Cidade se mobiliza para ajudar menina com câncer cerebral
Após 21 cirurgias, a esperança de cura para a menina Gabrielly está nos Estados Unidos - mas tratamento custa cerca de R$ 500 mil
Uma família de Bariri, no interior de São Paulo, luta contra o tempo para salvar uma menina de seis anos diagnosticada com câncer no cérebro. Gabrielly Collombaro Ocon já passou por 21 cirurgias. A gravidade do caso e as dificuldades com o tratamento têm feito com que boa parte dos moradores da cidade se sensibilize e ajude a família.
Aos três anos de idade, Gaby, como é conhecida, começou a reclamar de fortes dores de cabeça e aos poucos perdeu o equilíbrio do corpo. Dias depois ela foi diagnosticada com um câncer no cérebro. Os médicos indicaram uma cirurgia e, segundo os pais, parecia que tudo estava resolvido. Gaby voltou a brincar, dançar funk – estilo musical preferido – e a fazer tudo o que gosta. Mas alguns meses depois o tumor voltou e a batalha recomeçou.
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“Resolveram fazer a cirurgia de novo para tirar o tumor. Só que aí começaram as complicações, as sequelas. Ela ficou debilitada, sem expressão facial. Em um mês o tumor voltou a crescer de novo”, lembra a mãe Roberta Collombaro Ocon.
“O tumor dela é muito agressivo. Eles tiram e ele cresce muito rápido. Ela já passou por quimioterapia, por radioterapia. Mas, infelizmente, com a gravidade desse tumor, ele voltou de novo e já não responde mais (ao tratamento que vinha sendo feito)”, explica o pai de Gabrielly, Marcos José Ocon.
A pior notícia para os pais foi ouvir dos médicos que, no Brasil, já não há mais alternativas para tentar curar a doença. A esperança de cura agora está em um renomado hospital que trata pacientes com câncer no estado do Texas, nos Estados Unidos, o MD Anderson Cancer Center.
Porém, segundo os pais, só uma consulta custa US$ 25 mil, algo em torno de R$ 77 mil. Os gastos com o tratamento, passagens, hospedagem e alimentação durante o período em que a menina estiver em solo norte americano está estimado em R$ 500 mil. A família soube desse hospital após ver uma reportagem sobre um caso similar ao de Gaby na televisão. Conversando com parentes e amigos eles descobriram que uma pessoa conhecida tem uma familiar que trabalha na área de saúde nos EUA.
“Eles estão aceitando casos internacionais e ela está tentando encaixar a Gaby nesse hospital. Mas nos Estados Unidos é tudo pago, lá não tem Sistema Único de Saúde (SUS) como temos aqui”, diz Marcos. “Lá tem um médico que trata e estuda o tipo de câncer específico que a Gaby tem. Já mandamos os relatórios médicos aqui do Brasil e cópias dos exames pra ela (a amiga) entregar no hospital”, afirma Roberta.
Sabendo que a família não tem condições financeiras para arcar com as despesas do tratamento, muitos moradores da cidade, com pouco mais de 34 mil habitantes, se sensibilizaram e abraçaram a causa. Diversas ações solidárias têm sido realizadas voluntariamente. Neste domingo (21), véspera do aniversário de 6 anos de Gaby, um bingo beneficente foi realizado no Umuarama Clube, que cedeu espaço. Cerca de 1,5 mil pessoas, segundo dirigentes do clube, estiveram no local. Também houve o sorteio de brindes doados por moradores e empresas da cidade. Para participar bastava comprar um cupom que era vendido por valores que variavam de R$ 0,50 a R$ 10. Uma empresa de acessórios femininos de Jaú, cidade vizinha a Bariri, tem vendido pulseiras para contribuir com a causa. Sessenta por cento do valor será revertido à causa da cura da menina.
Entre as pessoas que estão ajudando está a estudante Camila Manzutti, de 20 anos. Além de ajudar na organização, ela levou uma contribuição do avô, Lucilo Felipe. “Ela é tão pequena e já tem passado por tudo isso. A Gaby precisa de muita ajuda e a família dela também. Por isso é importante que toda a cidade ajude, ganha força”, contou Camila.
E não para por aí. A rede de solidariedade em prol de Gaby ultrapassou as fronteiras da cidade quando o caso foi divulgado em um site e no Facebook. Voluntários do Rio de Janeiro ajudaram a desenvolver a página sem cobrar nada da família. Marcos e Roberta divulgaram o número de uma conta bancária e têm recebido doações. Mas o valor arrecadado foi de R$ 27.500, ainda está bem distante do que a família precisa.
O músico Adílson da Silva também se dispôs a ajudar assim que soube da história da menina. Ele e outros amigos organizam para o dia 14 de agosto um show beneficente que vai contar com a participação de artistas locais e regionais. “Eu não tenho filhos, tenho sobrinhos e me coloco no lugar da família. Me comoveu. Olhei para o céu, pra Deus, e falei ‘vou ajudar’”, disse.
A estilista Juliana Benatti participou ativamente da organização do evento e contribui diretamente com a campanha. “Conheci a Gaby na igreja e soube do caso dela. Quando ela fez a última cirurgia, todo mundo desacreditou, mas logo depois vi ela na igreja de novo, bem - achei que era um chamado para eu ajuda-la. Comecei a acionar todo mundo que podia para ajudar também. Não tem recompensa maior do que poder ver ela de volta, fazendo balet. Vou lutar o quanto eu puder”.
A campanha tem ganhado força e o apoio de artistas famosos dos quais Gaby é fã. O funkeiro MC Biel e a cantora Ludmilla gravaram vídeos dando apoio à causa. As gravações foram disponibilizadas pela família no site da campanha.
“Força de vontade ela tem. Fez cinco cirurgias só esse ano, duas pra retirada do tumor, e está aqui, desenhando, pintando. A força dela é grande e nós não vamos ser fracos. Vamos ser fortes que nem ela”, afirma o pai com esperança de ver Gaby indo à escola, brincando com os amigos e dançando – uma de suas diversões favoritas.
O campeão de rodeios internacionalmente conhecido Guilherme Marchi fez questão de contribuir com a campanha. Atualmente, mora nos Estados Unidos e está de férias na terra natal, Itupeva (SP). Guilherme doou à família de Gaby o colete que usou na final do campeonato mundial de montaria em touros, realizado em Las Vegas, quando conquistou o segundo lugar. O objeto deve ser leiloado ou rifado. “Vim pra dar uma força. Abracei a causa e estou ajudando”.
“Muitas vezes desanimei, chorava, entrava em desespero e ela sempre ali, apesar das dores e de estar no hospital, me dava forças. Eu não podia fazer nada a não ser chamar os médicos e enfermeiros para dar os remédios pra ela. E mesmo assim, mesmo com as dores que estava sentindo, ela passava forças pra mim e me animava. Através desses anjos que apareceram a gente resolveu lutar mais ainda pra ela, porque ela está lutando. Então por que não vamos lutar por ela”, finaliza a mãe.
Duas motos e um carro foram doados à campanha. A família ainda está decidindo se será feito um sorteio ou uma rifa. Para conhecer melhor a causa de Gaby e ajudar, vale a visita às páginas http://www.ajudeagaby.com.br e https://www.facebook.com/amigosdagaby.
