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Cesare Battisti é preso na Bolívia

Italiano estava foragido desde dezembro, quando Temer decretou sua extradição do Brasil. Autoridades italianas comemoram detenção

13 jan 2019 - 08h26
(atualizado às 09h14)
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O italiano Cesare Battisti, ex-membro de uma guerrilha de esquerda condenado por assassinatos em seu país, foi detido na Bolívia, confirmou a Polícia Federal brasileira na madrugada deste domingo (13/01).

Battisti, de 64 anos, estava foragido desde o último dia 14 de dezembro, após o Supremo Tribunal Federal (STF) ordenar sua detenção e extradição para a Itália e o então presidente, Michel Temer, firmar um decreto nesse sentido.

O italiano foi detido na tarde de sábado na cidade boliviana de Santa Cruz de la Sierra por uma equipe de agentes italianos e brasileiros ao caminhar pela rua, segundo fontes do Ministério do Interior italiano. As fontes afirmam que investigadores italianos nunca haviam perdido Battisti de vista, mas após sua saída do Brasil e chegada à Bolívia, se aceleraram os movimentos para sua detenção.

Battisti em foto de 2011
Battisti em foto de 2011
Foto: DW / Deutsche Welle

Battisti escapou da prisão na Itália em 1981, enquanto aguardava julgamento por acusações de quatro homicídios supostamente cometidos entre 1977 e 1979, quando era membro do grupo de extrema esquerda Proletários Armados pelo Comunismo (PAC). Na década de 1990, ele foi condenado à prisão perpétua à revelia. O italiano reconheceu ter feito parte do grupo, mas nega ter cometido homicídios.

Após passar décadas na França e no México, Battisti se instalou no Brasil em 2004, onde permaneceu escondido até a sua detenção em 2007. O STF autorizou sua extradição em 2009, mas os ministros disseram que a palavra final deveria ser do então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que rejeitou a medida em 31 de dezembro de 2010, o último dia de seu segundo mandato.

O presidente Jair Bolsonaro havia prometido "presentear" a Itália com Battisti. O deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, comemorou a prisão do italiano via Twitter.

"Assassinou policial, matou pai na frente do filho, atirou e deixou homem paralítico, foi condenado a prisão perpétua por quatro homicídios qualificados e fazia parte do grupo terrorista de esquerda na Itália PAC (Proletários Armados para o Comunismo). Ciao Battisti, a esquerda chora!", escreveu.

O embaixador da Itália no Brasil, Antonio Bernardini, tuitou: "Battisti está preso! A democracia é mais forte que o terrorismo!"

A notícia da prisão também foi celebrada na Itália. O ministro do Interior e vice-primeiro-ministro italiano, Matteo Salvini, agradeceu o trabalho das forças italianas e estrangeiras que colaboraram para a captura de Battisti, "um delinquente que não merece uma vida cômoda na praia, mas sim terminar seus dias na cadeia".

O ministro da Justiça italiano, Alfonso Bonafede, afirmou que Battisti será agora entregue à Itália para que cumpra sua pena: "Quem se equivoca deve pagar, e também Battisti pagará."

"O tempo que passou não curou as feridas que Battisti deixou nas famílias das suas vítimas e no povo italiano, assim como não fez diminuir o desejo humano e institucional de obter justiça", escreveu o ministro em sua página no Facebook.

À época do decreto de Temer sobre a extradição de Battisti, Sergio Moro, ministro da Justiça e da Segurança Pública no governo Bolsonaro, disse que foi acertada a decisão e que o asilo concedido pelo governo Lula se deu por motivações político-partidárias.

"Os países têm que cooperar entre eles contra a criminalidade. O senhor Cesare Battisti foi condenado por homicídio na Itália, que é um país com Judiciário forte e independente e não cabe ao Brasil ficar avaliando ou não o mérito da condenação", disse Moro.

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