PUBLICIDADE

Angolano cria curso de inglês pioneiro para pessoas surdas no Brasil

Natural de Luanda, capital da Angola, Robson Leandro chegou ao país com o obejetivo de democratizar o ensino da língua inglesa, oferecendo acesso a quem mais precisa

17 ago 2022 - 13h21
(atualizado às 14h42)
Compartilhar
Exibir comentários
Imagem mostra o professor de inglês e empresário Robson Leandro.
Imagem mostra o professor de inglês e empresário Robson Leandro.
Foto: Arquivo Pessoal / Alma Preta

Quando o angolano Robson Leandro veio visitar o Brasil, em 2014, ele nem imaginava que o seu país de paixão seria o palco para transformação da sua vida. Com ideias no papel e um objetivo na cabeça, Robson tinha uma única missão: democratizar o ensino do inglês para quem mais precisa, seja para o aprendizado ou para maiores oportunidades de trabalho e estudo.

De família humilde de oito irmãos e natural de Luanda, capital da Angola, o empresário começou a carreira como professor de inglês autodidata na cidade natal. Mesmo sem diploma de faculdade e ensino médio completo, Robson viu a necessidade de expandir o seu interesse pelo idioma.

Quatro anos após a sua chegada definitiva ao Brasil, em 2016, e depois de passar por duas demissões, o professor de inglês decidiu, em 2020, apostar na "Unmaze", plataforma que facilita a conexão de professores de inglês autônomos a alunos.

"Unmaze vem de descomplicar. "Maze" vem de labirinto, uma coisa difícil de pôr em prática e o "Un" vêm de oposto de alguma coisa", explica o CEO da plataforma.

Para além de auxiliar profissionais independentes, o projeto passa por uma nova fase, com a inserção de professores de libras que dão aulas gratuitas para pessoas surdas de baixa renda. Os alunos também têm a opção de pagar o valor integral do curso ou com preços sociais.

O que começou como um projeto piloto com apenas um aluno surdo e uma intérprete de libras e professora em Letras-Inglês, hoje já auxilia mais de dez alunos com bolsa integral e três profissionais especializados no ensino para pessoas surdas. Ao todo, a plataforma conta com 38 professores e mais de 300 alunos.

"Eu queria [ensinar] sempre com isso na cabeça de que todo mundo tem que ter a oportunidade porque eu sei como o inglês muda a vida das pessoas, inclusive pessoas que têm maior dificuldade não só pela cor da pele, mas também por uma deficiência", reflete Robson.

Método de ensino

Para democratizar o ensino para pessoas com deficiência auditiva, Robson adaptou um método que já utilizava quando iniciou como professor: a associação de imagens com as palavras.

"Se eu falo África, você vai reproduzir a imagem, se eu te falar Cristo Redentor, vai aparecer a imagem na sua cabeça... e é assim que o nosso cérebro funciona. É o uso de imagens para aprendizado e eu comecei a chamar isso de 'This Way' ('Desse jeito', em tradução livre) porque era a forma como eu ensinava e também mostrava um caminho mais fácil de se aprender inglês", relata.

Por exemplo, se o objetivo da aula é reproduzir uma frase em inglês, como sofá, os alunos são direcionados a uma imagem do objeto e a palavra é repassada em formato de Libras para os alunos, o que, segundo Robson, é um método muito mais acessível para o aprendizado.

Para ele, o objetivo da plataforma agora é expandir o método para todas as escolas como forma de auxiliar mais pessoas surdas. Segundo o empresário, para os projetos futuros também estão previstos o ensino do idioma para pessoas cegas.

"A gente não quer ser pioneiro para carregar a bandeira de pioneiros, mas queremos que as escolas se conscientizem e abram isso para mais gente porque estamos dispostos a ajudar", ressalta.

"Eu tenho oito irmãos e na minha casa ninguém fez faculdade. Então, como eu penso educação e acessos? Eu acho que pessoas que lideram movimentos como eu estou tendo a oportunidade de liderar tem que pensar cada vez mais nas dificuldades de acesso que as pessoas têm para que a gente possa construir um futuro melhor. Para mim, a educação dita o futuro das pessoas", completa.

Para ter acesso à plataforma é preciso clicar no site da Unmaze e selecionar o tipo de plano específico para a demanda do aluno. As aulas são customizadas para cada aluno, que também pode escolher em aprender inglês voltado para determinadas áreas, como Tecnologia, Viagens, Esportes entre outros.

UX para Minas Pretas: iniciativa promove diversidade no mercado de tecnologia

Alma Preta
Compartilhar
Publicidade
Publicidade