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Nós criamos o clima que queremos

Apesar da pandemia nos dar uma sensação de impotência, nossas decisões definem o futuro do planeta, mesmo que a gente não saiba sempre disso.

5 jun 2020 - 03h11
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por Alexandre Mansur*

Com a pandemia de Covid-19 correndo solta por aí, estamos presos em casa ou no mínimo restringindo muito o que podemos fazer no dia-a-dia. Temos medo, angústia. Vivemos incertezas sobre o futuro. Sobretudo, temos a sensação coletiva de impotência diante dessa grande ameaça. Como se a natureza, na forma de um vírus, tivesse decidido se vingar de nós, mostrando a pequenez da humanidade diante de uma doença. Essa sensação sufocante de impotência perante um fenômeno natural - como a pandemia - é inteiramente compreensível. Mas enganoso. Nós humanos não estamos exatamente à mercê das forças naturais. Ao contrário, nossas decisões definem o futuro do planeta, mesmo que a gente não saiba sempre disso.

Agora que as pessoas estão limitando suas atividades diárias no Brasil e em praticamente todos os países do mundo, estamos vendo cenas de animais selvagens voltando a ocupar as ruas, tartarugas marinhas na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, ursos perdendo a timidez em várias cidades da Europa. Mas essa reconquista é provisória. O trânsito diminuiu, mas a camada de asfalto e cimento que colocamos sobre a superfície do planeta não recuou um milímetro. Ao contrário. O desmatamento na Amazônia brasileira continua avançando, e num ritmo crescente nos últimos meses.

Foto: Climatempo

Dia Mundial do Meio Ambiente: #oclimaquequemos, #omundoquequeremos

Nosso impacto no planeta é tão grande que os geólogos estão debatendo classificar nossa era com o nome de Antropoceno. "Antropos" significa humano em Grego. Seria a era dos humanos. Os astronautas que olham a Terra noturna do espaço observam quase toda a superfície coberta por luzes artificiais. Cerca de 83% da área total dos continentes é ocupada por cidades, estradas, represas, cultivos ou alguma outra forma de uso humano. O que nós entendemos como áreas selvagens foram reduzidas enclaves de natureza. Poucos deles são grandes, como alguns trechos da Amazônia e a Antártica. Exigem muito cuidado de nossa parte. Como se fossem nosso jardim precioso.

Além de transformarmos a superfície do planeta, também mudamos radicalmente a atmosfera da Terra. Essa camada de gases que torna nosso planeta único no Sistema Solar (talvez na galáxia) e garante nossa vida, é incrivelmente pequeno e frágil. Se a Terra tivesse o tamanho de uma bola de futebol, a atmosfera seria da espessura de uma camada de tinta, dessas que você arranca com um chute forte. E estamos chutando bastante. Em poucas décadas, os humanos jogaram gases poluentes que transformaram a composição da atmosfera. Esses gases são causadores do efeito estufa, que faz a atmosfera aprisionar o calor do sol, como se fosse a camada de vidro ou lona de uma estufa. Por isso, o planeta todo está esquentando. 

Precisamos parar de produzir esses gases, principalmente o gás carbônico. Eles são derivados do desmatamento e da queima de combustíveis fósseis (como gasolina, diesel e gás natural). A boa notícia é que podemos fazer isso. Principalmente no Brasil. Não precisamos desmatar mais nada. Já existe uma área do tamanho de todo o Sul do Brasil desmatada e subutilizada. Temos tecnologia para produzir energia, bens, serviços e transporte sem lançar mais gases poluentes na atmosfera. O que precisamos é tomar boas decisões informadas, como consumidores e como cidadãos. Esse é nosso poder. É por isso que estamos lançando o canal Clima que Queremos no Dia do Meio Ambiente. É uma parceria da agência O Mundo Que Queremos com a Climatempo. Aqui iremos fornecer notícias, análises e informação de qualidade para você saber mais sobre o clima que afeta sua vida, e como você pode ajudar a preservar um clima bom para todos.

*Alexandre Mansur é jornalista e sócio da agência de comunicação e ativismo O Mundo Que Queremos

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Esse texto faz parte da iniciativa Clima Que Queremos, uma parceria do Climatempo e a agência O Mundo Que Queremos para desmistificar temas de meio ambiente, sustentabilidade e mudanças climáticas, com textos novos todas às sextas e segundas-feiras.

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