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Coronavírus

Turista brasileira retida na Índia faz apelo ao Itamaraty

31 mar 2020 - 12h21
(atualizado às 12h25)
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Brasileira está sitiada numa pequena cidade da Índia, sem dinheiro, à espera de uma ação do governo federal
Brasileira está sitiada numa pequena cidade da Índia, sem dinheiro, à espera de uma ação do governo federal
Foto: Divulgação

A pandemia do novo coronavírus produz situações extremas que não afetam somente os que são acometidos pela doença e aqueles que lhes são mais próximos. Há histórias carregadas de dramaticidade que se espalham pelo mundo e se avolumam a cada dia. Uma delas envolve a advogada carioca Carla Rocha Freira, 39 anos, retida há uma semana na cidade de Mandrem, na Índia, já sem dinheiro e dependendo da generosidade do dono do hotel em que está hospedada para sobreviver.

Por causa da covid-19, bloqueios impedem que pessoas cheguem ou saiam da cidade, uma pequena vila de cerca de 10 mil moradores, localizada no Estado de Goa. Exceção seria se alguém tentasse cruzar a barreira apresentando a passagem aérea. O problema é que o voo de Carla para regressar ao Brasil foi cancelado. Além disso, o limite do seu cartão de crédito estourou com a compra do bilhete da British Airways, por US$ 1.500 (cerca de R$ 7.778), e em razão de outras despesas para se manter na Índia.

"Tenho pedido ajuda ao Itamaraty, ao consulado brasileiro mais próximo e nenhum deles tem se manifestado. Tive quatro dias de depressão chorando sem parar. Graças a Deus, tem um espírito iluminado aqui, o Jimmy, que é o dono do Hotel Parvati Studios. Ele tem trazido todos os dias arroz e lentilha e água mineral. Sem isso, eu não sei o que seria de mim e de outros hóspedes, também turistas estrangeiros, que estamos sem poder sair da cidade".

Carla viajou sozinha para Mandrem, a fim de fazer um curso de ioga, cancelado por causa da pandemia. Chegou à Índia em 23 de fevereiro. Nos últimos dias, ela não saiu uma vez sequer do quarto, com medo de contaminação. As mercearias, padarias e mercados do vilarejo estão fechados. Mais grave ainda, os bancos e caixas eletrônicos do local também estão sem serviço. Por isso, não consegue receber dinheiro da família, que mora no Rio.

Para tentar manter o equilíbrio, recorre à ioga e à meditação e também a preces. Sente-se mais forte também com o apoio dos parentes e amigos. Por meio de redes sociais, Carla entrou em contato com outro brasileiro que passa por drama semelhante na cidade vizinha de Arambol, e com quem tenta dividir um pouco a aflição desses dias de incerteza. Enquanto espera alguma ação concreta do governo, dedica-se ainda a agradecer o dono do hotel.

"Gratidão é a minha palavra de ordem. Hoje, o Jimmy conseguiu feijão verde e isso foi muito bom. Mas já está ficando difícil para ele prover a todos aqui do hotel – somos em torno de dez turistas, não sei ao certo. A água está sendo racionada. Não vejo a hora de isso tudo acabar. Tenho medo, mas, ainda bem, tenho força, tenho fé e tenho esperança".

Em resposta ao Terra, o Itamaraty informou que a embaixada do Brasil em Nova Delhi (capital da Índia) “continua trabalhando para assegurar o retorno de todos os brasileiros atingidos pelas restrições de movimentação e negociando com todas as empresas aéreas nas quais os brasileiros retidos possam retornar ao país”.

Segundo o comunicado, "trata-se de situação excepcional que torna impossível a elaboração de cronograma preciso dos voos ou do atendimento imediato de todas as demandas existentes".

O Itamaraty, por meio de sua assessoria de imprensa, explicou que a Índia proibiu os voos em todo o país, além de ter imposto “restrições consideráveis de deslocamento interno”. Acrescentou ainda que dispõe do registro de 271 brasileiros retidos naquele país.

"Os brasileiros que comprovarem carência de recursos podem solicitar ajuda ao consulado ou a embaixada em sua região, os quais buscarão, de acordo com as limitações legais existentes, dar apoio aos nacionais em situação de hipossuficiência financeira", prossegue o documento.

O Itamaraty recomenda que os brasileiros, em situações como a da advogada carioca, entrem em contato com o Grupo Especial de Crise para assuntos consulares e migratórios  (G-CON), cujo número para casos na Ásia e Oceania é +55 61 98260-0613, e orienta os interessados a acompanhar os avisos publicados no site da Embaixada do Brasil em Nova Delhi.

Eis o contato das duas representações brasileiras na Índia:

1) Embaixada do Brasil em Nova Delhi:

Plantão Consular: (91) 9810 697829 

Email: consular.newdelhi@itamaraty.gov.br

Site: http://novadelhi.itamaraty.gov.br

2) Consulado-Geral do Brasil em Mumbai (CG)

Plantão Consular: (91) 7045 638101

E-mail: cg.mumbai@itamaraty.gov.br

Site: mumbai.itamaraty.gov.br

"O Itamaraty continuará trabalhando, sem interrupção, para assegurar a volta ao Brasil de todos os nacionais retidos no exterior em decorrência da pandemia".

Fonte: Silvio Alves Barsetti
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