SP: empresas travam duelo com retomada de lançamentos do 'Minha Casa, Minha Vida'
Tenda amplia em 130% o valor global das novas unidades em carteira, e a MRV acelera lançamentos de empreendimentos
Com atuação em escala nacional, Tenda e MRV são as maiores construtoras de moradia popular no território brasileiro. Em São Paulo, no entanto, as duas ficam no meio do ranking final do Top Imobiliário 2025, uma colada na outra.
Os números da Empresa Brasileira de Estudo de Patrimônio (Embraesp) apontam pequena vantagem para a Tenda no volume de lançamentos em 2024. Foram 13 mil apartamentos e valor global de vendas (VGV) lançado de R$ 1,7 bilhão, contra 11 mil unidades residenciais e R$ 1,4 bilhão da MRV.
Como incorporadora, a Tenda ficou em quarto lugar. Entre as construtoras, porém, a posição se inverteu nesta edição. A MRV pulou para a quarta colocação, projetando a construção de 72 torres lançadas no ano passado, quase o dobro da Tenda, com 37 blocos, em quinto lugar.
A Tenda lançou 13 novos empreendimentos na cidade de São Paulo e na região metropolitana, crescendo 130% tanto em unidades quanto no VGV. "Esse avanço reflete o bom momento do setor de habitação econômica e a nossa capacidade de viabilizar empreendimentos no segmento", afirma Marcelo Melo Buozi, diretor executivo de Negócios da Tenda.
São Paulo responde por uma fatia de 30% do total de lançamentos da Tenda no Brasil, onde a faixa 1 do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), com renda familiar até R$ 2.850, representa 60% dos lançamentos da companhia.
Também com a renda reajustada, a faixa 2 (até R$ 4.700) e a 3 (até R$ 8.600) dividem a parcela de 40% dos empreendimentos.
A expansão do Minha Casa, Minha Vida para a faixa 4, para renda familiar de até R$ 12 mil e preço de imóvel até R$ 500 mil, Buozi acredita que não trará impacto para a companhia pois seu foco continua sendo as faixas 1 e 2 do programa. Mas ele não descarta aumentar a participação da Tenda na faixa 3, na qual vê oportunidade de crescimento, atendendo novos clientes com produtos variados, mais atributos e lazer.
No pipeline da companhia estão produtos como o Melodia Jaçanã, o primeiro projeto da Tenda com varanda em São Paulo. São três torres, com dois dormitórios, de 31 a 33 m², no Jaçanã, Zona Norte.
Expectativa é de acelerar lançamentos em 2025
Como incorporadora e construtora, a MRV apresentou aumento de 35% nos lançamentos de unidades residenciais e no VGV lançado, perdendo mercado na capital paulista, que registrou recordes de novos projetos dentro do MCMV.
Sérgio Paulo Amaral dos Anjos, diretor comercial da MRV em São Paulo, fala em lançamentos "seletivos" em 2024, mas destaca uma retomada para este ano.
A MRV atua nas faixas 1, 2 e 3 do programa habitacional. Com o novo limite de R$ 500 mil para enquadrar imóvel no programa, a direção já avalia uma readequação do seu mix de produtos.
"A expectativa é de que o peso da faixa 4 aumente nos próximos ciclos, principalmente pela ampliação do teto de financiamento e melhores condições de crédito", explica Amaral. O impacto no pipeline da MRV já vai ocorrer durante este ano. Além do interesse em lançar produtos da faixa 4 em São Paulo, a expectativa para 2025, segundo o diretor, é de "aceleração consistente nos lançamentos".
Um exemplo é o Parque Estoril, em Interlagos, um terreno de 125 mil m² com o complexo de 3,5 mil apartamentos, dos quais 1.080 lançados em fevereiro. "Simboliza o retorno da MRV à Zona Sul", diz Amaral. Com financiamento pelo MCMV, o condomínio tem acesso às estações Jurubatuba e Autódromo da CPTM e oferece infraestrutura de lazer, incluindo quadra esportiva, salão de festas, churrasqueiras, academia, playground e pet place.
Outro destaque é o lançamento do Poente dos Tucanos, oitavo empreendimento em construção na Cidade Sete Sóis, em Pirituba, na Zona Norte de São Paulo. "Um projeto com atributos de cidade inteligente, fundamentado em urbanismo, sustentabilidade, lazer e mobilidade", enumera Amaral, apontando a localização na Avenida Raimundo Pereira de Magalhães.
O masterplan do megaprojeto prevê a construção de 11 mil unidades habitacionais, distribuídas em 64 condomínios num terreno de 1,7 milhão de metros quadrados.
A MRV avalia de forma muito positiva as atualizações do MCMV. Amaral aponta a faixa 4 como "um divisor de águas para o setor e para a companhia", declarando que a readequação do programa "fortalece a MRV em um momento de retomada da demanda e expansão das operações". Com Heraldo Vaz
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