Presidente da Taito quase foi sequestrado pelos próprios funcionários
Caso ocorreu no Brasil, em meados dos anos 1980
Uma história bastante curiosa chamou nossa atenção nesta sexta-feira (7), envolvendo Abraham Kogan, presidente da extinta Taito do Brasil, filho do fundador da Taito do Japão, Michael Kogan, quando Abraham quase foi sequestrado por seus próprios funcionários há quase 40 anos.
A Taito ganhou notoriedade mundial nos games graças ao clássico Space Invaders. Após o falecimento de Michael Kogan em 1984 durante uma viagem de negócios, seu filho Abraham, que vivia no Brasil, tornou-se presidente da empresa.
Depois disso, conforme informado na conferência History of Games 2024 (via Time Extension), Abraham havia decidido deixar o país após quase ser sequestrado. Alguns ex-funcionários da Taito tentaram raptá-lo e iniciaram tentativas de extorsão. Houve uma investigação na época, realizada pela polícia, com a notícia tendo sido divulgada nos jornais.
Um dos artigos relacionados com o crime foi publicado em 21 de agosto de 1986, no jornal O Estado de São Paulo, com o título “Ia ser uma extorsão de Cz$ 7,5 milhões. Aí chegou a polícia”, escrito por Renato Lombardi. Na época, Cruzados (Cz$) era a moeda em uso no Brasil.
“A extorsão de Cz$ 7,5 milhões contra o industrial Abraham Kogan, dono da Taito do Brasil e de outras duas empresas de máquinas eletrônicas, levou à prisão do advogado Antônio Marcos Sartori e do húngaro Ferenc Barko na tarde de ontem. Os dois foram presos enquanto recebiam o dinheiro em uma sala do 3º andar do Citybank, na esquina das avenidas Ipiranga e São João”, disse o jornal.
A reportagem afirmou também que Ferenc Barko era auditor da Taito do Brasil e ameaçou Abraham com o vazamento de documentos revelando “fraudes cometidas pelo industrial”. Além disso, é informado que Barko já havia renunciado a pedido de Kogan, que suspeitava da forma como ele administrava as finanças da empresa.
“Abraham Kogan, 37 anos, que nasceu na China e está no Brasil há 10 anos, acabou decidindo que não pagaria nada. Ele já havia sido extorquido três vezes pelos mesmos motivos e agora iria acabar ‘de uma vez por todas com a chantagem’. Nas outras vezes, os montantes eram muito menores (não foi dito quanto) e ele suspeitou que [Barko] ‘estava por trás de tudo’.”
No fim das contas, Barko e Sartori foram presos pelo DEIC (Departamento Estadual de Investigações Criminais), depois de Abraham, com ajuda das autoridades, fingir aceitar a tentativa de extorsão, com os dois criminosos sendo presos no momento em que o dinheiro seria entregue a eles.
Mais detalhes sobre essa e outras histórias envolvendo a Taito do Brasil podem ser encontrados neste vídeo, onde é realizada uma entrevista com Pier Paolo Cartocci, que foi advogado da empresa por 10 anos.