42 Anos do Famicom: O console que mudou os games em 1983
Do Japão para o mundo: a origem do NES e o renascimento dos videogames
Em 15 de julho de 1983, o Japão assistia ao nascimento de um console que mudaria o rumo da história dos videogames: o Family Computer, ou simplesmente Famicom.
O aparelho de aparência modesta, criado pela Nintendo, não só dominou o mercado japonês como também ressuscitou uma indústria que cambaleava no Ocidente. Mais do que um console, o Famicom foi o ponto de partida para algumas das maiores franquias da cultura pop, e um marco que pavimentou o caminho até o moderno Switch 2, lançado recentemente.
Confira aqui com Game On mais detalhes e curiosidades de como esse revolucionário console surgiu.
De cartas de baralho aos videogames
primeiro comercial do Famicom
A Nintendo, antes conhecida por produzir cartas tradicionais japonesas no final do século 19, percorreu um longo caminho até o mundo dos videogames. Após algumas incursões em setores diversos, a empresa iniciou sua trajetória nos jogos eletrônicos em 1977 com o Color TV-Game. O sucesso modesto do aparelho acendeu uma luz: havia futuro nesse mercado.
Comandada por Hiroshi Yamauchi, a companhia decidiu investir mais pesado. O engenheiro Masayuki Uemura foi incumbido de criar um novo console, que deveria ser acessível e capaz de rodar versões caseiras dos populares jogos de arcade da época, como Donkey Kong e Galaxian.
Inspirado pelo desempenho técnico do ColecoVision, um console americano que impressionava pelos gráficos, Uemura traçou um objetivo ambicioso: superar o que havia de melhor no mercado e ainda manter o custo baixo. A ideia era transformar o videogame em um item presente em todos os lares — um verdadeiro "computador da família".
O nascimento do Famicom
Do projeto batizado inicialmente de "GameCom" surgiu o nome que faria história: Famicom, abreviação de Family Computer. Lançado em 1983, o console de 8 bits rapidamente conquistou o público japonês, tornando-se o mais vendido do país já no ano seguinte.
Mas o plano da Nintendo era maior. O próximo passo seria conquistar o Ocidentem, uma tarefa complicada, já que o mercado americano ainda se recuperava da crise dos videogames de 1983, quando a saturação e a baixa qualidade de jogos derrubaram gigantes como a Atari.
Para entrar nos lares americanos, a Nintendo tentou primeiro com o Nintendo Advanced Video System (AVS), uma versão do Famicom cheia de periféricos e com uma estética futurista. Mas o momento não era o ideal. O mercado estava desconfiado, e o AVS foi rejeitado por varejistas e jornalistas. Parecia que a ideia de um novo console de videogame era um fracasso anunciado.
Em vez de desistir, a Nintendo recuou, repensou tudo, e voltou com força. Abandonou o design pretensioso, removeu periféricos complicados e apostou em uma apresentação simples, quase discreta. Nascia, assim, o Nintendo Entertainment System, o NES.
A empresa também foi estratégica na forma de comunicar o produto: evitou os termos "videogame" e "cartucho", substituindo-os por "entertainment system" e "Game Pak". O console foi vendido como algo diferente, quase como um eletrodoméstico inovador — e funcionou.
Lançado oficialmente nos Estados Unidos em outubro de 1985, o NES levou algum tempo para engatar, mas quando conquistou o público, virou uma febre. Com ele, vieram títulos inesquecíveis como Super Mario Bros., The Legend of Zelda, Metroid e tantos outros que definiriam o padrão dos jogos eletrônicos pelas décadas seguintes.
No total, o console vendeu mais de 60 milhões de unidades no mundo todo, sendo 33 milhões só nos Estados Unidos. Ele foi o responsável direto por revitalizar o setor, reconquistar a confiança dos consumidores e transformar os games em uma força dominante da cultura pop global.
O legado que ainda vive
Quarenta e dois anos depois, o impacto do Famicom/NES ainda é sentido. Não apenas pela nostalgia, mas porque ele estabeleceu as bases do que conhecemos hoje como videogame moderno.
A Nintendo seguiu evoluindo, criando plataformas como o Super Nintendo, o Wii, o Switch — e agora o Switch 2, lançado recentemente, que carrega em seu DNA o mesmo espírito inovador de 1983.
A história do Famicom é, acima de tudo, uma história de reinvenção, coragem e visão de futuro. Um console que não apenas sobreviveu a um mercado em crise, mas que foi o responsável por reacender a paixão global pelos jogos.