Anistia a Bolsonaro: oposição aposta em “fator Trump” e tenta atrasar votação na Câmara
No Senado, PEC da Blindagem é vista como “caso perdido”
A oposição se frustrou com a condução do projeto de anistia na Câmara após a escolha de Paulinho da Força (SD-SP) como relator, que defende apenas revisão de penas e não indulto amplo aos envolvidos no golpe de Estado. Sem estratégia clara, líderes apostam em pressão internacional de Donald Trump e em adiar a votação prevista para quarta-feira, 24. No Senado, a PEC da Blindagem perdeu força e já é considerada inviável.
Depois da aprovação da urgência do projeto de lei da anistia na Câmara dos Deputados, a oposição ao governo Lula se deu conta de que o acordo com a Mesa Diretora da Casa para a votação da proposta trouxe fatores inesperados.
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Um deles foi a entrega da relatoria ao deputado Paulinho da Força (SD-SP), que defende a revisão das penas dos acusados de tentativa de golpe de Estado e não a concessão de um indulto amplo aos envolvidos.
A ideia vai na contramão do que era esperado pelos aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro. Lideranças do Senado e da Câmara apontam para o clima de insatisfação e buscaram, sem sucesso, reverter o quadro, considerado um saldo negativo aos interesses da direita brasileira.
Consultados, deputados e senadores afirmam que o PL, maior partido opositor de Lula, não atualizou orientações nem estratégias aos seus integrantes até o momento. Até agora, o único encaminhamento é a aposta de que o presidente norte-americano Donald Trump continue pressionando o Judiciário e o Planalto em favor do aliado brasileiro.
Outra definição levantada é a tentativa de atrasar a pauta, prevista para votação na próxima quarta-feira, 24. “Atrasaram tanto essa deliberação. Por que agora querem votar de todo jeito?”, questionou um dos líderes ouvidos pelo Terra.
De acordo com avaliação reservada, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), não é considerado traidor da direita, já que estaria sendo pressionado pelo Judiciário a mudar o rumo das tratativas sobre a anistia. Parlamentares acreditam que o cenário atual reflete o efeito da “longa mão do ministro Alexandre de Moraes sobre o Legislativo”.
As insatisfações dos bolsonaristas com as negociações também envolvem a escolha do texto. O projeto relatado por Paulinho da Força deixou de lado a proposta apresentada pelo deputado José Medeiros (PL-MT) e pelo ex-deputado Major Vitor Hugo (PL-GO). “Descartaram qualquer participação do PL. A mensagem que eles querem passar é que sepultaram a anistia”, afirmou um parlamentar.
Outra derrota contabilizada pela oposição está no avanço da PEC da Blindagem. “Essa aí subiu no telhado. A própria escolha do relator Alessandro Vieira e o tratamento da mídia se encarregam disso”, avaliou um congressista.

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