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"Ninguém aguenta mais essa podridão", diz chefe da força-tarefa da Lava Jato nas redes sociais

18 mai 2017 - 10h43
(atualizado às 10h58)
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"Há muitas reformas necessárias, mas a prioritária é a Anticorrupção. Ninguém mais aguenta toda essa podridão", disse o procurador
"Há muitas reformas necessárias, mas a prioritária é a Anticorrupção. Ninguém mais aguenta toda essa podridão", disse o procurador
Foto: Câmara dos Deputados / BBC News Brasil

Integrantes da força-tarefa da Lava Jato usaram as redes sociais para defender as investigações, dizer que a operação não mira em um único partido e fazer um apelo por mudanças no sistema político brasileiro e nas leis processuais.

Os procuradores federais Carlos Fernando dos Santos Lima e Deltan Dallagnol se manifestaram ainda na noite de quarta-feira (17), logo depois que o jornal O Globo revelou que os donos da JBS teriam gravado, numa ação controlada pela Polícia Federal, diálogos comprometedores dos empresários com o presidente Michel Temer e o senador Aécio Neves (PSDB-MG).

O primeiro a se manifestar foi Carlos Fernando dos Santos Lima que postou no Facebook um texto pedindo às pessoas que acreditem no "trabalho sério desenvolvido pelo Ministério Público Federal desde o início de 2014".

"Enquanto diziam que éramos contra um partido ou outro, a Procuradoria da República se manteve firme na sua tarefa de revelar a corrupção político-partidária sistêmica que mina todos os esforços da população para trabalhar e crescer por esforços e méritos próprios", escreveu Santos Lima.

"Não sejamos maniqueístas de achar que ou é o partido X ou o partido Y o problema. É muito mais que isso. Nem também aceitemos a ideia de que precisamos encerrar as investigações, jogando tudo debaixo do tapete, em troca de uma recuperação econômica", completou o procurador.

Procurador-chefe da Lava Jato, Deltan Dellagnol diz que 'reforma prioritária é a anticorrupção'
Procurador-chefe da Lava Jato, Deltan Dellagnol diz que 'reforma prioritária é a anticorrupção'
Foto: Reprodução / BBC News Brasil

Podridão

Na manhã desta quinta, o post de Santos Lima tinha sido compartilhado por mais de 7 mil pessoas, entre elas o procurador-chefe da Lava Jato, Deltan Dallagnol, que escreveu em tom de "desabafo":

"Há muitas reformas necessárias, mas a prioritária é a anticorrupção. Ninguém mais aguenta toda essa podridão", disse Dallagnol.

Para o procurador, "se este Congresso não fizer as reformas necessárias contra a corrupção, será uma confissão de incompetência e merecerá a vergonha dos crimes que o cobrem - com as honrosas exceções daqueles que estão lutando por essas mudanças".

'Enquanto diziam que éramos contra um partido ou outro, a Procuradoria da República se manteve firme na tarefa de revelar corrupção político-partidária sistêmica', disse Carlos Fernando dos Santos Lima
'Enquanto diziam que éramos contra um partido ou outro, a Procuradoria da República se manteve firme na tarefa de revelar corrupção político-partidária sistêmica', disse Carlos Fernando dos Santos Lima
Foto: Reprodução / BBC News Brasil

Protesto nas urnas

Dallagnol afirma que, além de protestar, a população precisa mostrar a "indignação nas urnas" colocando no Congresso pessoas comprometidas com as transformações que quer ver. "Não roubarão nosso país de nós. Lutaremos por ele até o fim."

Santos Lima, por sua vez, finalizou seu texto dizendo: "Enquanto não mudarmos a política e as leis processuais e penais, viveremos uma crise atrás de outra. Precisamos acreditar que é possível mudar".

Na manhã de hoje, ele postou um soneto do poeta do baiano Gregório de Matos (1636-1696) que diz: "Neste mundo é mais rico, o que mais rapa: / Quem mais limpo se faz, tem mais carepa: / Com sua língua ao nobre o vil decepa: / O Velhaco maior sempre tem capa."

Foto: Reprodução Facebook / BBC News Brasil

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