica: inovação. "Os criadores são bons exemplos de pessoas que estão sempre em busca do novo, da inovação. Os que conseguem transmitir isso para a sua marca saem na frente. É o caso da Bruna Tavares, ela sempre está buscando uma nova tecnologia, uma nova cor, um aditivo. Nós sempre buscamos o novo, então os criadores precisam atender esse anseio", afirma.