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Coronavírus

Maia reitera críticas ao governo e cobra rapidez em medidas

"A reforma administrativa terá importância ainda maior após a crise", disse Maia.

1 abr 2020 - 12h26
(atualizado às 12h51)
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O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), aproveitou teleconferência organizada pelo Bradesco BBI, nesta quarta-feira, 01, para mandar um recado claro ao governo: a aprovação rápida de medidas de combate à crise econômica decorrente da pandemia do novo coronavírus não significa que o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, terão facilidade na tramitação de outras propostas que não estejam vinculadas ao curto prazo.

Perguntado na teleconferência para investidores se o estado emergencial em que vive o País forçou uma melhora nas relações entre Executivo e Legislativo, Maia foi taxativo. "A relação com governo não está azeitada, e isso não nos atrapalhará no curto prazo. O governo não tem apoio no Parlamento, mas as medidas contra a crise têm apoio de todos os partidos", afirmou.

O presidente da Câmara ainda cobrou mais agilidade do governo no envio de medidas emergenciais e na operacionalização dos projetos que já foram aprovados pelo Congresso. Maia ironizou a cobrança feita na terça-feira por Guedes pela aprovação da chamada PEC do Orçamento de Guerra. Maia lembrou que a proposta não partiu da equipe econômica, mas, sim, do próprio Congresso. "Guedes ontem me cobrou encaminhar (para votação) PEC que ele nem sabe qual é", rebateu.

Presidente da Câmara, Rodrigo Maia 
08/04/2019
REUTERS/Adriano Machado
Presidente da Câmara, Rodrigo Maia 08/04/2019 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

Para Maia, o próprio Orçamento de Guerra permitirá que o governo tome "medidas heterodoxas", ou seja, injetar mais recursos na economia, seja aumentando a renda mínima para os trabalhadores, seja aportando capital de giro nas empresas. Ele reclamou da resistência da equipe econômica em abrir ainda mais as torneiras do gasto emergencial. "Não é hora de discutir como financiar medidas. O Estado vai financiar e pronto", definiu.

Na avaliação do presidente da Câmara, o governo precisa agir mais rapidamente para garantir "previsibilidade e conforto" para que trabalhadores e empresários possam cumprir as determinações de isolamento social da Organização Mundial da Saúde (OMS). "Estou vendo muito anúncios de decisões do governo que não chegam a lugar nenhum", criticou.

Comércio

Sem citar Bolsonaro, Maia disse que pressões pela reabertura do comércio por alguns executivos podem piorar ainda mais a situação do País frente à covid-19. "É preciso dar tranquilidade para o ministro da Saúde (Luiz Henrique Mandetta) avaliar a redução do isolamento", completou.

Ainda assim, mais uma vez o presidente da Câmara apontou que a crise pode ser uma boa oportunidade para que o Executivo e o Congresso voltem a se entender. Novamente sem citar diretamente Bolsonaro, Maia voltou a pedir que cesse o apoio do entorno do presidente aos ataques ao Congresso nas redes sociais. "Essa crise pode ser a oportunidade para o governo retomar a relação também com parte da sociedade", acrescentou.

Passada a emergência de saúde, Maia se comprometeu a continuar o trabalho pela aprovação das reformas. A reforma tributária, reforçou, andará independentemente da relação com o Executivo. Já a reestruturação das carreiras dos servidores ainda depende do envio de uma proposta pela equipe econômica.

"A reforma administrativa terá importância ainda maior após a crise", disse Maia.

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