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Pesquisa indica Dilma à frente de Marina pela primeira vez no segundo turno

26 set 2014 - 20h50
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Luís Guilherme Barrucho e Renata Mendonça

Da BBC Brasil em São Paulo

Faltando menos de dez dias para a eleição presidencial, a última pesquisa Datafolha, divulgada nesta sexta-feira, apontou uma novidade no cenário eleitoral: pela primeira vez, Dilma Rousseff (47%) apareceu numericamente à frente de Marina Silva (43%) nas intenções de voto para o segundo turno.

O resultado ainda indica um empate técnico, mas no limite máximo da margem de erro, que é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Foram entrevistadas 11.474 pessoas em 402 municípios, entre os dias 25 e 26 de setembro.

Desde 16 de agosto, quando Marina apareceu como candidata do PSB após a morte de Eduardo Campos, Datafolha e Ibope – os dois principais institutos de pesquisa do país – fizeram 11 pesquisas simulando a corrida presidencial (seis do Datafolha e cinco do Ibope). Em dez delas, Marina Silva aparecia à frente de Dilma Rousseff na simulação do segundo turno ou então em empate técnico.

A maior vantagem já registrada havia sido na pesquisa Datafolha de 29 de agosto, quando Marina liderava a simulação contra a presidente por 50% a 40%.

Para o cientista político Ricardo Ismael, da PUC-Rio, três fatores explicam a reversão do cenário eleitoral no segundo turno, com a vantagem de Dilma sobre Marina.

"Em primeiro lugar, nas últimas semanas, Marina vem sendo bastante atacada tanto por Dilma quanto por Aécio, o que lhe causou perda de votos, especialmente para a petista. Além disso, Dilma tem maior tempo de propaganda na TV e também muito maior força nos palanques estaduais do que a ex-senadora", enumera Ismael.

Na simulação de votos do Datafolha desta sexta para o primeiro turno, Dilma Rousseff dobrou a vantagem sobre Marina. A petista aparece agora com 40% (subiu três pontos percentuais), Marina Silva tem 27% (caiu três pontos percentuais) e Aécio Neves, 18% (subiu um ponto percentual).

O primeiro turno das eleições acontece no dia 5 de outubro. Um eventual segundo turno seria realizado no dia 26 do mesmo mês. O quadro mostra a evolução das intenções de voto de Marina Silva e Dilma Rousseff em simulações de segundo turno entre elas, segundo o Datafolha.

Vantagem

Segundo Ismael, a reversão do cenário eleitoral no segundo turno, com Dilma à frente de Marina nas duas principais pesquisas de intenção de voto, pode ser explicada em grande parte pelos ataques sofridos pela ex-senadora.

"Nas últimas semanas, Marina vem sendo mais atacada, inclusive por Aécio, que, no afã de talvez conseguir um lugar no segundo turno, elevou o tom críticas à candidata do PSB. No entanto, esses votos acabaram não migrando para o tucano e, sim, para Dilma", avalia o cientista político.

"Dilma também tem mais tempo na TV para sua propaganda política do que Marina, o que não só lhe permite defender-se das acusações de outros candidatos quanto atacar sua principal adversária, a candidata do PSB", acrescenta.

"Além disso, a petista tem maior força nos palanques estaduais. No Ceará, por exemplo, ela conta com o apoio tanto do PMDB quanto do PT. Já Marina precisa de uma mobilização maior da sociedade para ser vista. No Rio de Janeiro, por exemplo, ela só conta com o apoio de Romário, que tenta a reeleição ao Senado pelo PSB."

Na avaliação do cientista política, a partir de agora o cenário para o segundo turno tende a se consolidar entre Dilma e Marina. Ele também prevê que Aécio Neves, do PSDB, passe a atacar menos a ex-senadora.

"Acredito que a diferença entre as duas (Marina e Dilma) deva se estabilizar a partir de agora. Por outro lado, o candidato do PSDB deve voltar sua artilharia contra a petista, dado que não vai para o segundo turno", afirma o cientista político.

"Nesse sentido, Aécio deve começar a ensaiar uma construção de uma aliança com Marina, já que, se continuar a atacar a ex-senadora, a oposição pode perder as eleições."

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