Glauber Braga ocupa cadeira de Motta em protesto contra análise de cassação
Presidente da Câmara disse mais cedo que vai levar o caso ao plenário nos próximos dias
BRASÍLIA - O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) se sentou na cadeira do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), nesta terça-feira, 9, e protestou contra o processo do qual é alvo no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar.
Motta disse mais cedo que vai levar o caso ao plenário nos próximos dias. "Eu vou me manter aqui, firme, até o final dessa história", disse.
Glauber presidia a sessão quando criticou a diferença de tratamento dado pela Câmara contra ele, que pode ser cassado, e os bolsonaristas Carla Zambelli (PL-SP) e Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que mantêm os mandatos apesar de condenações e investigações.
O relator do processo de cassação do mandato de Zambelli (PL-SP), Diego Garcia (Republicanos-PR), votou na semana passada pelo indeferimento da determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. "Meu voto é pela preservação do mandato da deputada Carla Zambelli."
Zambelli está presa na Itália, para onde fugiu pouco depois de o STF determinar sua prisão, em junho. Ela foi condenada pela Corte a dez anos de prisão e à perda do mandato por envolvimento na invasão feita pelo hacker Walter Delgatti Neto ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Já Eduardo abandonou seu mandato na Câmara em março, mudou-se para os Estados Unidos e desde então vinha atuando junto à Casa Branca para impôr sanções contra o Brasil e contra o STF. Ele mantém o mandato, mesmo sem poder atuar.
"Se o presidente da Câmara dos Deputados quiser tomar uma atitude diferente da que ele tomou com os golpistas que ocuparam esta Mesa Diretora e que até hoje não tiveram qualquer punição, esta é uma responsabilidade dele. Eu aqui ficarei até o limite das minhas forças", declarou Braga.
Ele também criticou o fato de a Câmara poder votar nesta terça-feira o projeto que deve reduzir as penas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na trama golpista.
"A anistia aos golpistas do 8 de Janeiro, já se especula que pode levar Jair Bolsonaro a ter a sua pena diminuída para dois anos (...) Eu vou ficar aqui calmamente, com toda a tranquilidade, exercendo o meu legítimo direito político de não aceitar como fato consumado uma anistia para um conjunto de golpistas, diminuição de pena para Bolsonaro de dois anos", afirmou, antes de anunciar que ficaria sentado na cadeira.
Em seguida, a Polícia Legislativa da Câmara vedou o acesso de assessores e jornalistas ao plenário da Casa. O acesso está permitido somente a deputados. A TV Câmara também suspendeu a exibição da sessão legislativa.