Karol Conká sobre a importância da resistência para a comunidade LGBTQI+: 'Vitamina para persistir”
Cantora foi uma das atrações do Castro Festival na noite deste sábado, 21, em São Paulo
No Castro Festival 2025, Karol Conká, Linn da Quebrada e Boombeat debateram etarismo, resistência e orgulho LGBTQIAP+, destacando a importância da longevidade e da inclusão em uma noite repleta de música e reflexões no Vale do Anhangabaú, SP.
Karol Conká foi um dos destaques do Castro Festival 2025, que reuniu centenas de pessoas no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, neste sábado, 21, véspera da Parada do Orgulho LGBT+. Em entrevista exclusiva ao Terra, a cantora refletiu sobre a importância da resistência e do orgulho para os membros da comunidadeLGBTQIAPN+.
“A importância de abordar esse tema é que serve de vitamina pra gente persistir, não desistir, resistir", iniciou Karol.
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"A gente sabe muito bem que, sem o apoio das pessoas, sem o nosso apoio, a gente não consegue esse tipo de resistência. Então eu sou muito grata de ser considerada uma das ícones da comunicade. Quero agradecer a todos que me apoiam e dizer que é um orgulho enorme estar em uma noite tão especial como o festival", acrescentou.
Já a rapper Boombeat, uma das convidadas para dividir o palco com Karol, ddestacou como o etarismo é uma pauta urgente, principalmente quando se trata da expectativa de vida de pessoas trans no Brasil — que gira em torno dos 35 anos, segundo dados de organizações sociais:
“Eu acho que abordar a questão do etarismo dentro da abordagem LGBTQIAP+ — principalmente quando a gente fala de pessoas trans que têm expectativa de vida de 35 anos no Brasil — é essencial. Poucas chegam. Então, falar sobre esse tema após os 35 e celebrar a vida, a nossa resistência... Acho que o festival serve pra isso", afirmou.
Linn da Quebrada também falou sobre o simbolismo de envelhecer e como essa possibilidade, por muito tempo, foi negada a pessoas trans e LGBTQIAP+.
“Eu costumo dizer que envelhecer será a minha vingança. Abordar um tema como esse é muito importante para olhar para as nossas vidas em um momento não só de celebração, mas com a possibilidade de pensar o impossível", iniciou a artista.
"Pouco tempo atrás era impensável olhar nossos corpos e imaginá-los corpos velhos, corpos que pudessem celebrar a vida com mais idade. E hoje a gente pode olhar para alguns corpos e ver isso acontecer. Então, isso é um momento de celebração e de ver isso se presentificando e se materializando na nossa geração. É incrível", concluiu.
Depois da entrevista, as artistas subiram ao palco. Karol emocionou o público ao cantar 'Lista VIP' ao lado de Boombeat e Linn da Quebrada. A cena se tornou ainda mais forte quando a rapper dedicou a música à amiga e parceira de feats Boss in Drama, uma mulher trans que tirou a própria vida em janeiro deste ano.
“Essa noite é sobre não desistir. E quando a gente perde alguém, também é sobre lembrar por que seguimos”, disse Karol no palco.
Criado em 2017, o Castro Festival se firmou como um dos principais eventos culturais voltados à diversidade no Brasil. Além dos shows, o festival incluiu ações de impacto social, com entrada gratuita para pessoas trans em parceria com a Casa1, intervenções artísticas e debates. Nesta edição, o line-up contou com atrações como Ludmilla, Ney Matogrosso, Urias, Karol Conká (que convidou Linn da Quebrada e Boombeat para o palco), entre outros artistas.
Além dos shows, o evento promoveu exposições e rodas de conversa com foco em saúde mental, empregabilidade e políticas públicas para pessoas LGBTQIAP+.
Os ingressos variaram entre R$ 150 (Early Bird) e R$ 800 (Backstage). Parte das entradas incluía doação para o Instituto VidaNova. Pessoas trans tiveram acesso gratuito mediante inscrição prévia, reforçando o compromisso do festival com a inclusão e a acessibilidade.