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Se crise da água piorar, alternativa é o lodo, diz ANA

Para o presidente da Agência Nacional de Águas, é preciso admitir o problema hídrico no Estado de São Paulo

21 out 2014 - 12h06
(atualizado às 15h19)
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Grande São Paulo sofre com a estiagem no Sistema Cantareira
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Foto: WWC/AFP

O presidente da Agência Nacional de Águas (ANA) Vicente Andreu Guillo afirmou, nesta terça-feira, que se a crise hídrica no Estado de São Paulo continuar a alternativa da Sabesp e do governo será retirar água do “lodo”, que seria uma terceira cota do volume morto. De acordo com ele, as obras que estão sendo feitas – transposição do rio Paraíba e retirada de água do reservatório São Lourenço -, ficarão prontas apenas em dois anos, quando as duas primeiras cotas da chamada reserva técnica já teriam se esgotado.

Andreu participou de uma audiência na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) na manhã desta terça. Ao lado do presidente da ANA estava o vereador Laércio Benko (PHS), presidente da CPI da Sabesp na Câmara Municipal de São Paulo. Alguns deputados e membros de movimentos sociais também estiveram presentes no evento.

“O volume três é possível ser retirado? Eu acredito que tecnicamente seria inviável. E do ponto de vista ambiental, essa água terá problema. Se a crise se acentuar é bom que a população saiba que não haverá alternativa a não ser ir no lodo”, afirmou Andreu.

<p>"A quantidade de pessoas aumentando o consumo mesmo com essa gravidade tem aumentado, criticou Andrei</p>
"A quantidade de pessoas aumentando o consumo mesmo com essa gravidade tem aumentado, criticou Andrei
Foto: Thiago Tufano / Terra

O presidente da ANA falou ainda que, em uma vistoria na represa Atibainha foi constatado a retirada irregular da água, já que a agência define o máximo e o mínimo que pode ser retirado sem que comprometa o reservatório.

“Medimos 38 centímetros abaixo do nível (permitido) em Atibainha. Quando fomos no segundo dia essas réguas foram retiradas e os técnicos não conseguiam fazer a medição”, lembrou, criticando a gestão do governo Geraldo Alckmin. “Quem apresentou pela primeira vez alternativa para retirada do volume morto para o governo do estado fomos nós. As outras hipóteses não se viabilizam em menos de dois anos. Ou chove ou se retira água do volume morto”, completou.

Para o presidente da ANA, é preciso admitir o problema hídrico no Estado. Andreu lembrou que na Flórida, nos Estados Unidos, também há uma crise de escassez de água. Porém, os americanos tomaram algumas atitudes que deveriam ser adotadas em São Paulo.

“É como se o cidadão já foi pro cheque especial e não avisa a família que está com crise financeira. Aí ele mete a mão nos cofres das filhas e não se fala a gravidade da situação. Lá (Flórida) se falou a verdade para as pessoas. Penalizaram o aumento de consumo. Aqui não tem como, porque para fazer o aumento da tarifa precisa fazer um decreto de racionamento. Ele (Alckmin) teria que assumir que existe um racionamento. A quantidade de pessoas aumentando o consumo mesmo com essa gravidade tem aumentado”, criticou.

Andrei fez críticas também ao secretário estadual de Recursos Hídricos Mauro Arce, afirmando ter havido uma quebra de confiança. “O secretário do estado assumiu um compromisso com o presidente da ANA, faz um acordo, você espera o tempo passar e no momento de cumprir aquela obrigação ele diz que aquele acordo não foi assumido. Não tem sentido negociar com alguém que não cumpre seus compromissos, que é o caso do secretário Mauro Arce”.

A crise no sistema Cantareira A crise no sistema Cantareira

Fonte: Terra
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