Dino relembra caso envolvendo Fux em 2021 para destacar gravidade dos ataques golpistas
Caso citado por ministro remete a quando havia temor de que manifestantes convocados pelo então presidente Jair Bolsonaro invadissem o STF
Durante o julgamento no STF, Dino relembrou tensões de setembro de 2021, quando Fux permaneceu no tribunal diante de possíveis ataques, e enfatizou a gravidade dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, corroborado por Alexandre de Moraes.
Durante o julgamento da trama golpista no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira, 9, o ministro Flávio Dino dirigiu-se ao colega Luiz Fux, que presidia a Corte em setembro de 2021, e questionou se era verdade que ele havia dormido no STF na véspera do 7 de Setembro daquele ano.
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O episódio remete a um período de grande tensão, quando havia temores de que manifestantes convocados pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL) para atos na Esplanada dos Ministérios pudessem tentar invadir o Supremo.
Em resposta ao questionamento de Dino, o ministro Fux confirmou que passou a noite no tribunal, mas negou ter dormido. “Eu não cheguei a dormir. Eu compareci ao tribunal porque tinha 850 mil pessoas na Praça dos Três Poderes e não aconteceu absolutamente nada”, afirmou.
Aproveitando a deixa, Dino enfatizou que houve violência e grave ameaça nos ataques antidemocráticos de 8 de Janeiro de 2023. “Houve uma invasão violenta da Esplanada. As pessoas chegaram na Praça dos Três Poderes porque elas enfrentaram a polícia. E não existe forma de enfrentar a polícia sem ser com violência”, declarou.
Quem também relembrou os ataques de Bolsonaro à época em que Fux presidia a Corte foi o ministro Alexandre de Moraes. Durante seu voto, o relator do processo apresentou um PowerPoint listando "atos executórios" atribuídos aos réus e mencionou um ataque de Bolsonaro ao então presidente do STF, ministro Luiz Fux. Em seguida, listou frases das quais ele próprio foi alvo.
"O réu Jair Bolsonaro, se dirigindo ao ministro presidente, Luiz Fux, disse: 'Ou o chefe desse Poder enquadra o seu ou esse Poder pode sofrer aquilo que não queremos, porque nós valorizamos, reconhecemos e sabemos o valor de cada Poder da República'. Uma frase que confessa, novamente de viva voz perante milhares de pessoas, o crime de abolição do estado democrático de direito, que, como todos nós sabemos, diz tentar abolir. É uma clara ameaça de impedir ou restringir o livre exercício do Poder Judiciário", afirmou Moraes.
O relator ainda acrescentou que, devido às ameaças, Fux precisou reforçar a segurança nos arredores do STF durante o feriado da Independência de 2021 e nos dias subsequentes.
