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Tatiana Farah

Simone na fila pelo ministério

Presidente eleito anunciou hoje ministério com aliados do primeiro turno. Os do segundo ficam para a semana que vem

22 dez 2022 - 16h15
(atualizado às 16h27)
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Wellington Dias, ex-governador petista do Piauí, ficou com a vaga desejada pela senadora Simone Tebet (MDB) no novo governo. O presidente eleito não cedeu à pressão, sobretudo na mídia, para dar a ela o cargo de ministra do Desenvolvimento Social. Se pensarmos bem, não faria mesmo muito sentido tirar do PT uma área em que ele sempre se destacou para colocar uma senadora que veio do agronegócio.

Simone tinha planos. Durante toda a campanha eleitoral, a então candidata a presidente pelo MDB abraçou a causa social com a mesma vontade com que abraçou a campanha de Lula no segundo turno. Mas isso não é currículo, já que a questão curricular tem sido tão defendida pelos analistas e eleitores.

Se houve pressão na mídia para emplacar Simone Tebet, faltou pressão por parte do MDB. Não teve choro nem ranger de dentes, não houve protesto com fanfarra na porta do CCBB, sede do governo de transição. O que só mostra que Tebet está tão sozinha como durante a campanha, em que os antigos do MDB lhe deram as costas, apesar dos esforços do presidente da legenda, Baleia Rossi.

Foto: Reprodução/Instagram/Simone Tebet

Hoje, Lula anunciou uma leva de ministros discutidos e combinados com o alto escalão das legendas que o apoiaram no primeiro turno, o PSB de Geraldo Alckmin e Márcio França e o PCdoB de Luciana Santos, os três agora ministros. Mas avisou que quem enfrentou o governo Bolsonaro terá vez e voz.

Na semana que vem, Lula vai lançar os nomes dos ministros apoiados pelos partidos que engrossaram a campanha petista no segundo turno, o que inclui o MDB. Significa que Simone Tebet não está fora do jogo. Devem pesar as indicações de emedebistas como Renan Calheiros e Helder Barbalho. O partido quer ao menos duas vagas e deve se reunir até o começo da semana para fechar a composição de nomes a sugerir a Lula. 

É indiscutível o papel que Simone Tebet teve no segundo turno. Ela poderia, como fez Ciro Gomes (PDT), dar um apoio velado, um quase não-apoio. Sempre foi adversária do PT. Mas entrou na campanha com o coração e a mente, fez o L com gosto. 

Dali também dependia sua sobrevivência política. Com seu discurso antibolsonarista no primeiro turno, seria um tiro no pé fazer como Ciro Gomes. Os ciristas sabem que a postura do candidato do PDT ajudou a empurrá-lo para o limbo, mas Ciro é daqueles políticos que conseguem se manter em evidência mesmo sem cargos. Embora muito bem articulada, Simone Tebet não tem esse jogo de cintura nem está em um partido que a incense como o PDT faz (ou fazia) com Ciro Gomes.

A senadora deixa o palco do Senado no dia 1º de janeiro. Se não for recompensada com um cargo público, sua tendência é submergir. Lula tem uma dívida com ela, assim como o MDB. Mas o desgaste não vai para a conta do partido de Simone, vai apenas para o presidente eleito que, num governo com 37 ministérios, não terá como acomodar uma aliada que lhe foi fiel. Mas, calma, a bola ainda está em jogo e nem começou a prorrogação.

Fonte: Tatiana Farah Tatiana Farah é jornalista de política há mais de 20 anos. É repórter da Agência Brasília Alta Frequência. Foi gerente de comunicação da Abraji, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo. Repórter do BuzzFeed News no Brasil de 2016 a 2020.  Responsável por levar os segredos do Wikileaks para O Globo, onde trabalhou por 11 anos. Passou pela Veja, Folha de S. Paulo e outras redações, além de assessorias de imprensa. As opiniões da colunista não representam a visão do Terra. 
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