King of Meat tenta conquistar pela audiência, mas não prende o jogador por muito tempo
Um espetáculo barulhento que diverte mais na tela alheia do que no controle
Em uma era em que muitos jogos parecem ser pensados para brilhar em transmissões ao vivo, com momentos caóticos e cenas que rendem clipes engraçados, King of Meat chega apostando justamente nesse apelo. A proposta mistura espetáculo, humor e desafios em formato de programa de TV, como se o jogador fosse o protagonista de um reality cheio de armadilhas.
O conceito chama a atenção pela originalidade e pelo exagero, mas a grande questão que fica é se essa experiência consegue ser tão divertida para quem joga quanto para quem apenas assiste.
Provas mortais pela audiência
No quesito trama, King of Meat é bastante direto. Nosso personagem criado participa de um programa de TV repleto de desafios que poderiam facilmente estar em esquetes do Silvio Santos ou do Faustão. A diferença é que, em vez de provas para divertir a plateia, aqui enfrentamos armadilhas mortais, espinhos e esqueletos determinados a nos impedir. É justamente esse perigo constante que atrai a audiência dentro do universo do jogo.
Se o pano de fundo remete a um show de sobrevivência, o humor é o tempero que dá identidade ao título. Ele surge nas falas afiadas dos narradores, nas referências à cultura pop — como o programa principal chamado MeatMania, clara alusão à WrestleMania da WWE — e nos bastidores, onde personagens caricatos e bem ilustrados roubam a cena. Esse equilíbrio entre tensão e piadas garante momentos que quebram a seriedade do desafio.
Mesmo quando o jogo quer ver o protagonista fracassar para aumentar os números do programa, o humor aparece de forma consistente, até nos intervalos comerciais exibidos durante o carregamento das fases. Fora das telas, os bastidores também têm peso na progressão, já que os habitantes do universo possuem um sistema de relação com o personagem.
Evoluí-lo desbloqueia itens como visuais, armas, triunfos e as chamadas manobras de glória, uma espécie de magia que também aposta no humor, como a habilidade de invocar uma pata gigante em meio aos confrontos. O problema é que essa mecânica acaba se resumindo a liberar opções de compra, desperdiçando o potencial de personagens carismáticos, como a Professora Bicuça, claramente inspirada nos médicos que combatiam pragas séculos atrás.
Quando a ação entra em cena, o jogo aposta em um hack and slash simples, com armas como bestas, escudos e espadas. O destaque vai para os confrontos contra caveiras nas masmorras, que aumentam o contador de combo e, junto com ele, a audiência. Quanto maior for o desempenho, melhor a recompensa, variando de troféus de bronze a ouro, o que incentiva tentar novamente em busca da melhor classificação.
As masmorras, que funcionam como os programas de TV, combinam combates e desafios de plataforma. Há fases cheias de armadilhas no chão, passagens estreitas vigiadas por martelos em movimento e confrontos contra hordas de inimigos. O problema é que, no modo solo, as missões se tornam repetitivas rapidamente. É por isso que o título deve depender bastante da comunidade, já que conta com um criador de masmorras amplo. Resta ver até onde a criatividade dos jogadores pode levar o jogo e se realmente será o suficiente para mantê-lo vivo por mais tempo.
Considerações
King of Meat acerta ao usar humor e exagero para criar um universo curioso, mas a execução não mantém o mesmo ritmo. A ideia de transformar o combate em espetáculo tem carisma, porém a jogabilidade simples e a repetição pesam conforme as horas avançam. O criador de masmorras pode ser o fôlego que sustenta a experiência, desde que a comunidade abrace o jogo e mantenha a variedade viva.
King of Meat chega em 07 de outubro para PC, PlayStation 5 e Xbox Series.
Esta análise foi feita no Xbox Series, com uma cópia do jogo gentilmente cedida pela Amazon Games.