Ato contra Dino em SP tem marchinha, reclamação por ausência de Nunes e campanha para Salles
Protesto foi esvaziado e ocupou a Avenida Paulista entre o Masp e a esquina da rua Peixoto Gomide
Com o protesto esvaziado neste domingo, 10, lideranças do ato contra a indicação de Flávio Dino (PSB-MA) para o Supremo Tribunal Federal (STF) tentaram manter os bolsonaristas presentes mobilizados para futuras manifestações. Realizado na avenida Paulista, o ato ocupou pouco mais de meio quarteirão, entre o Museu de Arte de São Paulo (MASP) e a esquina da rua Peixoto Gomide. A Secretaria Estadual de Segurança Pública de São Paulo informou que não tem uma estimativa do público. Também houve manifestação em Brasília e outras cidades do país.
Dino foi chamado de "comunista", "ditador", retratado como alguém adepto do ativismo judicial e que será um aliado do ministro Alexandre de Moraes no STF. Os manifestantes foram instados a pressionarem os senadores por meio de ligações e mensagens em uma tentativa de barrar a indicação de Lula (PT) para a mais alta corte do país. A data da sabatina, marcada para a próxima quarta-feira, 13, foi tratada pelos bolsonaristas como "deboche" por ser o número de urna utilizado pelo PT e também o dia do aniversário de Moraes.
Uma marchinha tocada repetidamente tinha o lema "Dino, não". A letra afirma que vai realizar uma pesquisa de opinião sobre a indicação e que "esse cara no Supremo é esculhambação". A música também diz que o ministro vai acabar com a liberdade de expressão no país.
O senador Jorge Seif (PL-SC) aproveitou o ato para cobrar a presença do prefeito Ricardo Nunes (MDB-SP) e disse que São Paulo vai votar em Ricardo, mas o Salles, em referência ao deputado bolsonarista que tenta viabilizar sua candidatura a prefeito. "O prefeito de São Paulo não quer os votos dos patriotas para se reeleger? Cadê ele? Cadê o partido dele que fechou questão com esse comunista imundo do Dino?", discursou.
Nunes quer o apoio de Jair Bolsonaro (PL) e do PL à sua candidatura, ao mesmo tempo em que procura manter uma distância de segurança do bolsonarismo. O único compromisso do prefeito neste domingo é um torneio de beach tennis. Procurada, a assessoria de Nunes não respondeu ao pedido de posicionamento.
Salles, no entanto, também não compareceu ao protesto durante as duas horas que a reportagem esteve no local, entre às 15h e às 17h. A manifestação começou às 14h. Parte das lideranças bolsonaristas em São Paulo integra a comitiva liderada por Bolsonaro para a posse de Javier Milei na Argentina, mas não há registros nas redes sociais de Salles que ele esteja no país vizinho. A reportagem procurou o pré-candidato por meio de mensagem, mas não obteve resposta. Ele participou do último ato bolsonarista realizado no dia 26 de novembro.
Pré-candidata do Novo em SP, Marina Helena subiu no caminhão de som e tirou uma foto com uma máscara de dinossauro, em referência ao sobrenome de Dino. "A história se repete. Há 8 anos eu estava grávida de 6 meses aqui na Paulista gritando 'Fora Dilma'. Já vencemos uma vez! Bora", escreveu ela nas redes sociais.
DINO NÃO
A história se repete. Há 8 anos eu estava grávida de 6 meses aqui na Paulista gritando "Fora Dilma".
Já vencemos uma vez! Bora pic.twitter.com/xvPDQ8vVcV
— Marina Helena (@marinahelenabr) December 10, 2023
Bolsonaristas tentam retomar as ruas após 8 de janeiro
A manifestação deste domingo foi a terceira consecutiva convocada pelos bolsonaristas, que também fizeram atos nos dias 15 e 26 de novembro. Eles tentam voltar a ocupar as ruas após os atos golpistas de 8 de janeiro, que resultaram na prisão de pessoas que invadiram os prédios dos Três Poderes e que estavam no acampamento próximo ao quartel-general do Exército em Brasília.
Um dos presos foi Cleriston da Cunha, que morreu no dia 20 de novembro de um mal-súbito enquanto estava preso preventivamente na penitenciária da Papuda, em Brasília. Ele foi homenageado na manifestação deste domingo, e o senador Magno Malta (PL-ES) o comparou ao jornalista Vladimir Herzog, torturado e morto pela ditadura militar. "Ele morreu na tutela do Estado. Mas o Clesão, ministro Alexandre de Moraes, morreu na tutela do Estado também", disse o senador.
Malta disse ainda que o dia foi importante por marcar o retorno dos bolsonaristas às ruas. "Amanhã ou hoje à noite vão dizer que aqui tinha 100 pessoas. Todas as mídias vão dizer que foi um fiasco. Nós estamos aqui pela vida. Então se nós tivéssemos só em dois, já valeria a pena", disse ele, citando uma passagem bíblica.
Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP) disse que o comparecimento está aumentando na medida em que novas manifestações são convocadas, mas pediu para que o público dê "bronca" em quem não marcar presença. "Conhecemos perfeitamente o que está acontecendo. A situação é grave. Quem não veio, não está sabendo. Se soubesse, estaria pedindo para vir aqui. O Executivo junto com o Judiciário [estão] formando um plano ditatorial para o Brasil", declarou o deputado federal.
Com parte dos bolsonaristas na Argentina, os principais nomes do ato paulista vieram de Brasília, onde participaram da mesma manifestação na manhã deste domingo. Além de Malta e Seif, o senador Eduardo Girão (Novo-CE) também realizou a viagem para participar do protesto.