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Coronavírus

Canetada que liberou igrejas mirou líderes evangélicos

Presidente Jair Bolsonaro começa a atropelar decisões estaduais para atender sua base de apoio e não antecipar o fim de seu governo

27 mar 2020 - 05h11
(atualizado às 07h35)
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De canetada em canetada, o presidente Jair Bolsonaro começa a atropelar decisões estaduais para atender o eleitorado e não antecipar o fim de seu governo. Em queda nas pesquisas, cobrado pelas redes sociais e alvo de panelaços, Bolsonaro editou agora um decreto que inclui igrejas na lista de serviços essenciais que podem funcionar no período de quarentena, estabelecido para evitar a propagação do novo coronavírus.

Presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia no Palácio do Planalto
20/02/2020 REUTERS/Adriano Machado
Presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia no Palácio do Planalto 20/02/2020 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

Embora o decreto autorize "atividades religiosas" de forma ampla, os evangélicos são, na prática, os destinatários da medida. Não sem motivo: a principal base de sustentação do governo Bolsonaro no Congresso ainda está nas mãos desse segmento. Sob pressão de líderes evangélicos, o presidente encontrou na liberação de cultos uma forma de tentar dar o troco nos governadores, principalmente em João Doria (PSDB), de São Paulo, a quem já chamou de "lunático", e em Wilson Witzel (PSC), do Rio, que, nas suas palavras, não passa de um "demagogo".

Em janeiro, Bolsonaro já havia tentado conceder subsídio na conta de luz para templos religiosos de grande porte. Mesmo com a resistência da equipe econômica, ele chegou a pedir ao Ministério de Minas e Energia que preparasse minuta de decreto com o benefício. Só recuou porque a medida pegou mal em outro grupo de seguidores, formado por empresários.

Bolsonaro agora quer reabrir o comércio, as escolas e acabar com o isolamento social. Faz previsões catastróficas, diz que o povo foi "enganado" sobre o coronavírus porque "nada pega" nos brasileiros e joga no colo dos governadores a conta pelo "extermínio" de empregos. Na contramão do mundo, o presidente que trata a pandemia como uma "gripezinha" faz cálculos políticos porque sabe que, se a economia desandar, não haverá amanhã. E muito menos 2022.

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