PUBLICIDADE

Coordenador do AfroReggae acredita que pastor está por trás de incêndio

16 jul 2013 - 18h51
(atualizado às 18h57)
Compartilhar
Exibir comentários
Incêndio atingiu prédio do Afroreggae no Complexo do Alemão, zona norte do Rio de Janeiro
Incêndio atingiu prédio do Afroreggae no Complexo do Alemão, zona norte do Rio de Janeiro
Foto: Celso Barbosa / Futura Press

O coordenador do AfroReggae, José Júnior, afirmou em entrevista coletiva nesta terça-feira que o pastor evangélico Marcos Pereira da Silva pode estar por trás do incêndio que destruiu na madrugada de hoje um prédio da ONG no Complexo do Alemão, zona norte do Rio de Janeiro. O religioso, um dos principais líderes da Assembleia de Deus dos Últimos Dias, foi preso no Rio de Janeiro em maio suspeito de ter estuprado seis mulheres, incluindo três adolescentes. 

Relembre casos de religiosos que se envolveram em polêmicas

Segundo o coordenador, vizinhos contam ter visto um grupo de duas a quatro pessoas entrando no prédio na madrugada e saindo depois que ele estava em chamas. José Júnior acredita que o jovem de 20 anos que se feriu no incêndio e foi levado para o Hospital Getúlio Vargas pode ajudar a esclarecer o que aconteceu.

Policiais da 22ª Delegacia de Polícia estão investigando o caso. O trabalho de rescaldo já foi encerrado pelos bombeiros. O imóvel pertence à ONG há ao menos quatro anos e teria uma pousada destinada a estudantes intercambistas, que seria inaugurada no dia 5 de agosto. A ideia do projeto era trazer jovens para trabalhos sociais na comunidade.

"Tudo de mobiliário que estava no prédio foi destruído. Já estava tudo pronto. Poderíamos inaugurar hoje ou amanhã, mas estávamos esperando o fim das férias", contou o coordenador, que afirmou que o projeto não será abandonado.

No prédio, também funcionava a redação e o estúdio do jornal comunitário Voz das Comunidades, em duas salas cedidas pelo AfroReggae. O editor e blogueiro que iniciou o jornal, René Silva, conta que havia materiais de filmagem dentro do prédio e móveis que eram usados em entrevistas. O incêndio não destruiu computadores e câmeras, que não estavam no jornal.

Internautas manifestaram solidariedade ao Voz das Comunidades nas redes sociais, e René conta que uma campanha para reformar e reequipar o jornal comunitário já começou no Twitter. Oito pessoas trabalham no Voz das Comunidades, que conta ainda com 30 voluntários.

Pastor é acusado de estupro
O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) denunciou o pastor Marcos Pereira por dois estupros. Ele foi preso acusado de abusar sexualmente de seis fiéis da Assembleia de Deus dos Últimos Dias, da qual é um dos líderes.

Segundo a denúncia, para cada um dos seis estupros foi instaurado um inquérito policial, com o objetivo de "facilitar a individualização de cada crime". "Pelos relatos das testemunhas, principalmente das mulheres, verifica-se que estamos diante de um verdadeiro depravado, degenerado, pervertido sexual, capaz de fazer as coisas mais baixas e sempre se aproveitando da sua condição de líder maior da Igreja", dizem os promotores Rogério Lima Sá Ferreira e Adriana Lucas Medeiros, que assinam o texto.

A ação explica que o inquérito é um desdobramento de uma outra investigação que apura a prática de incitação ao crime e associação para o tráfico de drogas do pastor. "Acontece, porém, que no decorrer da investigação dos crimes acima, foram surgindo notícias gravíssimas de outros crimes, como homicídio, lavagem de dinheiro, estupros, roubo por parte do denunciado", explicam os promotores.

Na denúncia, são relatados os abusos que Marcos Pereira cometeu contra as duas mulheres, que moravam em um alojamento da igreja. Segundo o texto, ele negava material de higiene a uma das vítimas caso ela se recusasse a manter relações sexuais.

"Todas as mulheres vítimas do denunciado viveram na sua igreja por alguns anos. Elas viviam em função da Igreja presidida pelo denunciado. Moravam nos alojamentos existentes na Igreja.  Eram dependentes materialmente e emocionalmente do denunciado.  E para aquelas que se recusavam a ceder aos seus instintos bestiais, o denunciado as ameaçava de despejo, de morte fora da Igreja", diz a denúncia.

"O relato das outras mulheres é estarrecedor. Revela de forma clara que o denunciado é maquiavélico, de uma pobreza de espírito sem tamanho, só para conseguir dar vazão aos seus instintos sexuais. Se identificando com um 'Homem de Deus', praticou uma série de crimes sexuais contra aquelas que procuraram a sua Igreja em busca de ajuda espiritual. Conduta vil, torpe", dizem os promotores.

Além de Pereira, o MP denunciou quatro homens ligados à igreja acusados de fazer ameaças a uma das vítimas de estupro. De acordo com o MP, o pastor teria ordenado a Daniel Candeias da Silva, Ubirajara Moraes Pereira, Cezar Luiz Moraes Pereira e Lúcio Oliveira Câmara Filho que ameaçassem a mulher.

As ameaças teriam começado em março de 2012, depois que a mulher denunciou o pastor pelo crime de estupro. Ela disse ter sido perseguida e vigiada em seu trabalho por homens que faziam gestos ameaçadores.

Com informações da Agência Brasil.

Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade
Publicidade