Mauro Vieira não vê risco de conflito armado entre Venezuela e Guiana, apesar de tensões
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse nesta quarta-feira ao chegar para um evento do Mercosul no Rio de Janeiro que, apesar do aumento das tensões entre Venezuela e Guiana, não vê riscos de um conflito armado entre os dois países que fazem fronteira com o Brasil.
O ministro demonstrou tranquilidade em relação à situação entre os dois países, mesmo com a elevação recente da temperatura.
"Não, em absoluto", disse à Reuters ao ser perguntado sobre se via a possibilidade da situação entre Venezuela e Guiana escalar para um conflito armado.
No domingo, os eleitores da Venezuela rejeitaram em um referendo a jurisdição da Corte Internacional de Justiça (CIJ) sobre a disputa territorial do país com a Guiana e apoiaram a criação de um novo Estado venezuelano na região de Essequibo, localizada em território guianense e potencialmente rica em petróleo.
A corte proibiu na sexta-feira a Venezuela de tomar qualquer medida que altere o status quo na área, que é objeto de um processo ativo perante a CIJ, mas o governo do presidente Nicolás Maduro prosseguiu com um referendo "consultivo" de cinco questões.
Em meio ao aumento das tensões, o Ministério da Defesa decidiu reforçar a presença militar brasileira na região da fronteira com Venezuela e Guiana e enviar blindados para um grupamento militar localizado em Boa Vista, capital de Roraima.
O governo da Guiana decidiu acionar o conselho de segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) após a elevação da tensão com a Venezuela. Maduro já exibiu um novo mapa do país, incluindo a área da Guiana que seria incorporada. O mapa será distribuído para instituições de ensino e de governo.
A secretaria do Itamaraty para América Latina e Caribe, Gisela Padovan, afirmou à Reuters nesta semana que o América do Sul têm condições de "desinflar" a tensão entre os dois países e que líderes do continente já estão participando das discussões com os dois países para evitar um tensionamento ainda maior.
Na segunda-feira, um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA disse que os Estados Unidos apoiam uma solução pacífica para a disputa de fronteira entre Venezuela e Guiana e acreditam que ela não pode ser resolvida por meio de um referendo.