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Coronavírus

NY, Itália e Espanha flexibilizaram regras um mês após pico

Países mais afetados pela pandemia esperaram pico passar, enquanto estado de São Paulo anunciou a retomada depois de 15 dias de recorde

28 mai 2020 - 05h10
(atualizado às 08h22)
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Diferentemente do Estado de São Paulo, que anunciou retomada de atividades econômicas apenas 15 dias após registrar recorde de novos casos de coronavírus, os países mais afetados pela pandemia esperaram ao menos um mês depois do pico para iniciar a reabertura.

Movimentação de ciclistas e pessoas usando máscaras de proteção na Avenida Paulista, em São Paulo
Movimentação de ciclistas e pessoas usando máscaras de proteção na Avenida Paulista, em São Paulo
Foto: Fábio Vieira/FotoRua / Estadão Conteúdo

Levantamento feito pelo Estadão com base em dados da Universidade Johns Hopkins mostra que, nos cinco países com mais vítimas pela doença (Estados Unidos, Reino Unido, Itália, França e Espanha), os governos esperaram (ou vão esperar), em média, 44 dias para autorizar um relaxamento da quarentena.

A Itália registrou seu pico de casos no dia 21 de março, mas só começou a reabertura no dia 4 de maio, ou seja, 44 dias depois. Mesmo assim, a retomada tem sido gradual. Na primeira semana, os italianos puderam finalmente sair de casa sem ter que apresentar justificativas, mas a maioria dos serviços não essenciais e espaços públicos permaneceram fechados.

Somente nas semanas seguintes foi autorizada a abertura de igrejas, academias e salões de beleza. Restaurantes e bares foram reabertos, mas só poderão voltar a servir nas mesas em junho. No dia do pico de casos, a Itália registrou 6,6 mil novas infecções em 24 horas. Quando iniciou a reabertura, esse número havia caído para 1,2 mil.

Processo semelhante passa Espanha. Seu recorde de casos em um dia foi registrado em 25 de março, com 9,6 mil registros. Já a reabertura teve início em 4 de maio, quando 545 novas infecções foram confirmadas.

Na França, o início da retomada teve início no dia 11 de maio, praticamente um mês após o pico de casos, registrado em 12 de abril. Foram reabertos alguns serviços não essenciais, mas outros, como restaurantes, bares, cafés e hotéis, só poderão voltar à normalidade em junho.

O Reino Unido tem se mostrado o país mais cauteloso diante da ameaça de uma segunda onda de contaminações. O pico no território britânico foi registrado em 10 de abril, mas o governo local anunciou que os serviços não essenciais poderão reabrir somente no dia 15 de junho.

Nos Estados Unidos, a decisão sobre a reabertura tem sido diferente em cada Estado. Na cidade de Nova York, área mais atingida, o processo de reabertura teve início em 15 de maio, 40 dias depois da data em que a cidade registrou recorde de casos diários (4 de abril).

O recorde de casos diários no Estado de São Paulo ocorreu no dia 15 de maio, quando 4.092 mil novas infecções foram confirmadas. Não é possível dizer ainda que há queda sustentada por duas razões: o número segue alto (ontem foram confirmados 3.466 novos casos) e o total de testes realizados é insuficiente. Segundo especialistas, nem sequer é possível saber se já atingimos o pico das infecções. "É precoce falar em reabertura com a curva subindo de maneira exponencial. Não há indício de que vá diminuir. Está muito inclinada ainda. A ocupação dos leitos também é grande", destaca a bióloga Natália Pasternak, criadora do Instituto Questão de Ciência (IQS).

Para ela, o governo de São Paulo deveria obedecer os critérios de flexibilização da Organização Mundial da Saúde, que é baseada no número de transmissão e também na oferta de leitos. "A Alemanha esperou o Rt (índice de transmissão) chegar em menos do que 1 para começar a flexibilização. Ainda assim viu aumento dos casos e precisou repensar", disse. "No Brasil tem o agravante da subnotificação. A falta de testes preocupa."

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