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Aquecimento dos oceanos ocorre em ritmo mais rápido que o esperado

11 jan 2019 - 15h02
(atualizado às 15h35)
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Cientistas afirmam que 2018 foi o ano mais quente já registrado nos mares. Fenômeno relacionado ao aquecimento global ameaça espécies e contribui para aumento do nível do mar e tempestades mais intensas.A temperatura dos oceanos está aumentando em ritmo mais rápido do que anteriormente estimado, ameaçando uma grande quantidade de espécies marinhas e podendo resultar na elevação do nível do mar, revelou um estudo de cientistas americanos e chineses divulgado nesta quinta-feira (10/01). As conclusões, divulgadas na revista Science, contrariam pesquisas anteriores que apontavam uma estagnação do aquecimento global nos últimos anos.

A Grande Barreira de Corais na Austrália, um dos ecossistemas ameaçados pelo aquecimento dos oceanos
A Grande Barreira de Corais na Austrália, um dos ecossistemas ameaçados pelo aquecimento dos oceanos
Foto: DW / Deutsche Welle

Novas medições com o auxílio de quase 4 mil robôs flutuantes distribuídos pelos oceanos demonstraram um índice de aquecimento maior do que o calculado pelo último levantamento da ONU sobre o aquecimento global, em 2013.

Os robôs flutuantes ficam à deriva nos oceanos, mergulhando periodicamente a uma profundidade de 2 mil metros e registrando a temperatura, salinidade, pH (acidez) e outras informações antes de retornar à superfície.

Segundo os pesquisadores, os robôs forneceram "dados consistentes e amplos sobre o calor dos oceanos desde a metade dos anos 2000". Os novos dados demonstram que o aquecimento nos oceanos ocorre no mesmo ritmo do aumento da temperatura global do ar.

As conclusões se baseiam em quatro estudos, publicados entre 2014 e 2017, que fornecem estimativas mais precisas das tendências do calor oceânico, permitindo que cientistas atualizem pesquisas passadas e façam previsões para o futuro.

"O aquecimento dos oceanos é um indicador importante das mudanças climáticas, e temos provas robustas de que ocorre de modo mais rápido do que pensávamos", disse Zeke Hausfather, estudante de graduação do Grupo de Energia e Recursos da Universidade da Califórnia e coautor do estudo.

Em torno de 93% do excesso de calor - preso na atmosfera pelos gases causadores do efeito estufa provenientes de combustíveis fósseis - se acumula nos oceanos. De modo geral, as temperaturas a 2 mil metros de profundidade aumentaram cerca de 0,1º C entre 1971 e 2010.

A chamada expansão termal - a água se expande à medida que esquenta - deverá levar a num aumento do nível do mar de 30 centímetros, mais do que qualquer aumento resultante do derretimento das geleiras e das camadas de gelo da Terra.

"Com 2018 sendo o quarto ano mais quente já registrado na superfície, será, muito provavelmente, o ano mais quente registrado nos oceanos, assim como já foram 2017 e 2016", diz Hausfather.

Lijing Cheng, do Instituto de Física Atmosférica da Academia Chinesa de Ciências, principal autor do estudo, reforça que 2018 foi o ano mais quente já registrado nos oceanos e observa que os recordes de temperatura nos mares vêm sendo quebrados quase anualmente desde 2000.

"O aquecimento global existe e já tem grandes consequências. Não há nenhuma dúvida", enfatizaram em comunicado os autores do estudo, acrescentando que, se nada for feito para reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa, a temperatura nos primeiros 2 mil metros de profundidade nos oceanos aumentará 0,78 º C até o fim do século.

O aquecimento poderá levar a uma redução da quantidade de oxigênio presente nos oceanos e danificar recifes de corais. Além disso, mares mais quentes liberam mais umidade na atmosfera, o que pode contribuir para tempestades mais poderosas.

A elevação da temperatura dos oceano também resulta num aumento do nível do mar ao contribuir para o derretimento de geleiras, como as que circundam a Antártida e a Groenlândia.

RC/rtr/afp

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