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Política

Pedido de R$ 100 mil, 'empresários do agro' e políticos: PF reúne provas que indicam atuação premedita de atos golpistas

Investigações revelam avanços no que diz respeito aos financiadores e mentores da tentativa de golpe de Estado

13 fev 2024 - 11h36
(atualizado às 19h47)
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Operação da PF mira Braga Netto e Augusto Heleno e prende Filipe Martins e ex-assessor de Bolsonaro
Operação da PF mira Braga Netto e Augusto Heleno e prende Filipe Martins e ex-assessor de Bolsonaro
Foto: Divulgação/Polícia Federal / Estadão

As investigações da Polícia Federal (PF) sobre a ofensiva antidemocrática revelam avanços no que diz respeito aos financiadores e mentores da tentativa de golpe de Estado que resultou na invasão e depredação das sedes dos três Poderes em 8 de janeiro de 2023. As informações são do jornal O Globo

A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, que ordenou a operação Tempus Veritatis contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados, apresentou os indícios mais robustos até o momento de uma trama golpista premeditada. As investigações sugerem que houve conhecimento prévio e apoio de alguns dos nomes mais próximos ao então presidente.

Conforme as investigações, os atos partiram da "arregimentação e do suporte direto" do grupo ligado a Bolsonaro, suspeito de envolvimento na tentativa de rompimento constitucional. A conclusão foi reforçada por meio de conversas e áudios obtidos pela PF.

Um dos diálogos revela o major Rafael Martins de Oliveira, que acabou preso, solicitando orientações ao tenente-coronel Mauro Cid, ex-auxiliar de Bolsonaro, sobre recursos financeiros para transportar "pessoas" do Rio de Janeiro a Brasília e para definir locais para a realização das manifestações. O diálogo aconteceu dias antes dos atos bolsonaristas convocados em novembro de 2022.

Martins questionou se deveriam direcionar o protesto à Praça dos Três Poderes e indagou se as Forças Armadas permitiriam que os manifestantes permanecessem nesses locais. Mauro Cid respondeu: "CN e STF", referindo-se ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal, e em seguida afirmou "vão", indicando concordância por parte dos militares. O protesto acabou ocorrendo em frente ao Quartel-General do Exército.

Em outro diálogo, Cid pede uma estimativa de preço com relação aos custos para financiar essa ação. “R$ 100 mil?”, pergunta, completando: “Para trazer um pessoal do Rio”. 

Martins responde que  “aquele valor de 100 se encaixa nessa estimativa”. Ao encaminhar um arquivo, sugere: “Depois apaga”.

A Procuradoria Geral da República (PGR), em parecer, apontou que as investigações indicam que Martins “atuou de forma direta no direcionamento dos manifestantes para os alvos de interesse dos investigados” e realizou a “coordenação financeira e operacional para dar suporte aos atos antidemocráticos e arregimentar integrantes das Forças Especiais do Exército, para atuar nas manifestações, que, em última análise, não se originavam da mobilização popular”.

Há suspeitas de que os R$ 100 mil solicitados a Cid tenham sido direcionados a um grupo de oficiais das Forças Especiais do Exército, conhecidos como de "kids pretos", com os quais auxiliares de Bolsonaro se encontraram nos meses anteriores ao 8 de Janeiro. O grupo militar teria fomentado as invasões das sedes dos três Poderes e orientado a multidão.

Empresários do agro

Em outra investigação, um áudio enviado por Cid, em 16 de novembro, destacou o envolvimento de empresários do agronegócio. Na gravação, ele menciona que "empresários do agro" que estavam financiando e colocando carros de som em Brasília tiveram seus bens bloqueados e foram convocados para depor. Na época, Moraes havia determinado o bloqueio de contas relacionadas a 43 empresários, além de agendar os depoimentos.

A defesa de Bolsonaro alega que ele nunca "atuou ou conspirou" contra a democracia, enquanto os advogados de Cid afirmam que nenhum valor foi efetivamente pago e que ele está disposto a explicar as mensagens à Polícia Federal caso seja intimado para prestar novo depoimento.

Participação política 

As investigações também alcançaram o deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ), que atua como líder da oposição na Câmara. Segundo a PGR, ele possuía "autoridade para ordenar ações antidemocráticas" no Rio de Janeiro. As investigações revelaram uma conexão entre o parlamentar e Carlos Victor de Carvalho, identificado como líder de grupos de extrema direita em Campos dos Goytacazes, região Norte do estado do Rio. Carvalho foi detido sob suspeita de financiar ônibus que se dirigiram a Brasília, mas posteriormente foi liberado.

Em uma mensagem enviada a Jordy em 1º de novembro de 2022, durante o bloqueio de rodovias em todo o país, Carvalho se refere ao deputado como "meu líder", solicita orientações e menciona que Jordy possui "poder para parar tudo".

O deputado negou ter incentivado ou financiado qualquer ação golpista, alegando ter sido alvo de uma medida "autoritária". A defesa de Carvalho afirmou que ele não praticou irregularidades, destacando que não estava em Brasília no dia 8 de janeiro e que apenas participou da campanha eleitoral de Jordy.

Fonte: Redação Terra
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