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Análise: Dark Alliance é bom jogo de ação, mas cheio de problemas

Jogo de pancadaria traz heróis de D&D em aventura cooperativa, mas bugs e defeitos atrapalham a diversão

30 jun 2021 - 11h22
(atualizado às 11h23)
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Dark Alliance
Dark Alliance
Foto: Wizards of the Coast / Divulgação

Dark Alliance é o primeiro jogo de Dungeons & Dragons desenvolvido diretamente sob a supervisão da Wizards of the Coast, marca proprietária do maior RPG de mesa do mundo. As expectativas dos fãs do jogo de tabuleiro eram grandes, pois o game traz personagens amados pela comunidade e prometia uma aventura cooperativa cheia de ação e magia. Os dados não colaboraram com os planos da WotC e da produtora Tuque Games, infelizmente.

O jogo acompanha o grupo de aventureiros liderado pelo elfo drow Drizzt Do'urdem, provavelmente o mais adorado personagem de Dungeons & Dragons, o "Legolas" do jogo de mesa. Drizzt e seus amigos são os protagonistas de muitos romances best sellers escritos por R.A. Salvatore. Dark Alliance acontece logo depois do primeiro destes livros, "A Estilha de Cristal", publicado por aqui pela Jambô Editora.

Aventura nos Reinos Esquecidos

O cenário do jogo é Icewind Dale, uma tundra gelada no meio de Faerum, o mundo de Forgotten Realms, e que já apareceu em outros games no passado, mas nunca foi tão bonito e majestoso quanto em Dark Alliance, com suas passagens montanhosas, enormes salões construídos por anões e infestados por goblins, trolls, e, principalmente, covil de grandes dragões brancos. As cenas em CG antes de cada ato aquecem o coração de qualquer jogador de Dungeons & Dragons.

Os monstros também são muito bem feitos e o jogo se vale do variado bestiário de D&D para oferecer um conjunto generoso de inimigos para abater: além dos dragões e das hordas de goblins, espere encontrar gigantes, trolls, wraiths e até mesmo os temidos beholders, criaturas flutuantes com um grande olho central e poderes cabulosos.

Dark Alliance
Dark Alliance
Foto: Wizards of the Coast / Divulgação

Cada criatura tem seus padrões de comportamento e poderes únicos, como o enorme verbeeg, que puxa o personagem do jogador para junto dele com uma corrente, os trolls se regeneram e os cultistas se teleportam e lançam raios arcanos. Essas criaturas nunca andam sozinhas e lutar contra elas é um desafio que vai além de esmagar botões, principalmente nos níveis de dificuldade mais elevados, que rendem as melhores recompensas. É preciso trabalhar em grupo, escolher os alvos na ordem correta (mate o mago primeiro, sempre, vai por mim).

Para enfrentar os perigos de Icewind Dale, os jogadores podem formar grupos de até quatro heróis, escolhendo entre Drittz, um assassino furtivo e veloz, o rei anão Bruenor, capaz de arrancar grandes nacos de vida dos inimigos com seu machado, o bárbaro Wulfgar, que luta com um martelo gigante e a ágil arqueira Catti-brie, única personagem capaz de lutar à distância de forma eficaz.

Cada um deles tem também uma série de poderes especiais, que são liberados conforme o personagem ganha experiência e progride no game. O grande destaque são as habilidades "ultimate" dos heróis, que fazem toda a diferença na hora do aperto. Fãs dos livros de Salvatore vão abrir um sorriso ao ver Drittz invocar sua pantera espiritual Guenhwyvar para destroçar bandos de oponentes.

Foco no combate cooperativo

Dark Alliance é um jogo melhor quando jogado de forma cooperativa
Dark Alliance é um jogo melhor quando jogado de forma cooperativa
Foto: Wizards of the Coast / Divulgação

O combate, especialmente em grupo, é o ponto alto de Dark Alliance e dá para notar que foi nesse aspecto que os produtores se concentraram. As lutas são empolgantes, com combos, esquivas, bloqueios e situações inesperadas, como quando o jogador vai para cima de um bando de goblins aparentemente frágil, e um troll irrompe de trás de uma parede, complicando a cena rapidamente.

Ao final de cada batalha, o grupo tem a opção de fazer um descanso rápido, recuperar suas poções de cura e recarregar poderes - Dark Alliance lembra bastante os sistemas da quarta edição de D&D, o que faz sentido, já que as regras daquela edição lembravam muito um videogame. É possível optar por não descansar e assim, aumentar a qualidade dos itens que podem ser encontrados nos baús ou deixados pelos inimigos. É uma escolha simples no começo, mas que vai se tornando mais arriscada nas missões mais avançadas.

Cada missão é jogada a partir de um lobby central, para onde os heróis retornam ao final delas. Uma pena que Dark Alliance não seja um mundo aberto ou mais conectado, como talvez os fãs do RPG original esperavam. As missões duram entre 30 minutos e uma hora cada, então é bom separar um tempinho para jogar e avançar na campanha.

Lutar contra os monstros é o centro da experiência em Dark Alliance
Lutar contra os monstros é o centro da experiência em Dark Alliance
Foto: Wizards of the Coast / Divulgação

Assim como o jogo de mesa em que se inspira, Dark Alliance foi planejado para se jogar em grupo. Até mesmo partidas junto a jogadores aleatórios encontrados com uma busca rápida são mais divertidas do que encarar as missões sozinho. Junto com um grupo de amigos, se comunicando constantemente, a diversão é garantida.

Bugs para todos os lados

Há algumas coisas irritantes no jogo e depois de algumas horas, é difícil não se incomodar com elas: ao lutar perto de um penhasco ou em uma ponte estreita, parece haver uma barreira invisível que impede os inimigos de cairem da beirada, mesmo que fiquem um pouco no ar nesses momentos. Porém, como o personagem do jogador sempre avança quando está golpeando, ele acaba caindo! A queda não mata, o personagem volta para o começo daquela área, perto da luta, mas isso é bem irritante. Derrubar monstros de penhascos seria muito mais divertido e deveria ser uma estratégia válida.

A forma como os ataques são sinalizados, principalmente em batalhas maiores, nas fases avançadas do jogo, não é das melhores, assim como a trava de mira. O combate em Dark Alliance lembra em alguns momentos as excelentes batalhas de Shadow of Mordor, mas definitivamente não chega aos pés daquele jogo na hora de sinalizar os inimigos nem na fluidez do combate. E a câmera muitas vezes errática não colabora nessas batalhas mais complicadas, dificultando a vida do jogador sem necessidade.

O maior problema aqui, porém, são os bugs, que atrapalham toda a experiência. Portais param de funcionar sem explicação, personagens são arremessados no ar muito além do que deveriam ou ficam presos em pontos impossíveis de sair e o jogador se vê obrigado a voltar toda a missão, pois não tem como retornar ao último ponto de checagem por conta própria.

Outros bugs aleatórios impedem que o jogador encontre partidas online, fazem com que seja desconectado do grupo ao final de uma missão, sejam afetados permanentemente por algum status negativo, como Silêncio, que impede o personagem d eusar seus poderes mágicos. Esses são alguns exemplos de problemas que acontecem com uma frequência maior do que deveria com os jogadores nessas primeiras semanas de Dark Alliance.

Conclusão

Dark Alliance - Nota 7
Dark Alliance - Nota 7
Foto: WotC/Game On / Divulgação

A Tuque Games precisa corrigir logo essas falhas, pois elas acabam tirando o foco de uma experiência que pode não ser o grande RPG de mundo aberto que muitos fãs esperavam, mas que é um jogo de ação pancadaria cooperativa bastante divertido, quando funciona.

Quando não é atacado por bugs, Dark Alliance é um jogo muito divertido, com um apelo especial para os fãs de D&D - e com a popularidade do RPG de mesa mais alta do que nunca, isso significa bastante gente. O game está disponível para PC, PS4, PS5, Xbox One e Xbox Series X/S e faz parte do catálogo do Game Pass nos consoles da Microsoft.

Fonte: Game On
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