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Festival Latinidades homenageia matriarcas: "a juventude vai continuar nossa luta"

Principal festival que aborda o Dia da Mulher Negra Latinoamericana e Caribenha acontece em Brasília de 22 a 24 de julho

22 jul 2022 - 19h48
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Imagem mostra mulheres negras que participaram da abertura do Festival Latinidades.
Imagem mostra mulheres negras que participaram da abertura do Festival Latinidades.
Foto: Imagem: Letícia de Maceno / Alma Preta

"A juventude vai continuar a nossa luta. Vocês, as mais novas, têm o compromisso de levar essa luta adiante". Com essa frase, Conceição Evaristo carimbou a mensagem passada por mulheres negras pioneiras na luta antirracista no país. As matriarcas do movimento negro compuseram a mesa de abertura do Festival Latinidades 2022, que completa seus 15 anos com atrações culturais e rodas de conversa. O evento iniciou nesta sexta-feira (22) e vai ocupar o centro de Brasilia até domingo (24).

Sueli Carneiro, agradeceu à nova geração por "aceitar o bastão" que as mulheres mais velhas estão oferecendo. Ela afirmou que a juventude constitui a continuidade da luta que ela e tantas outras trilharam.

"Eu considero a luta mais justa da humanidade, que é a luta por igualdade de direitos, de oportunidades, por justiça racial e social. Estamos aqui em luta e resistencia, por todas as que nos antecederam, por todas as que somos hoje e por todas as que virão", exclamou a filósofa, escritora, ativista e fundadora do Geledés - Instituto da Mulher Negra e considerada uma das principais autoras do feminismo negro no Brasil.

Outro nome ímpar para o movimento de mulheres negras é Cida Bento, doutora em psicologia, fundadora do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT) e uma das 50 mulheres mais influentes do mundo, de acordo com a revista britânica The Economist. Cida falou que a luta das mulheres negras é que vai fazer o país avançar.

"Nós estamos pagando com as nossas vidas, mas o que a gente está derrubando também não é pouca coisa. O que a gente quer construir [as mulheres negras] é um outro país a partir de uma outra perspectiva, mais humanizado e mais democrático"

Mãe Dora de Oyá, fundadora do Afoxé Ogum Pah, ressaltou que as matriarcas são de uma geração em que o medo do machismo, do racismo e do patriarcado, não era uma opção. Ela sugeriu que as mulheres mais jovens se espelhem nas mais velhas para continuar o legado de enfrentamento.

"Nossa geração é uma geração insurgente. Nós, com 70 anos, ainda vamos 'para o pau'. Para a gente, fugir nunca foi uma opção e o medo não faz parte do nosso vocabulário. Aprendam com essas mulheres", disse.

O Festival

Em 2022, o Festival Latinidades comemora 15 anos de existência na capital federal. Este é a primeira edição após dois anos de evento virtual devido as exigências da pandemia da Covid-19. Entre os dias 22 e 24 de julho, no Museu Nacional de Brasíla, o festival homenageia 50 mulheres negras com diferentes trajetórias. A programação conta com rodas de conversa, shows, gastronomia, literatura, exposições e espaço de tecnologia e jogos eletrônicos.

As atrações contarão com representantes de 10 países diferentes. Sob o tema "Mulheres Negras - Todas as alternativas passam por nós", o evento é desenvolvido pelo Instituto Afrolatinas.

Há 30 anos, se comemora no dia 25 de julho o Dia da Mulher Afro-Latinoamericana e Caribenha. O Latinidades, considerado o principal evento da América Latina para essa temática é responsável por popularizar a agenda no Brasil.

O palco vai contar com nomes como: MC Carol (RJ), Tássia Reis (SP), Dona Onete (PA) e Luedji Luna (BA). Confira a programação completa no site.

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Alma Preta
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