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Política

Bolsonaro é avisado que MP trabalhista não será votada

Entre outros pontos, texto prevê incentivo para o primeiro emprego e para pessoas com mais de 55 anos, com redução de encargos trabalhistas

17 abr 2020 - 14h53
(atualizado às 15h25)
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BRASÍLIA - Após o presidente Jair Bolsonaro voltar sua artilharia para o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), auxiliares do Palácio do Planalto receberam a informação de que o Congresso não vai mais votar a medida provisória que cria o contrato Verde e Amarelo. A MP passou pela Câmara na terça-feira, mas ainda depende do aval do Senado para não perder a validade, o que acontece na segunda-feira da semana que vem.

Jair Bolsonaro é avisado que MP trabalhista não será mais votada
Jair Bolsonaro é avisado que MP trabalhista não será mais votada
Foto: Dida Sampaio / Estadão

Entre outros pontos, o texto prevê incentivo para o primeiro emprego e para pessoas com mais de 55 anos, com a redução de encargos trabalhistas. Segundo um interlocutor do presidente, a decisão de deixar a MP caducar foi vista como uma espécie de "vingança" da cúpula do Congresso após a troca de farpas públicas entre Maia e Bolsonaro em entrevistas à CNN na noite de quinta, 16. Uma reunião entre o presidente com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-RJ), teria selado a estratégia.

Na ocasião, Bolsonaro disse que a atuação de Maia é "péssima" e insinuou que o parlamentar trama contra o seu governo. Em resposta, Maia afirmou que não vai atacar o presidente, mas sim "jogar flores" e lembrou que o presidente costuma usar a tática de tentar mudar o assunto quando enfrenta noticiário negativo. Desta vez, segundo o presidente da Câmara, a estratégia seria para tirar o foco da demissão do ministro da Saúde, Luiz Henrique Maia, em plena crise da pandemia do coronavírus.

No Planalto, a tentativa de derrubar a MP Verde e Amarelo não é apenas uma resposta de Maia e Alcolumbre à Bolsonaro pelos ataques ontem ao presidente da Câmara. É também uma resposta à insatisfação dos dois com a saída de Luiz Henrique Mandetta e consequentemente do DEM do MInistério da Saúde. A presença de Mandetta, na pasta, desde o início, foi uma pedra no sapato de Bolsonaro.

Na discussão da saída de Mandetta, o presidente chegou a se recordar e comentar que o então deputado não era uma escolha sua, mas uma imposição do seu coordenador da transição. Bolsonaro já havia optado pelo nome do oncologista Nelson Teich e ia anunciá-lo quando, aos 44 do segundo tempo, o então coordenador da transição e futuro ministro da Casa Civil, deputado Onyx Lorenzoni, também do DEM, chegou ao seu gabinete no Centro Cultural Banco do Brasil, com inúmeros deputados do seu partido e representantes da Frente Parlamentar da Saúde, colocando Mandetta "goela abaixo" de Bolsonaro, mesmo contra a posição de setores da equipe, que incluía os militares. Além de ser mais um nome político, pesava contra o então deputado, suspeitas de irregularidades em Campo Grande (MS), onde foi secretário. Se vendo sem saída, Bolsonaro aceitou indicar Mandetta, mas ouviu avisos e queixas a ter cedido a isso.

Estadão
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