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Quando bastava um clique: a magia dos adventures clássicos

No aniversário de Sam & Max, relembramos a era em que bastava um clique para viver uma grande história

29 out 2025 - 16h06
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Quando bastava um clique: a magia dos adventures clássicos
Quando bastava um clique: a magia dos adventures clássicos
Foto: Reprodução/LucasArts

Antes das decisões em tempo real, dos gráficos em 4K e dos mundos abertos que parecem não ter fim, existia uma outra forma de encantamento nos videogames. Bastava um clique — um simples movimento de mouse para abrir uma porta misteriosa, investigar um objeto estranho ou iniciar uma conversa cheia de ironia. Era um tipo de magia mais lenta, mais cerebral, mas também mais próxima da imaginação.

Essa era dourada dos adventures point and click (apontar e clicar) marcou gerações nos anos 80 e 90, quando a curiosidade e o raciocínio eram as principais armas do jogador. Não havia pressa, apenas o prazer de desvendar enigmas e se perder em diálogos afiados. Mais do que vencer, o objetivo era pensar — e se divertir com o humor peculiar que tornava cada descoberta uma pequena recompensa.

O aniversário de um ícone

Entre tantos nomes que marcaram essa era, poucos são tão queridos quanto Sam & Max — a dupla formada por um cão detetive e um coelho insano que completam, neste ano, mais de três décadas de história. Criados por Steve Purcell, os dois surgiram primeiro nos quadrinhos e ganharam fama mundial em 1993 com Sam & Max Hit the Road, da lendária LucasArts.

Com diálogos afiados, situações absurdas e quebra-cabeças que desafiavam a lógica tradicional (às vezes, até demais), o jogo se tornou um símbolo de uma época em que o humor e a criatividade importavam tanto quanto a técnica.

Sam & Max não salvavam o mundo — mas faziam o jogador rir, pensar e, acima de tudo, se divertir em uma jornada tão maluca quanto encantadora.

A era de ouro dos adventures

Os adventures surgiram nos primórdios dos PCs e rapidamente se tornaram sinônimo de narrativa interativa. Antes da LucasArts, nomes como Sierra On-Line já haviam pavimentado o caminho com títulos como King’s Quest, Police Quest e Space Quest. Eram jogos que misturavam lógica e imaginação, desafiando os jogadores a explorar, investigar e conversar — em vez de simplesmente atirar.

A LucasArts, porém, elevou tudo a outro nível. Monkey Island, Day of the Tentacle, Indiana Jones and the Fate of Atlantis e Full Throttle transformaram o gênero em arte. Cada jogo era um pequeno universo cheio de personalidade, com trilhas sonoras memoráveis e roteiros que poderiam facilmente rivalizar com os filmes de Hollywood.

Era uma época em que o texto era rei e o mouse, o cetro. Bastava um clique para abrir um baú misterioso, escolher uma resposta espirituosa ou provocar um vilão com uma piada.

Os adventures clássicos tinham algo que muitos jogos modernos perderam: a leveza do absurdo. Era comum enfrentar enigmas completamente insanos — como usar uma galinha de borracha com uma corda para atravessar um abismo (Monkey Island, claro) — e ainda assim sentir que tudo fazia sentido dentro daquele mundo.

Esses jogos misturavam lógica e nonsense de forma genial. Eles faziam o jogador rir de si mesmo, refletir sobre suas decisões e até aprender a pensar “fora da caixa”. Era um tipo de design que valorizava a curiosidade e a experimentação, premiando a tentativa e erro com humor em vez de punição.

O declínio — e o renascimento

Com o avanço da tecnologia e o surgimento dos jogos em 3D, o gênero perdeu força no fim dos anos 90. Os adventures pareciam coisa do passado, um tipo de experiência lenta demais para uma indústria que começava a valorizar reflexos rápidos e gráficos impressionantes.

Mas o clique nunca morreu. No início dos anos 2000, estúdios como Telltale Games — formada por ex-funcionários da própria LucasArts — trouxeram os adventures de volta com uma nova roupagem. Curiosamente, foi Sam & Max que abriu essa nova era, com Sam & Max Save the World (2006), reintroduzindo a dupla a uma geração que talvez nunca tivesse ouvido falar deles.

A fórmula clássica ganhou um toque moderno: decisões morais, narrativas ramificadas e um formato episódico, antecipando o modelo que a Telltale consagraria com The Walking Dead. Os adventures estavam de volta, provando que histórias bem contadas e personagens carismáticos ainda tinham espaço — mesmo em tempos de realismo extremo.

Um legado que continua clicando

Hoje, o espírito dos adventures vive em muitos lugares — dos jogos independentes como Thimbleweed Park, Oxenfree e The Excavation of Hob’s Barrow, até produções mais cinematográficas como Life is Strange e Disco Elysium. Todos compartilham algo dos clássicos: a ideia de que jogar é pensar, sentir e escolher.

Mesmo sem o verbo “usar” ou “pegar” nos menus, os jogos modernos herdaram o DNA dos point and click. O foco no diálogo, no mistério e nas consequências das ações são ecos diretos de uma época em que a tela piscava, o disquete girava — e o jogador sorria ao ouvir uma nova piada de Guybrush Threepwood.

Celebrar o aniversário de Sam & Max é celebrar um tempo em que a imaginação guiava a experiência. Em que cada clique era uma promessa de descoberta, e cada puzzle, uma oportunidade de se sentir parte de um mundo cheio de inteligência e humor.

Esses jogos provaram que não é preciso um arsenal de armas, um mapa gigantesco ou gráficos hiper-realistas para contar uma boa história. Às vezes, tudo o que você precisa é um mouse, uma boa ideia e personagens inesquecíveis.

Fonte: Game On
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