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Cidades

Massacre mirou líder do Comando Vermelho em Altamira

Principal alvo era o preso Alessandro Silva de Lima, o Sandro do Rebojo, que morreu carbonizado durante a rebelião

1 ago 2019 - 03h10
(atualizado às 08h19)
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Presos de Altamira foram mortos durante transferência para Belém
Presos de Altamira foram mortos durante transferência para Belém
Foto: Reprodução / Twitter / Ansa

Consolidar a hegemonia na cidade e eliminar a maior liderança da facção rival. Esses eram os objetivos do Comando Classe A (CCA), facção local de Altamira, ao promover o massacre que deixou ao menos 58 mortos, nesta semana, no Centro de Recuperação Regional de Altamira, no sudoeste do Pará, segundo a Polícia Civil.

Para a investigação, o principal alvo do ataque era o preso Alessandro Silva de Lima, o Sandro do Rebojo, que morreu carbonizado durante a rebelião. Ele é apontado como a maior expressão do Comando Vermelho (CV) em Altamira e teve a morte comemorada por rivais nas redes sociais.

Nascido no Rio, o CV expandiu seus domínios para cidades do Norte e do Nordeste do Brasil nos últimos anos e passou a exercer domínio do tráfico de drogas em diversas capitais, entre elas Belém. No Pará, a facção tem tentado se interiorizar, o que leva a confrontos com grupos locais.

É o caso de Altamira, onde o crime organizado é exercido principalmente pelo CCA. A facção foi fundada em 2008, com a liderança de Oziel Barbosa morto aos 27 anos em um confronto com policiais. Hoje, ela também é a principal força dentro do presídio da cidade.

Segundo investigadores, o CCA inicialmente tinha característica de "empresa familiar" do crime, mas recentemente fechou aliança com a facção paulista Primeiro Comando da Capital (PCC), a maior do País, e tenta expandir sua atividade.

Com a morte de Oziel, a liderança do grupo foi herdada pelo seu irmão Luziel Barbosa, o Hebraico, que também estava preso em Altamira, mas foi transferido de presídio após o massacre. Para a polícia, partiu dele a ordem do ataque.

Como ocorreu o massacre no presídio de Altamira

Segundo investigadores, imagens do circuito interno do presídio mostram que a rebelião começou na cela 2, onde ficavam as lideranças do CAA. De todos os presos, Luziel teria sido o único que não deixou o espaço para participar diretamente do ataque.

Em depoimento, o preso teria negado participação no motim e até envolvimento com a facção, diz a Polícia Civil. O relato foi colhido no inquérito que investiga o ataque. Luziel também não foi citado como participante por nenhum outro preso - o que investigadores interpretam como proteção ao líder do grupo.

Em seguida, os detentos invadiram o bloco em que ficavam todos os presos do CV, minoria na unidade. Segundo a investigação, não havia os chamados neutros - detentos sem filiação a facções - e todos os mortos seriam do CV.

Construído a partir de um contêiner, o espaço tem paredes de ferro e só é possível acessar as celas por cima. De acordo com as investigações, os presos rebelados conseguiram tirar à força parte dos seus rivais - estes foram decapitados.

Como parte dos alvos resistiu e conseguiu ficar na cela, os assassinos tocaram fogo no local. Segundo a polícia, eles também usaram estoques maiores (uma espécie de lança improvisada com material precário) para impedir que as vítimas conseguissem subir e fugir do fogo. Foi assim que Sandro do Rebojo morreu.

Estadão
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