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Dono da Kiss chora em júri: "Me prendam, estou cansado"

Elissandro Spohr foi o primeiro réu a depor; ele responde por 242 mortes: "Acham que eu ia fazer uma coisa dessas?", afirmou

9 dez 2021 - 09h08
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Elissandro Spohro depõe emocionado durante julgamento da tragédia da Boate Kiss
Elissandro Spohro depõe emocionado durante julgamento da tragédia da Boate Kiss
Foto: Renan Mattos / Futura Press

Elissandro Spohro - o Kiko - foi o primeiro réu a depor ao júri que analisa as acusações aos réus que respondem pela tragédia da Boate Kiss. Muito abalado, o ex-proprietário da casa noturna chorou e se dirigiu aos familiares das vítimas ao relembrar a noite de 2013 e o incêndio que matou 242 pessoas em Santa Maria, no Rio Grande do Sul.

"Querem me prender, me prendam, eu 'tô' cansado, cara", desabafou durante a sessão de quarta-feira. "Eu perdi um monte de amigos, eu perdi funcionários. Acham que eu não tinha amigos lá? Acham que eu ia fazer uma coisa dessas?", completou.

Além de Kiko, seu sócio Mauro Londero Hoffmann, o vocalista Marcelo de Jesus dos Santos e o produtor musical Luciano Bonilha Leão também respondem pelas mortes.

No depoimento, Spohro citou Marcelo, vocalista da banda Gurizada Fandangueira que, segundo ele, tentou apagar o fogo. "Acham que o Marcelo ia tentar apagar o troço se ele quisesse matar alguém? Porque eu ia querer fazer isso? Não é fingimento. Eu não aguento mais, cara. Eu 'tava' tremendo, 'tava' sem ar. Eu tive que pegar ar para dar esse depoimento", acrescentou, chorando muito.

Kiko chegou a se dirigir aos familiares das vítimas, que acompanham o julgamento. "Eu não quis isso, eu não escolhi isso, desculpa de coração, mas eu não aguento mais. Hoje eu sou pai; eu sei que minhas filhas um dia vão ir (...) eu sei que vocês me odeiam, acham que eu queria matar, que eu queria machucar. Acham que é fácil pra mim? Não é fácil".

Ao notar o estado do réu, o juiz Orlando Faccini Neto decidiu fazer uma pausa. Na volta, Kiko contou como foi a noite da tragédia. Segundo ele, no início do incidente, ele tentou ajudar e tirar as pessoas do local, mas levou um tapa de uma funcionária - cuja irmã estava na boate e, posteriormente, descobriu que ela faleceu.

Com receio de ser hostilizado, o ex-proprietário decidiu ir até uma delegacia pedir ajuda. Quando soube a quantidade de mortos em sua casa noturna - que só aumentava - ele chegou a vomitar.

"Eu não consegui pedir desculpa. Como eu ia falar? As pessoas me mandavam mensagens falando para eu me matar", recordou.

Fonte: Redação Terra
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