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Embaixador britânico: detenção não abalou relações entre países

5 set 2013 - 23h51
(atualizado às 23h55)
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O novo embaixador britânico no Brasil, Alexander Elis, disse nesta quinta-feira que a detenção do brasileiro David Miranda no Aeroporto de Heathrow, no dia 18 de agosto, não abala a relação entre os dois países. Miranda é companheiro do jornalista Glenn Greenwald, que denunciou em reportagens a espionagem de informações pela Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos (NSA, na sigla em inglês).

"Não abala a relação [entre os dois países]. Ele foi detido dentro da lei britânica, foi libertado menos de nove horas depois. Isso fez parte de uma operação policial. É natural, em relações humanas mais estreitas, que vão haver casos assim. Por isso é importante manter a cooperação e o diálogo", disse o embaixador, que concedeu uma palestra sobre a relação entre os dois países e as oportunidades de negócios bilaterais na Associação Comercial do Rio de Janeiro.

Elis foi embaixador em Portugal e trabalhou na União Europeia ao lado do português Durão Barroso. "Estou aqui há cinco semanas. Então, cabe a mim ouvir e não só falar. Quero angariar experiência empresarial, que é enorme neste país. Temos que pôr as questões comerciais dentro de uma relação política. O Reino Unido é o quarto maior investidor estrangeiro no País."

Referente ao vazamento das ações de espionagem que os EUA vinham fazendo em diversos países, inclusive no Brasil, por meio da NSA, o diplomata disse que é preciso um amplo debate sobre a questão. "Achamos que deve haver uma abordagem mais global em questões de informações de internet. O que nós não queremos é que o debate vá para um lado de maior controle dos governos. A internet tem trazido enormes benefícios para o mundo, em termos de livre circulação de ideias. Mas claro que são coisas que têm de ser geridas, não podem existir à solta."

O embaixador britânico falou também sobre um possível ataque dos EUA à Síria, em função das suspeitas de ataques com armas químicas do governo sírio contra a própria população. "Aprendendo algumas lições do passado, inclusive com a Guerra do Iraque. O governo insistiu em ir ao Parlamento para debater o tema. Ao final, o Parlamento decidiu votar contra uma ação militar. O Executivo respeita isso. Claro que nós vamos continuar, em termos diplomáticos e monetários, o apoio à oposição na Síria. Também olhamos com grande preocupação o ataque químico, que é bem provável vir do regime de Bashar Al Assad. O mundo não pode só olhar e deixar passar um ataque que afronta o regime multilateral de controle de armas químicas. Tem que haver alguma resposta'" disse.

Espionagem americana no Brasil
Matéria do jornal O Globo de 6 de julho denunciou que brasileiros, pessoas em trânsito pelo Brasil e também empresas podem ter sido espionados pela Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (National Security Agency - NSA, na sigla em inglês), que virou alvo de polêmicas após denúncias do ex-técnico da inteligência americana Edward Snowden. A NSA teria utilizado um programa chamado Fairview, em parceria com uma empresa de telefonia americana, que fornece dados de redes de comunicação ao governo do país. Com relações comerciais com empresas de diversos países, a empresa oferece também informações sobre usuários de redes de comunicação de outras nações, ampliando o alcance da espionagem da inteligência do governo dos EUA.

Ainda segundo o jornal, uma das estações de espionagem utilizadas por agentes da NSA, em parceria com a Agência Central de Inteligência (CIA) funcionou em Brasília, pelo menos até 2002. Outros documentos apontam que escritórios da Embaixada do Brasil em Washington e da missão brasileira nas Nações Unidas, em Nova York, teriam sido alvos da agência.

Logo após a denúncia, a diplomacia brasileira cobrou explicações do governo americano. O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, afirmou que o País reagiu com “preocupação” ao caso.

O embaixador dos Estados Unidos, Thomas Shannon negou que o governo americano colete dados em território brasileiro e afirmou também que não houve a cooperação de empresas brasileiras com o serviço secreto americano.

Por conta do caso, o governo brasileiro determinou que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) verifique se empresas de telecomunicações sediadas no País violaram o sigilo de dados e de comunicação telefônica. A Polícia Federal também instaurou inquérito para apurar as informações sobre o caso.

Após as revelações, a ministra responsável pela articulação política do governo, Ideli Salvatti (Relações Institucionais), afirmou que vai pedir urgência na aprovação do marco civil da internet. O projeto tramita no Congresso Nacional desde 2011 e hoje está em apreciação pela Câmara dos Deputados.

Agência Brasil Agência Brasil
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