‘Ele não chegou no carro’, diz delegada sobre empresário achado morto no Autódromo de Interlagos
Corpo de Adalberto dos Santos Junior, empresário de 35 anos, foi encontrado no início de junho; caso segue em investigação
O empresário Adalberto dos Santos Junior, que foi encontrado morto dentro de um buraco de uma obra no Autódromo de Interlagos, na Zona Sul de São Paulo, foi assassinado antes de voltar ao seu carro. É o que apontam as investigações, conforme explicou a diretora do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), Ivalda Aleixo, durante coletiva em torno do caso nesta sexta-feira, 18. Já faz mais de um mês desde a morte de Adalberto, o caso é complexo e muitas perguntas seguem sem respostas.
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“Ninguém apanhando ou sendo arrastado fecha o carro e guarda a chave no bolso [da jaqueta] com um zíper. O carro estaria aberto, bagunçado, que não foi o caso. Ele não chegou no carro”, disse a delegada.
Adalberto foi encontrado sem vida no dia 3 de junho, dentro de um buraco de uma obra no Autódromo de Interlagos. Ele tinha 35 anos e estava desaparecido há quatro dias desde que participou de um evento de experiências com motos na região. Antes de desaparecer, Adalberto teria dito a um amigo que contornaria o autódromo para buscar seu carro particular, que estava parado no estacionamento do local.
Até o momento, não há suspeitos pela morte do empresário de 35 anos. O que se tem são cinco investigados, que são pessoas ligadas à equipe de segurança que estava à frente do evento no dia que Adalberto morreu. Um deles ainda não foi encontrado pela polícia.
Os outros quatro foram levados à delegacia, sendo um deles representante da empresa de segurança em questão. Todos foram orientados pelas suas defesas a não falarem, e permaneceram em silêncio, informou a polícia.
Em paralelo, a Polícia Civil cumpriu cinco mandados de busca e apreensão em São Paulo, capital, também nesta sexta. No total, foram apreendidos sete aparelhos celulares e cinco computadores.
O destaque se dá a um dos investigados identificado como, Leandro de Tallis Pinheiro, que é lutador de jiu-jítsu. Ele chegou a ser autuado durante a busca e apreensão, pois encontraram munições de arma de fogo em sua casa. Ele não soube explicar com clareza o motivo das munições que guardava. Ele, porém, pagou a fiança e foi liberado na delegacia.
Tallis tem passagens pela polícia por furto, associação criminosa e ameaça. “Coisa de valentão”, chegou a comentar a diretora do DHPP. Apesar dos novos passos dados pela investigação, não é possível atribuir a autoria do crime a nenhum dos investigados, pontuam os agentes que estão à frente do caso.
O Terra busca a defesa de Tallis, não localizada até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto para manifestação e será atualizado em caso de retorno. A identidade dos demais investigados não foi revelada pelas autoridades policiais.
Próximos passos
Agora, os celulares e computadores apreendidos serão analisados, passando pelo setor de inteligência da Polícia Civil. A partir do que for encontrado, os investigados serão convocados para prestar depoimento.
Um detalhe que chamou a atenção da diretora do DHPP foi o fato de os celulares apreendidos já estarem com todas suas mensagens apagadas.
A motivação do assassinato também segue em aberto. Segundo a Polícia Civil, por mais que seja a principal linha da investigação, ainda não é possível "bater o martelo" de que a morte ocorreu por conta de uma briga do empresário com os seguranças que trabalhavam no Autódromo. O que avaliam é que quem matou o empresário não agiu sozinho. “É bem complexo”, repetiram algumas vezes ao longo da coletiva.
'Caso complexo': relembre
O corpo de Adalberto foi localizado em uma área com sinalização das obras, isolada por tapumes e barreiras de concreto. Ele estava apenas de cuecas e sem apresentar lesões externas. Com ele também havia um capacete quebrado -- que, conforme apontam as investigações, não foi usado para agredi-lo. Com resultados de laudos periciais, ainda em junho, foi confirmado se tratar de um caso de homicídio por asfixia.
Mesmo assim, ainda não se sabe se ela foi provocada -- como por enforcamento -- ou por constrição torácica, quando uma forte pressão no tórax impede a respiração normal. Em meio a isso, também segue em aberto como ele foi colocado no buraco: se foi já morto ou se ele morreu quando já estava dentro do local. As investigações apontam, de todo modo, ter sido uma morte lenta e agonizante.
Os exames toxicológicos feitos em Adalberto deram negativos, tanto para álcool, como para drogas. Também não foram identificadas lesões internas no corpo de Adalberto. Exames de cunho sexual, anal e bucal, também deram negativo.
Como ele foi parar no buraco ainda é a grande questão. As linhas de investigações são muitas e todas as variáveis estão sendo levadas em consideração, pontua a Polícia Civil. As diligências seguem em andamento e foi decretado sigilo nas investigações. Até o momento não foram localizadas imagens que registrem o momento do crime.
O último contato de Adalberto com a esposa tinha sido na sexta-feira anterior ao seu desaparecimento, dia 30 de maio, no início da noite. Entre os dias 29 de maio e 1º de junho, o Autódromo de Interlagos recebeu o Festival Interlagos 2025: edição moto. A movimentação de pessoas foi intensa no local.
Antes de desaparecer, Adalberto teria dito a um amigo que contornaria o autódromo para buscar seu carro particular, que estava parado no estacionamento do local.
