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Polícia

Filho diz que Ubiratan não queria namoro sério com Cepollina

7 nov 2012 - 17h15
(atualizado em 7/11/2012 às 11h42)
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Marina Novaes
Vagner Magalhães
Direto de São Paulo

Retomado nesta terça-feira à tarde, o segundo dia do julgamento da advogada Carla Cepollina, 46 anos, acusada de matar o ex-namorado, o coronel e deputado estadual Ubiratan Guimarães, em 2006, começou com a leitura de depoimentos dados durante o processo de duas testemunhas consideradas chaves no processo: o filho da vítima, Fabrício Rejtman Guimarães, e a delegada da Polícia Federal Renata Madi, com quem ele estaria tendo um relacionamento amoroso na época.

A advogada Carla Cepollina deixa o Fórum da Barra Funda após o primeiro dia de seu julgamento
A advogada Carla Cepollina deixa o Fórum da Barra Funda após o primeiro dia de seu julgamento
Foto: JB Neto / Agência Estado

Ambos foram convocados pela acusação para depor durante o júri, que acontece no Fórum Criminal da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo, mas faltaram - ela por morar em outra cidade, e o filho, alegando problemas de saúde. O Ministério Público chegou a pedir para adiar o julgamento devido à ausência das testemunhas, mas o juiz Bruno Ronchetti de Castro recusou o pedido e determinou que a acusação utilizasse em plenário apenas os depoimentos prestados por Fabrício e Renata à Polícia Civil e à Justiça.

Conhecido por ter comandado a operação policial que resultou no massacre do Carandiru, em 1992, o coronel Ubiratan foi encontrado morto com um tiro em seu apartamento, em setembro de 2006, nu e enrolado em uma toalha de banho. De acordo com a acusação, Carla Cepollina matou o então ex-namorado por ciúme de Renata. Embora tenha sido a última pessoa vista deixando o apartamento, a advogada sempre negou o crime e argumenta não haver provas suficientes contra ela.

Nos três depoimentos que prestou na ocasião, lidos hoje em plenário aos sete jurados, Renata disse que conhecia o coronel há cerca de 6 anos e que ele lhe afirmou ter rompido o namoro com Carla Cepollina meses antes de o crime ocorrer. Ela relatou ainda que, na noite em que ele teria sido assassinado, recebeu mensagens enviadas do celular de Guimarães e que, ao estranhar o conteúdo, ligou para ele, mas a ligação foi atendida pela acusada, que a avisou - de forma calma - que ele estaria dormindo. Cerca de uma hora depois, Renata ligou novamente para ele, desta vez para a casa, mas a ligação foi novamente atendida pela advogada, que disse, desta vez nervosa, que ele não poderia atendê-la, pois os dois estavam "quebrando um baita pau". O coronel foi encontrado morto apenas no dia seguinte.

Já no depoimento que prestou à polícia, também lido hoje durante o júri, o filho do coronel Ubiratan contou como era o relacionamento do pai com a acusada, que descreveu como possessiva. De acordo com Fabrício, Carla e o pai namoraram por cerca de dois anos, mas o relacionamento terminou pois ele não queria nada sério com ela, que não aceitava a situação e queria formar uma família com ele.

Sentada no plenário, ao lado da defesa, Carla Cepollina demonstrou não concordar com o teor das declarações, balançando negativamente a cabeça em vários momentos - principalmente no trecho em que ele conta que ela havia chorado "o tempo todo" durante uma festa em comemoração do aniversário do coronel, inconformada com o término do namoro. Por fim, o filho da vítima disse ainda que estranhou o fato de ela não ter ido ao apartamento no dia em que o corpo foi encontrado.

Medo do PCC

Além dos depoimentos de Renata (suposta pivô da briga que terminou com a morte do coronel Ubiratan) e do filho dele, foram lidas em plenário as declarações da empregada dele à época, Ana Cristina de Jesus Bonfim, convocada pela defesa, mas que também se ausentou. Em sua fala, a faxineira conta que, durante o namoro entre os dois, Carla Cepollina assumiu a responsabilidade de administrar a casa, fazendo compras e cuidando da saúde do coronel. Ela também descreve como era a rotina da vítima, principalmente em relação aos cuidados com a segurança.

De acordo com a faxineira de Ubiratan, embora ela não tivesse conhecimento de ameaças ao patrão, desde que começaram a ocorrer os ataques a policiais em maio de 2006, comandados pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), ele passara a abrir a porta para que ela entrasse pela manhã, sempre com uma arma em punho. Antes, no entanto, era a própria faxineira quem abria a porta do apartamento ao chegar ao trabalho.

A empregada contou que havia vários objetos pessoais de Carla Cepollina no apartamento do coronel e que nunca presenciou qualquer discussão entre os dois. Disse que Ubiratan tinha planos de mudar de apartamento após a eleição, que aconteceria em outubro, para outro maior. Ubiratan era candidato à reeleição como deputado estadual por São Paulo. Conta também que havia fotos dela por toda a casa.

Já o filho do coronel Ubiratan relatou que o pai sempre sofrera ameaças de morte, principalmente por seu envolvimento com o massacre do Carandiru, quando 111 presos foram mortos pela Polícia Militar na Casa de Detenção, em 1992. Por isso, disse o filho, ele sempre andara armado. De acordo com a acusação, o coronel foi morto por um tiro disparado pela própria arma, que desapareceu após o crime.

Desiree Teixeira Freshet, amiga da Carla da época em que as duas cursaram o colégio - e que também teve trechos do seu depoimento lido -, afirmou que que Carla nunca demonstrou interesse em se casar com Ubiratan, mas disse que os dois tinham uma relação bastante próxima.

Disse que a amiga teve uma perda dupla com a morte de Ubiratan, já que ela ficou sem o namorado e um grande amigo.

Relatou ainda que os dois - Carla e Ubiratan - costumavam viajar juntos quando tinham tempo livre e que ficou surpresa com a notícia da morte dele, nas circunstâncias em que aconteceu.

O segundo dia do júri atrasou em duas horas, devido a uma queda de energia elétrica ocorrida na manhã desta terça-feira. Após a leitura dos depoimentos, o julgamento foi interrompido para um intervalo e será retomado com o interrogatório de Carla Cepollina.

Fonte: Terra
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