PUBLICIDADE

Trânsito

RJ: "tudo indica que o motorista do ônibus foi agredido", diz delegado

3 abr 2013 - 12h47
(atualizado às 12h47)
Compartilhar
Exibir comentários

O delegado titular da 21ª Delegacia de Polícia do Rio de Janeiro, José Pedro Costa da Silva, afirmou nesta quarta-feira que já colheu os depoimentos de três testemunhas do acidente com um ônibus que caiu de um viaduto na avenida Brasil na tarde de terça-feira, na zona norte do Rio de Janeiro. Segundo o delegado, as três pessoas confirmam que o motorista, André da Silva Oliveira, foi agredido por um passageiro com um chute na cabeça após uma discussão. "Tudo o que colhemos até agora nos indica que o motorista foi agredido", afirmou Silva.

O delegado esteve nesta manhã no Hospital Estadual Getúlio Vargas para colher novos depoimentos de vítimas que estão internadas no local (quatro no total). Ele também fez uma nova tentativa de conversa com o motorista do veículo que despencou, deixando sete mortos. "Ele continua sem memória recente, não lembra nem que foi trabalhar no dia", disse. "Vamos voltar a conversar com ele tão logo ele recupere suas funções", afirmou o delegado.

Ainda de acordo com Silva, se for confirmada a hipótese de agressão ao condutor do ônibus, o autor responderá por homicídio doloso. Caso as investigações sejam guiadas por outra linha e se constate que o motorista trafegava em velocidade superior ao permitido, ele pode responder por homicídio culposo (sem a intenção de matar).

"Estamos na fase inicial de investigação ainda, é preciso reunir ainda todas as provas e ouvir todas as testemunhas", disse o delegado. Ele afirmou ainda que, mesmo que a câmera do circuito interno do ônibus tenha sido recolhida para perícia, as imagens não poderão ser usadas na investigação "pois o cartão de memória se perdeu".

A discussão que possivelmente causou a tragédia teria sido motivada pelo fato do motorista não ter parado no ponto de ônibus anterior ao viaduto Brigadeiro Tropowisky e por estar supostamente trafegando em alta velocidade. O agressor, cujo nome ainda não foi confirmado pela polícia, seria um estudante universitário de 25 anos e estaria internado no Hospital Estadual Miguel Couto, na Gávea, zona sul do Rio, com a mandíbula fraturada. "Pelo que soubemos, ele saiu andando do acidente, mas necessitando de apoio médico. Ainda estamos apurando", disse o delegado, sem dar detalhes.

A versão foi confirmada pela mãe de uma das vítimas que também está internada no Getúlio Vargas, a estudante Amanda Santana, 19 anos. Segundo Conceição Rodrigues de Santana, "ela tem certeza que foi isso (o chute no motorista) que causou a queda do ônibus". Amanda está internada, estável, com o cóccix fraturado (pequeno osso da parte inferior da coluna vertebral).

A estudante voltava de seu segundo dia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde foi aprovada no curso de Farmácia. Ela passava por um trote, típico entre os calouros, e, segundo Conceição, teve o azar de pegar o ônibus errado para voltar para casa, já que mora em Irajá, na zona norte da cidade, e o destino do coletivo era o centro, após deixar a Ilha do Governador, onde fica o campus do Fundão da UFRJ. "Ela chora a todo momento, não acredita ainda no que aconteceu", relatou a mãe.

Motorista não reconhece a família

O motorista André Luiz da Silva Oliveira, 33 anos, não se lembra da mulher e da filha após o acidente com o ônibus. A esposa dele, Francilene dos Santos, 40 anos, foi ao Hospital Estadual Getúlio Vargas nesta quarta-feira para visitar o marido, que está internado em estado estável com uma fratura no fêmur. "Falei meu nome e ele não lembrou. Falei da nossa filha e ele também não lembrou. Ele está muito confuso, não consegue reunir as informações na cabeça", disse ela, emocionada.

Francilene afirmou que André perdeu os documentos no acidente, o que fez com que o nome e a idade dele fossem divulgados de forma errada. Diferentemente do que foi informado antes pelas autoridades, o sobrenome do motorista é da Silva Oliveira, e não de Sousa Oliveira, e ele tem 33 anos, não 32. As informações foram confirmadas pela mulher de André.

Devido à perda dos documentos, Francilene não conseguiu fazer o registro do marido no hospital. Após visitar André, ela foi à 21ª Delegacia de Polícia para tentar localizar os objetos perdidos.

O acidente, ocorrido na tarde de terça-feira, deixou sete mortos e 10 feridos, sendo quatro em estado grave. Uma mulher que presenciou a cena teve um mal súbito e foi internada no Hospital Geral de Bonsucesso. A avenida Brasil, principal via do Rio, chegou a ser fechada no sentido centro da cidade. Três helicópteros, dos Bombeiros e da Polícia, auxiliaram no resgate às vítimas.

Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade
Publicidade