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Batalha automotiva: BYD desafia gigantes e governo intervém

Descubra como a BYD mexe com o mercado automotivo brasileiro e como a decisão do governo sobre impostos de importação impacta nessa disputa

31 jul 2025 - 20h19
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Resumo
BYD pediu ajuda do governo sem medo de encarar VW, GM, Toyota e Stellantis no Brasil. As marcas não gostaram e pediram prevenção da isonomia. Governo respondeu, mas não escolheu um lado

O cenário automotivo global passa por uma transformação sísmica, com a ascensão de novos players e a redefinição das regras do jogo. O mundo passou a "aceitar" o carro elétrico depois que a China passou a ser a manda-chuva nesse quesito. E, hoje, ninguém tem coragem de "peitar" a maior economia do mundo.

No Brasil, essa revolução ganhou contornos ainda mais nítidos com a "chegada" avassaladora da BYD no mercado de automóveis em 2023 - e também de outras marcas, como GWM, GAC e Omoda & Jaecoo. A estreia dessa turma colocou em xeque o domínio histórico de montadoras tradicionais como Volkswagen, GM, Toyota e todas as marcas do Grupo Stellantis.

O embate virou uma bola de neve. A BYD pediu ajuda ao Governo - em resumo, isenção de impostos, como você verá a seguir - e as empresas tradicionais reagiram. Mandaram carta conjunta ao presidente Lula, em 15 de julho, alegando que o governo deveria preservar a isonomia concorrencial e "proteger a indústria".

Neste início de semana, a BYD respondeu e chamou os autores da carta, a quadra de marcas tradicionais, de "dinossauros" e "obsoletos". O governo brasileiro decidiu intervir, alterando as regras de importação e adicionando uma nova camada de complexidade a essa disputa.

Foto: Garagem 360

A ascensão da BYD

A BYD, gigante chinesa que começou sua jornada como fabricante de baterias, transformou-se em um dos maiores players globais no setor automotivo, especialmente no segmento de carros elétricos e híbridos.

Sua estratégia agressiva de preços, bom nível de tecnologia embarcada e um portfólio diversificado tem permitido a rápida expansão em mercados emergentes, incluindo o do Brasil.

Importante dizer que, atualmente, a empresa não só vende carros, mas investe em infraestrutura local e aposta na construção de fábricas, o que a posiciona como competidor de longo prazo e não importador.

A ira dos titãs: VW, GM, Toyota e Stellantis

Para as principais montadoras tradicionais - Volkswagen, General Motors, Toyota e Stellantis -, a chegada da BYD representa um desafio.

Acostumadas a um mercado mais previsível e com baixa concorrência no segmento de eletrificados, essas empresas agora se viram forçadas a acelerar seus planos de eletrificação e a rever suas estratégias de precificação e produção.

A resposta tem sido variada: algumas apostam em novos modelos híbridos e elétricos, outras em parcerias estratégicas (inclusive com outras empresas chinesas), e há aquelas que buscam fortalecer a produção local para competir em pé de igualdade.

Governo Federal não atendeu totalmente ao pleito da BYD e também não cedeu à pressão das fabricantes tradicionais
Governo Federal não atendeu totalmente ao pleito da BYD e também não cedeu à pressão das fabricantes tradicionais
Foto: CartaCapital

O governo entra em jogo

A decisão do Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex-Camex) saiu nesta semana: antecipar em um ano e meio do fim do cronograma de elevação da tarifa de importação para os carros elétricos e híbridos.

Com a decisão, carros que chegam importados em kits de peças e finalizados no Brasil, em um processo industrial conhecido como CKD (de Completely Knocked Down) ou SKD (de "semi", ou seja, inteiramente desmontados), passarão a ser tributados em 35% a partir de janeiro de 2027, e não em julho de 2028.

O Gecex-Camex ainda decidiu estabelecer cotas adicionais de importação com alíquota zero nos próximos seis meses para importados em peças e para os parcialmente montados.

Traduzindo: a decisão do governo federal atende parcialmente aos pedidos da BYD - que queria a redução do imposto de importação (II) por três anos - e das montadoras representadas pela Anfavea, que pediam a aplicação imediata dos 35% de imposto.

A medida também cria uma espécie de "período de transição". Essa janela permite que as marcas ajustem suas operações e cadeias de suprimentos, ao mesmo tempo em que sinaliza o compromisso do governo com a industrialização e a geração de empregos.

A expectativa é que isso force os novos entrantes a investir mais rapidamente na produção local, enquanto as montadoras já estabelecidas ganhem fôlego para se adaptar ao novo cenário.

O futuro da indústria

A disputa entre BYD e as fabricantes tradicionais, somada à intervenção governamental, desenha um futuro complexo e dinâmico para a indústria automotiva brasileira.

A competição promete beneficiar o cliente, com mais opções de veículos eletrificados e, possivelmente, com preços mais competitivos.

Para as empresas, o desafio será se adaptar rapidamente às novas realidades de mercado e às políticas governamentais, investindo em tecnologia, produção local e estratégias de vendas inovadoras.

Em resumo, a era da eletrificação chegou para ficar - e o Brasil se posiciona como um campo de batalha crucial nessa transformação global.

André Deliberato André Deliberato, jornalista e engenheiro, atua na área automotiva desde 2008, com passagens pela assessoria de imprensa da Volkswagen e pelas redações da revista Car and Driver, do portal UOL, e Webmotors. Já fez mais de 500 testes e cobriu pouco mais de 20 Salões do Automóveis ao redor do mundo.
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