Mourão: Família sem pai e avô é 'fábrica de desajustados'
General defendeu ainda o voto distrital para pôr fim à crise político-partidária que o País vive
O general Hamilton Mourão (PRTB), candidato a vice na chapa de Jair Bolsonaro (PSL) nas eleições 2018, disse nesta segunda-feira (17) que a diplomacia "Sul-Sul" exercida durante os governos petistas aproximou o país de uma "mulambada". Ele voltou a defender uma reforma da Constituição, "a mãe de todas as reformas" e, ao falar de segurança, disse que famílias sem pai e avô em áreas pobres são "fábrica de elementos desajustados."
Adotando um tom presidencial, o candidato a vice discursou por cerca de uma hora para empresários e representantes da construção civil, em evento promovido pelo Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP) com outras 21 entidades, que se reuniram num grupo chamado Reformar Para Mudar. Em sua fala, Mourão citou apenas uma vez Bolsonaro, que continua internado no Hospital Albert Einstein se recuperando da facada que tomou há duas semanas. "Bolsonaro é um estadista, não pensa apenas nesta eleição, mas sim nas próximas gerações", declarou.
O candidato a vice também reclamou da forma como as forças policiais brasileiras são criticadas caso ajam "como polícia". "Temos que lembrar que direitos humanos são para humanos direitos", disse o general. "Nosso aparato de segurança pública, se a polícia age como polícia, é duramente criticada: é o genocídio, o martírio da população brasileira. É trabalho enfrentar isso daí", disse o general, que foi aplaudido pela plateia.
O general da reserva atacou a crise dos costumes e defendeu a instituição família como base social e da prevenção do aliciamento para o tráfico. "A partir do momento em que a família é dissociada, surgem os problemas sociais. Atacam eminentemente nas áreas carentes, onde não há pai e avô, mas sim mãe e avó, por isso é fábrica de elementos desajustados que tendem a ingressar nessas narcoquadrilhas", criticou.
Mourão foi aplaudido outras duas vezes enquanto discursava, ambas ao defender o livre mercado e a iniciativa privada.
Na área econômica, Mourão defendeu a responsabilidade fiscal, as reformas da Previdência e tributária e também a privatização das áreas de refino e distribuição da Petrobras. Repetindo as declarações ditas na semana passada, o candidato a vice defendeu ainda que a reforma da Constituição é a "mãe de todas as reformas", uma vez que ela está desatualizada, apesar das muitas emendas que sofreu. Ele também pregou o estabelecimento de mandatos para as agências reguladoras, com o objetivo de impedir que a "macacada" as use como cabide de empregos.
Mourão defendeu ainda o voto distrital para pôr fim à crise político-partidária que o país vive e prometeu trabalhar para desburocratizar o Estado brasileiro, que julga ser caro, corporativista e com abertura para determinados grupos de servidores, que têm "valorização assimétrica".
Após o evento, Mourão foi questionado por jornalistas sobre as declarações em relação à política externa dos governos petistas, que priorizou os países em desenvolvimento. "Era apenas para o auditório ficar mais satisfeito", minimizou, "Não eram os países que trariam o retorno do investimento que fizemos neles."