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Associação indígena tem ação pronta para reverter no STF derrubada de veto de Lula ao marco temporal

Apib pede que o ministro Edson Fachin seja designado o relator da ação por ter exercício a mesma função no julgamento que declarou o marco temporal inconstitucional

7 dez 2023 - 09h11
(atualizado às 10h19)
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Julgamento do marco temporal no Supremo Tribunal Federal foi acompanhado por indígenas
Julgamento do marco temporal no Supremo Tribunal Federal foi acompanhado por indígenas
Foto: Carlos Moura/STF

BRASÍLIA - A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) já prevê que o Congresso derrubará na sessão desta quinta-feira, 7, os vetos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à lei que criou o marco temporal para demarcação de terras ocupadas por comunidades tradicionais. Ciente da derrota, o núcleo jurídico da instituição apresentará uma ação ao Supremo Tribunal Federal (STF) para declarar inconstitucional a medida aprovada pelos parlamentares.

"Os direitos fundamentais dos Povos Indígenas têm sido alvo de profundo retrocesso, atualmente empreendidos por uma ala extremista do Congresso Nacional que quer avançar com o "genocídio legislado", sob o pretexto de que o Supremo Tribunal Federal invade a competência de legislar do Poder Legislativo ao interpretar a Constituição Federal, em seu Artigo 231, sobre os direitos territoriais originários dos Povos Indígenas", argumenta a Apib na ação que será apresentada ao STF.

Marco temporal: o que é e por que ele representa risco de vida para os indígenas:

A Apib pede que o STF declare inconstitucional a íntegra do projeto de lei aprovado pelo Congresso, o que implica em invalidar até mesmo os pontos preservados por Lula ao deliberar sobre o que seria vetado.

A articulação também quer que a nova ação seja relatada pelo ministro Edson Fachin por ter sido ele o relator do primeiro julgamento que considerou inconstitucional a tese de marco temporal para demarcações de terras indígenas. O grupo argumenta que os dois processos têm teor semelhante e cita que o acórdão do primeiro julgamento ainda não foi publicado, o que justificaria a relatoria de Fachin.

Em setembro deste ano, o Senado aprovou por, 43 votos a 21, o projeto que institui o marco temporal - ou seja, ficam proibidas novas demarcações e os indígenas só poderão ter acesso aos territórios que comprovadamente ocupavam quando foi promulgada a Constituição, em 1988.

A aprovação do texto aconteceu no mesmo dia em que o STF encerrou o julgamento que tornou inconstitucional o uso da tese de marco temporal em processos na Justiça. Lideranças parlamentares ligadas ao agronegócio iniciaram uma mobilização contra a Suprema Corte sob a acusação de que ela invadiu competências do Poder Legislativa ao deliberar sobre o marco temporal.

Quase um mês depois, em outubro, o presidente Lula vetou o principal ponto do projeto de lei do marco temporal. Embora o presidente tenha rejeitado o "coração" da proposta, o veto acabou sendo parcial porque foram preservados 11 dos 33 dispositivos do projeto. Entre eles está o artigo 16 quando diz que as áreas indígenas poderão ser formadas por "terras devolutas da União discriminadas para essa finalidade" e também "áreas particulares desapropriadas por interesse social".

Agora, Lula já admite derrota para o Congresso na sessão desta quinta-feira. Em reunião com representantes de 135 entidades da sociedade civil brasileiras em Dubai onde participa da Cúpula do Clima (Cop-28,) o petista cobrou mobilização para evitar que "a raposa tome conta do galinheiro" no Legislativo e também no Executivo.

"É só olhar a geopolítica do Congresso Nacional que vocês sabiam que a única chance que a gente tinha era o que foi votado na Suprema Corte. E é por isso que a gente corre risco de derrubar o veto", disse.

Estadão
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