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Cidades

RJ: greve afeta milhares e deixa 346 ônibus depredados

8 mai 2014 - 06h16
(atualizado às 17h23)
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Nas calçadas, pessoas se acumulam atrás de transporte e o metrô e o sistema de trens funcionam em capacidade máxima
Nas calçadas, pessoas se acumulam atrás de transporte e o metrô e o sistema de trens funcionam em capacidade máxima
Foto: Ale Silva / Futura Press

A Cidade do Rio de Rio de Janeiro amanheceu nesta quinta-feira, 8 de maio, praticamente sem ônibus urbanos, pegando a população de surpresa, isso porque um grupo dissidente do Sindicato dos Rodoviários do município do Rio decidiu pela paralisação de 24 horas, após realizar uma passeata na noite de ontem e uma assembleia em frente ao Centro Administrativo da prefeitura do Rio, na Cidade Nova. O secretário municipal de Transportes do Rio de Janeiro, Alexandre Sansão, afirmou que cerca de 2 milhões de pessoas foram afetadas com a greve. 

Ao todo, a Rio Ônibus, sindicato que representa consórcios de empresas de ônibus do Rio, informou que 346 ônibus foram danificados na cidade por causa da paralisação. A maior parte na zona oeste. Segundo o sindicato das empresas de ônibus, muitos grevistas estão na porta das garagens das empresas com paus e pedras ameaçando agir com violência para impedir os coletivos de circularem. 

Segundo a concessionária que administra o BRT, o eixo Santa Cruz-Campo Grande teve a circulação totalmente interrompida nesta manhã, por medida de segurança, após um ônibus biarticulado ter sido depredado. A medida foi tomada porque no trecho percorrido pelos veículos, na avenida Cesário de Melo, há duas garagens de empresas de ônibus, a Pegaso e a Algarve, e a concessionária teme que ao passar pela região, aconteçam novos ataques. 

Centenas de ônibus são depredados em greve no Rio de Janeiro:

No eixo Santa Cruz-Alvorada, os veículos estão com a frota reduzida. Segundo a concessionária, a procura pelo serviço está reduzida, e se parece com a dos sábados. Pela manhã, usuários se acumulavam nas calçadas atrás de transporte e o metrô e o sistema de trens funcionavam em capacidade máxima.

A paralisação iniciou porque os dissidentes da categoria não aceitaram o acordo fechado entre o sindicato e a prefeitura em março, que definiu aumento de 10% e R$ 140 de cesta básica. Os rodoviários em greve reivindicam reajuste de 40%, auxílio alimentação de R$ 400 e o fim da dupla função de motorista – em muitas linhas, eles exercem também a função de cobrador.

Segundo a direção do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus (Sintraturb-Rio) os participantes do movimento fazem parte de uma minoria que age com fundo político. A Rio Ônibus afirmou desconhecer qualquer grupo dissidente e disse que nem teria condições de negociar, uma vez que a Justiça reconhece como representante legítimo da categoria o Sintraturb. "Nossa preocupação é que uma disputa sindical prejudique a população", afirmou a Rio Ônibus, em nota.

População enfrenta atrasos e faltas no trabalho

A paralisação prejudicou o dia de quem seguia para o trabalho, como a diarista Sandra Mara dos Santos, 62 anos, que resolveu voltar para casa depois de passar 1h30 tentando pegar um ônibus para a Ilha do Governador, na zona norte da cidade. Moradora de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, ela reclama do dia de trabalho perdido. "Já demorei duas horas pra chegar até aqui. Se eu não trabalho, não ganho", disse.

O metrô, que serve como alternativa, acabou sobrecarregado. A passageira Jéssica Venâncio,  23 anos, esperava a quantidade de pessoas que tentavam pegar o metrô diminuir para embarcar. "Não tem como, já avisei meu chefe que vou atrasar", disse Jéssica, que trabalha como atendente em uma loja no shopping Rio Sul, na zona sul.

O MetrôRio informou que não está sendo vendido nenhum tipo de bilhete de integração de metrô ônibus e que está operando com frota máxima e vai ampliar o horário de pico para atender a população. Alguns boatos de que o metrô fosse entrar em greve às 10h foram desmentidos oficialmente pela empresa.

A Supervia, empresa que opera os trens urbanos no Rio, disse que, por causa da greve, opera com frota completa e reforçou equipes de atendimento nas estações. Segundo a concessionária, os trens circulam normalmente, mas algumas estações, principalmente as da zona oeste da cidade, estão lotadas.

Já a Polícia Militar informou que o policiamento foi reforçado em garagens de ônibus e nas passarelas da avenida Brasil, onde ocorrem manifestações. Por volta das 6h, rodoviários fizeram um protesto na via, perto da Vila do João, no sentido Campo Grande. Por volta das 9h, uma nova manifestação fechou as pistas da avenida Brasil, em Parada de Lucas.

Sindicato e grevistas divergem sobre número de funcionários parados

Hélio Alfredo Teodoro, o Hélio da Real, um dos líderes da greve, estima que cerca de 80% dos motoristas e cobradores aderiram à greve, decretada a 0h desta quinta-feira. A paralisação deve ser mantida até o fim do dia e que na sexta-feira os ônibus voltam a circular.

Segundo Hélio, os rodoviários irão fazer uma passeada da Igreja da Candelária até a sede do Ministério Público às 16h desta sexta-feira. Ele afirma que o sindicato não consultou a categoria sobre a proposta assinada. "O sindicato está fazendo pouco caso da classe. Ele não colocou em votação se aceitávamos os 10%, ele simplesmente assinou. Ele não é dono dos rodoviários. Por isso é que a classe está revoltada. As autoridades estão fazendo pouco caso, ninguém quer intervir", disse Teodoro.

"Há dez anos, os motoristas recebiam cinco salários mínimos e os cobradores, três. Hoje o salário dos motoristas não chega nem a três salários mínimos. E ainda somos descontados quando há acidente ou avaria no ônibus", disse Teodoro. De acordo com ele, os ônibus estão sendo depredados porque motoristas que estão furando greve estariam tentando atropelar os grevistas. "A classe está indignada. Não é justo você estar reivindicando e o companheiro  jogar ônibus em cima de você. Ninguém está depredando porque quer", alegou.

Ao contrário dos grevistas, o Sintraturb-RJ afirma que apenas 300 dos 40 mil rodoviários da cidade aderiram à paralisação. O sindicato disse que a proposta aprovada na quarta-feira foi colocada em votação e o projeto apresentado pelos grevistas rejeitado pela maioria.

Em entrevista à rádio Band News, o secretário municipal de transportes Alexandre Sansão Fontes afirmou que apenas 30% da frota total de ônibus está circulando na cidade. Ele disse que a prefeitura está pressionando os consórcios para que todos os coletivos sejam colocados na rua. “Recomendamos que as pessoas evitem o horário de pico, a oferta de ônibus está menor. Nosso trabalho está sendo desobstruir as vias e insistir com os consórcios para que tomem as providências para que a maior parte dos ônibus possível vá para as ruas”, afirmou.

Colaborou com esta notícia o leitor José Carlos Pereira de Carvalho, do Rio de Janeiro (RJ), que participou do vc repórter, canal de jornalismo participativo do Terra. Se você também quiser mandar fotos, textos ou vídeos, clique aqui.

Fonte: Terra
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