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Polícia

Saiba mais sobre o partido suíço SVP

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O Partido do Povo da Suíça (SVP), também chamado de UDC (União Democrática de Centro), considerado ultra-nacionalista por se posicionar contra as políticas que favorecem estrangeiros, tem cerca de 90 mil membros e obteve o voto de 29% dos eleitores na última eleição parlamentar do país, em outubro de 2007. A sigla SVP foi marcada com cortes no corpo da advogada Paula Oliveira, 26 anos, que contou ter sido agredida no país por skinheads na noite do dia 9 de fevereiro.

Paula afirmou que três homens brancos, de cabelos raspados, a abordaram e a espancaram na saída de um trem em Dubendorf, cidade próxima a Zurique. A brasileira afirmou ainda que estava grávida de gêmeos e que a agressão a fez abortar os bebês. O partido nega ter qualquer relação com a agressão.

O SVP foi fundado oficialmente em 22 de setembro de 1971, a partir da fusão de dois tradicionais partidos na Suíça: o Partido Cívico dos Agricultores e Comerciantes Suíços (BGB) e o Partido Democrático, dos cantões (Estados) de Glarus e Graubüden.

Em 1992, o SVP foi o único partido que se opôs à entrada da Suíça no Espaço Econômico Europeu e contou com amplo apoio popular. Desde então, segundo o site da legenda, "o SVP é bem mais do que o guardião da independência e neutralidade da Suíça e defendeu ações para uma política de imigração restritiva".

O pesquisador do Laboratório de Estudos do Tempo Presente da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Daniel Santiago Chaves ressalta que, apesar da existência de uma "propaganda anti-imigração de conteúdo xenofóbico", o SVP não é um partido autoritário e tem o apoio voluntário de uma parcela significativa da população e do poder público da Suíça.

De acordo com Chaves, a influência do partido "ficou clara nos instrumentos de Estado". Ele lembrou que, mesmo antes da divulgação do laudo do Instituto de Medicina Forense da Universidade de Zurique, apontando que a brasileira não estava grávida, a polícia local já negava as acusações de Paula. "É como se o imigrante fosse um criminoso em potencial. Isso ficou claro no comportamento da polícia."

Ainda de acordo com as informações do partido, o SVP votou a favor de medidas contra a imigração legal, em dezembro de 1996, e pela regularização da imigração, em setembro de 2000; contra a concessão de nacionalidade suíça a estrangeiros de terceira geração e contra a naturalização de jovens estrangeiros de segunda geração, ambos em setembro de 2004.

O professor da UFRJ exemplificou o extremismo usando a propaganda eleitoral do SVP em 2007, na qual três ovelhas brancas expulsavam uma ovelha negra a coices de cima da bandeira da Suíça. "Ou seja, a ovelha negra representa os imigrantes. Há uma agenda política extremamente conservadora contra qualquer tipo de perspectiva legalizante da União Européia", explica.

Outra demonstração do ultra-nacionalismo da legenda é a capa da última edição do jornal do partido. Uma ilustração mostra três aves negras devorando a bandeira suíça, sobre a legenda: "Passe livre para todos? Não".

Paz assegurada

O pesquisador ressalta ainda que há outros partidos no país com "bandeiras similares", mas que nenhum deles possui tanta expressão quando o SVP. Ele diz ainda que a ascensão da legenda causa surpresa devido ao histórico "conciliador" da Suíça, onde "todo tipo de paz é assegurada".

"Ninguém esperava que isso fosse acontecer na Suíça, que é tido como um país pacífico, com um histórico de mediador de controvérsias, sem envolvimento em conflitos", explicou. "A Suíça jamais seria um país com posturas conservadoras, agressivas e reacionárias desse tipo."

Chaves diz, no entanto, que esse comportamento é reflexo de um movimento que vem crescendo, nos últimos 10 anos, também na Áustria, França, Itália e Espanha. Segundo ele, o estrangeiro vem, na maioria das vezes, de países com menores condições econômicas, em busca de trabalho. "Confunde-se uma questão de controvérsia migratória com uma questão de ordem pública", afirmou.

Fonte: Terra
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