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Sem-teto dizem que houve "barbárie" em desocupação no Rio

11 abr 2014 - 10h53
(atualizado às 11h11)
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Reintegração de posse no Rio de Janeiro é marcada por confronto e incêndios
Reintegração de posse no Rio de Janeiro é marcada por confronto e incêndios
Foto: Ale Silva / Futura Press

O coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Simões, classificou como "barbárie" a ação da Polícia Militar, durante a reintegração de posse de um terreno da Telemar, no Engenho Novo, subúrbio do Rio de Janeiro, que começou na manhã desta sexta-feira.  "Foram atos de barbárie e violência inadmissíveis e não tenham dúvida de que o governo do Estado e a prefeitura vão ter que arcar com as consequências de toda está violência", disse.

Simões sustenta que os policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e do Batalhão de Choque já chegaram ao local quebrando tudo e atirando bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha. "O que está acontecendo aqui em tempos de Copa e de megaeventos é gravíssimo. O tratamento que está sendo dado ao povo do Rio de Janeiro é algo difícil de aceitar. Estamos vendo um verdadeiro massacre. Não há eufemismo nenhum nisto, a Policia Militar já entrou quebrando tudo. Há relato de feridos e eu mesmo já vi três pessoas feridas, inclusive uma criança ferida por uma bomba de gás lacrimogêneo".

Ônibus é incendiado durante reintegração de posse no RJ:

O coordenador do MTST contou à Agência Brasil que a Polícia Militar começou a cercar a área por volta das 4h30 de hoje e iniciou a desocupação antes das 6h, o que, segundo ele, é proibido. Disse, ainda, que não houve nenhuma negociação e que nenhuma liderança dos moradores ou mesmo dos movimentos que apoiam a ocupação foram ouvidos. Durante o confronto, os manifestantes incendiaram um prédio, ônibus, caminhão e uma viatura policial. Jornalistas que cobrem o caso também relatam que sofreram violência física e verbal pela PM. Um repórter do jornal O Globo foi detido.

"A realidade é que a situação está saindo do controle, as pessoas estão se revoltando contra esta violência que derruba por terra a ideia inicial de uma ocupação pacifica", disse Simões. Em seu relato, o coordenador do MTST disse que, como a polícia cercou toda a área ocupada e está impedindo as pessoas de entrar ou sair do local, o conflito se generalizou. "As únicas informações que temos estão sendo transmitidas por telefone das pessoas que estão impedidas de deixar a área central do conflito pela polícia. E elas indicam a existência de feridos, inclusive crianças".

Guilherme Simões alertou para o risco de generalização do conflito já que os manifestantes estão se abrigando em comunidades adjacentes. "São 5 mil pessoas na área ocupada e as comunidades em volta da área também estão sofrendo repressão por terem se colocado ao lado das famílias que ocupam o terreno", disse.

A Agência Brasil entrou em contato com a Polícia Militar, mas até o momento não obteve resposta.

Incêndios

Por volta das 7h20, o prédio principal do terreno começou a pegar fogo. Uma extensa coluna de fumaça podia ser vista de longe. Não há informações sobre a presença de feridos tanto no confronto como no incêndio, que foi extinto por volta das 7h40.

Alguns minutos depois, um carro da Polícia Militar e dois ônibus também foram incendiados no local. Mais tarde, outro ônibus e  um caminhão foram incendiados.

Segundo o Corpo de Bombeiros, viaturas de sete quartéis participam da operação no local. Por volta das 9h30, a corporação confirmou a informação de que um menino de 9 anos havia sido atendido e liberado no local por inalação de fumaça. Às 10h, a Secretaria Municipal de Saúde informou que algumas pessoas foram encaminhadas com ferimentos leves ao hospital Salgado Filho, mas não soube confirmar o número de vítimas. De acordo com assessoria, entre elas estavam moradores que inalaram fumaça e policiais que foram atingidos por pedras.

Mais tarde, chegou a informação de que um bebê de seis meses foi socorrido pelos bombeiros até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Engenho Novo por inalação de fumaça tóxica. O estado de saúde da criança não foi informado.

Prefeito cancela agenda

A assessoria do prefeito Eduardo Paes (PMDB) informou que o político cancelou a sua agenda na parte da manhã e convocou uma reunião interna no gabinete da prefeitura. O prefeito iria participar de uma inauguração de um Centro de Atenção Psicossocial em Bonsucesso, voltado para o atendimento da população do Complexo da Maré, ocupado recentemente por forças de segurança.

Não há informações sobre os participantes da reunião de emergência convocada por Paes.

Ocupação

A grande maioria das pessoas que ocupam o prédio decidiu invadir o imóvel para fugir da alta dos aluguéis, que teria disparado nas comunidades, principalmente depois dos processos de pacificação. "O objetivo de todos é a moradia, porque nós não estamos em nenhum projeto social  do governo. Eu precisei sair da minha comunidade, o Jacarezinho, porque o aluguel ficou muito puxado. Eu ganho R$ 700 e pago R$ 400 de aluguel. O resto dá para comer o mínimo", disse o mecânico Adriano Rodrigues de Oliveira, no último dia 8.

Na tarde de terça-feira uma reunião entre a juíza responsável pelo caso, oficiais da Polícia Militar, representantes da Defensoria Pública, da prefeitura e dos moradores da área ocupada foi feita, mas terminou sem acordo. 

Agência Brasil Agência Brasil
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