PUBLICIDADE

Política

Quem é Baldy, secretário de Doria preso pela Lava Jato

Baldy teve atritos com aliados e enfrentou falta de recursos para operação do Metrô

6 ago 2020 - 12h11
(atualizado às 12h18)
Compartilhar
Exibir comentários

O secretário estadual de Transportes Metropolitanos, Alexandre Baldy, preso pela Polícia Federal em uma operação da Lava Jato do Rio que apura desvios na Saúde, vinha enfrentando desgastes dentro do governo João Doria (PSDB) durante a pandemia do coronavírus. Baldy havia deixado de participar das reuniões de secretariado convocada pelo governador, embora ainda contasse com seu apoio. A gestão do Metrô durante a crise resultou em uma troca de farpas pública com o prefeito da capital, Bruno Covas (PSDB).

Secretário de Transportes Metropolitanos de São Paulo, Alexandre Baldy
22/11/2017
REUTERS/Ueslei Marcelino
Secretário de Transportes Metropolitanos de São Paulo, Alexandre Baldy 22/11/2017 REUTERS/Ueslei Marcelino
Foto: Reuters

Diante da operação desta quinta, 6, a primeira reação da equipe de Doria foi destacar que os desvios que levaram à prisão do secretário - o primeiro caso no governo paulista - não tiveram relação com sua atuação em São Paulo, mas sim em Goiás. A sede da secretaria, na Rua Boa Vista, centro da cidade, foi alvo da operação.

O racha de Baldy com a equipe vinha como consequência da falta de verbas trazida pela crise. O secretário vinha tentando obter recursos extras para a operação do Metrô, que com a queda de passageiros na pandemia perdeu cerca de R$ 730 milhões em recursos da bilheteria, e reclamava do colega Mauro Ricardo, do Planejamento, que não liberava verbas extras. Por isso, Baldy deixou de frequentar as duas últimas reuniões em que Doria convoca toda equipe, em uma sala do primeiro andar do Palácio dos Bandeirantes, para que cada secretário apresente ao governador e aos colegas as ações de suas pastas. Não apareceu nem nas teleconferências.

Baldy chegou a propor atrasar os salários do metroviários pela falta de caixa durante a crise, uma ação que quase gerou uma greve, e havia optado por retirar 25% da frota de trens de circulação, mesmo durante a epidemia, por falta de pessoal para operar as composições - os funcionários que fazem parte da população de risco estavam em casa.

Doria havia decidido não intervir na disputa, e publicamente apoiou a condução da crise por parte de seu secretário de Transportes Metropolitanos.

A ausência se deu depois de um primeiro desentendimento, que se deu com o prefeito Bruno Covas, aliado de Doria e seu candidato à prefeito neste ano. Quando a capital ainda estava com o comércio fechado, e a Prefeitura fez tentativas de aumentar o isolamento social com mudanças no rodízio e com o bloqueio nas principais avenidas. Baldy previu que essas ações trariam mais lotação para o Metrô, e iam no sentido contrário a redução de gastos prevista por ele. Assim, ele usou as redes sociais e deu entrevistas para dizer que as medidas de Covas não haviam sido discutidas com ele, que chefia o Metrô e a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Covas rebateu, em entrevistas à TV, dizendo que Baldy não tinha "prestígio" no governo, e que se ele não tinha condições de cuidar do Metrô, poderia repassar a gestão da empresa à Prefeitura.

Baldy chegou no governo paulista em meio a um movimento de Doria de trazer ex-ministros da presidência de Michel Temer (MDB) para o compor seu secretariado, uma ação que resultou também na indicação de Rossieli Soares (Educação), Sérgio Sá Leitão (Cultura) e Gilberto Kassab (Casa Civil), que não chegou a tomar posse por também ter sido alvo da Lava Jato - embora ainda conste como o titular do cargo. O secretário era ministro das Cidades, ministério extinto pelo governo Jair Bolsonaro, encarregado de programas como o Minha Casa Minha Vida e da construção de corredores de ônibus em centros urbanos do País. Para a presidência do Metrô, ele trouxe seu secretário executivo do ministério, Silvani Alves.

Antes do ministério que ocupou entre 2017 e 2018, Baldy havia sido deputado federal pelo PSDB goiano (entre 2014 e 2017) e secretário de Indústria e Comércio de Goiás, nomeado por Marconi Perillo entre 2011 e 2013. Baldy ainda tinha articulações com o Congresso e esteve em Brasília em julho para articular a votação da MP 938, que previa recursos para o transporte nos Estados durante a crise. As discussões se transformaram no PL 3909/20, cuja votação está prevista para esta semana. Sua atuação na Câmara e no ministério resultaram em alianças com políticos de outros Estados. No Metrô, ele deu cargos para o ex-subsecretário de Cultura do Espírito Santo, Ricardo Pandolfi, e para Janine Faria, filha do ex-governador do Rio Grande do Norte Robinson Faria, irmã do ministro das Comunicações Fábio Faria (PSD).

Antes da pandemia, Baldy conduzia processos para a concessão das linhas da CPTM à iniciativa privada e negociava, com empresas da China, a retomada das obras paradas da Linha 6-Laranja do Metrô.

Estadão
Compartilhar
Publicidade
Publicidade