Elden Ring é uma boa porta de entrada para os jogos Soulslike?
Novo game é colocado como o mais convidativo para quem nunca jogou o gênero; saiba como foi a experiência de um jogador recém-chegado
Fãs de videogame podem ser bem chatos, convenhamos, não é mesmo? E, dentro do nicho gamer, uma das falas que pode irritar a muitos é a de que os jogos da From Software (Dark Souls, Sekiro, Bloodborne) não são para qualquer um. Particularmente, não gosto de teorias que tendem a ser mais excludentes, mas, ainda assim, nunca havia testado nenhum jogo da desenvolvedora, meio que por achar que passaria raiva.
Então veio Elden Ring, um jogo de mundo aberto que acumulou notas excelentes e encantou toda a crítica. Além disso, este game também foi colocado por alguns dos fãs como o jogo mais convidativo para aqueles que nunca jogaram nada da From Software. Neste cenário, resolvi embarcar na jornada de estrear nos famosos souls like com Elden Ring. Dez dias depois, qual foi o saldo?
Soou pretensioso onde não deveria
Começando pelos pontos negativos para um estreante, eu preciso ressaltar que várias das impressões iniciais foram de uma pretensão desnecessária da From Software. Antes de me apedrejarem, entendam, digo que foram pretensiosos em coisas pequenas. Ok, ok, jogos da empresa são difíceis, mas precisa ser difícil até mesmo para encontrar uma forma de salvar o jogo e sair para o menu inicial?
A dificuldade de Elden Ring me estressou não na gameplay por se dizer, mas nas coisas pequenas como a dita acima. Além disso, coisas como o tutorial, não podem ser óbvias que é um tutorial, você tem que esbarrar e ter a sorte de descobrir que aquilo ali é o treinamento do jogo. Eu entendo completamente a opção de criar uma plataforma desafiadora para a comunidade, mas não acredito que essa dificuldade deva ser aplicada até em coisas tão básicas, que, no frigir dos ovos, não afetam em nada a real complexidade do que interessa.
Progressão muito boa
Falar que zerou um soulslike ou que você é fã de jogos da From se tornou um emblema para um grupo seleto que quer se sentir superior - não todos, é claro. Digo isso porque, pelo menos em Elden Ring, a progressão é muito natural, mesmo para um "virgem" como eu. Aconteceram momentos em que logo nos primeiros vinte minutos me deparei com um dragão me esmagando de surpresa? Sim. Porém, logo coloquei um pin no mapa indicando onde ele estava e pude explorar livremente e encarar uma boa progressão de inimigos.
Particularmente, eu sofri nas horas iniciais, mas por um estilo próprio de jogo. Eu sou teimoso e, quando morro para algum inimigo em outros jogos, eu insisto naquela batalha/missão até que eu vença. Para conseguir progredir em Elden Ring, tive que virar esta chave interna. Entretanto, assim que eu aceitei este fato, a progressão foi muito natural e gostosa.
Um jogo recompensador
Para não parecer que sou do contra com os fãs de soulslike, jogando Elden Ring eu preciso confessar que o principal argumento deles para defender a dificuldade, é, de fato, verdadeiro. A recompensa pessoal ao derrotar um chefe após muito sofrimento é algo extremamente gostoso. Aliás, os bosses de Elden Ring são tão difíceis quanto falam. Talvez por arrogância minha, mas sem jogar nenhum game souls, sempre achei que existia um certo exagero, mas não. Algo curioso da minha jornada foi que, o primeiro chefe que derrotei foi Margit. Porém, morri ao dar o último golpe. Acho que nada descreve melhor minha experiência do que o primeiro boss que venci, também ter me vencido.
Outro detalhe que pode ser específico de Elden Ring, mas a dificuldade é recompensada por um visual esplêndido em cada um dos grandes chefes. Além disso, o crescendo para estes momentos é realmente muito empolgante. Isso porque o game conta com poucas ou quase nenhuma cutscene, a não ser quando partimos para enfrentar chefes. Então o jogo sabe construir muito bem o tamanho daquele momento, bem como a dificuldade. Novamente, palmas para a progressão.
Não é você, Elden Ring, sou eu!
Particularmente, estou com um pouco mais de vinte horas jogadas em Elden Ring e como fui punido nessas horas. O lance de ficar tempos e tempos matando alguns inimigos, para depois em um vacilo morrer duas vezes seguidas e "perder" aquele progresso, isso machuca. Assim, confesso que após a produção desta matéria, continuarei jogando e tentando finalizar Elden Ring, mas, pelo menos para mim, este não é um jogo que eu deva jogar sozinho.
Videogame é parte do meu trabalho, mas também funciona como lazer. De vez em quando a gente precisa respirar e jogar algo mais fácil e menos punitivo. Aliás, acredito que, no meu caso, isso valha não só para jogos da From, mas também para games como Hollow Knight e Cuphead, por exemplo. Para Elden Ring e outros jogos, a minha relação é como a de algumas outras da vida: gosto demais, mas, as vezes, preciso de espaço. Não é você, Elden Ring, sou eu!
Elden Ring é experiência única
Com altos e baixos, Elden Ring com toda certeza é uma experiência única e recomendo que qualquer fã de videogame experimente. Não acredito que todos irão gostar, mas este jogo é mais convidativo do que muitos querem fazer parecer. Além disso, Elden Ring é uma aula de mundo aberto e de level design. Tudo neste game parece ter sido desenhado de forma individual e não procedural. É realmente um colírio para os olhos.
Com certeza este jogo foi um belo cartão de entrada para o mundo dos soulslike. Eu não irei parar de jogar Elden Ring tão cedo.
Elden Ring está disponível para PC, PS4, PS5, Xbox One e Xbox Series X/S.
