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Coronavírus

Coronavírus isola 'bolha' bolsonarista nas redes sociais

Para especialista, avanço da pandemia deve gerar ainda mais críticas contra o governo

31 mar 2020 - 05h11
(atualizado às 07h29)
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Embora a rede de apoio ao presidente Jair Bolsonaro na internet continue coesa, a circulação de informações sobre como está sendo o combate ao coronavírus no resto do mundo favorece a oposição, na visão de analistas ouvidos pelo Estado.

Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto
Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto
Foto: Dida Sampaio / Estadão Conteúdo

Segundo eles, histórias reais de pessoas que tiveram a doença e o aumento do número de mortos pela covid-19 também devem reduzir a adesão à tese defendida pelo governo, de que a situação não é tão grave quanto parece e que o isolamento social só deve ser aplicado aos idosos.

"A crise refletiu sobretudo a incapacidade do presidente de entender a situação ao construir uma narrativa de que isso não seria um problema a se levar em consideração. Mas a informação circula em tempo real e as pessoas puderam ter dimensão do problema e ver como diferentes líderes têm lidado com a situação", disse o pesquisador da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da FGV, Marco Aurélio Ruediger.

Para Fábio Malini, do Laboratório de Estudos sobre Imagem e Cibercultura, da Universidade Federal do Espírito Santo, a escala global da pandemia ajuda a entender o isolamento narrativo dos bolsonaristas. "O aumento do número de pessoas falando sobre o tema, em particular no Twitter, faz com que a popularidade e o controle dessa narrativa feitos por aqueles que militam a favor do governo fiquem muito diminuídos." Na sexta-feira passada, grupos bolsonaristas passaram a organizar carreatas para pressionar prefeitos e governadores a reabrirem os comércios, mas tiveram pouco retorno.

Segundo Malini, o avanço do coronavírus deve gerar ainda mais crítica contra o governo. "Relatos de pessoas que vivenciam a dor da perda, a situação econômica, tudo faz com que se inicie um processo de crítica contra quem está no poder."

Estadão
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